Petistas denunciam escândalo das offshores e pedem o afastamento imediato do ministro Paulo Guedes e Campos Neto

Foto: Gabriel Paiva/Arquivo

O escândalo das offshores envolvendo o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi o principal tema dos discursos parlamentares do PT na sessão desta segunda-feira (4). Guedes e Campos Neto foram denunciados por terem empresas em paraísos fiscais e as manterem depois de ingressar no governo, no início de 2019.

O líder do PT na Câmara, Elvino Bohn Gass (RS), com endosso de outros representantes da oposição, deverá encabeçar uma queixa-crime na PGR (Procuradoria-Geral da República). Ele vê indícios graves na atuação dos dois membros da equipe econômica. “Com base nas normas do serviço público e na Lei de Conflito de Interesses, o caso sugere que pode ter havido autofavorecimento”, declara Bohn Gass, para quem Guedes e Campos Neto devem ser “alvo de uma profunda e rigorosa investigação”.

“Estamos falando de dois dos mais importantes responsáveis pela condução da política econômica do país neste momento. Em nome da lisura e da transparência, o povo brasileiro tem o direito a essas informações”, completou o líder do PT.

Sobre o caso, o deputado Henrique Fontana (RS) disse: “Eu, como a ampla maioria dos brasileiros, estou estarrecido com as notícias de que Paulo Guedes e o presidente do Banco Central têm investimentos em offshore no exterior”, afirmou, ao defender que os dois sejam afastados imediatamente de suas funções.

Fontana frisou que o investimento em offshore é legal se estiver declarado na declaração de renda. “Mas eu quero explicar ao povo brasileiro — porque parte dele não sabe dos detalhes da ciranda financeira especulativa — que essas offshores surgem para lavar dinheiro em muitos casos, para deixar de pagar impostos, os quais qualquer um de nós que investe no Brasil paga, e, o que é pior, levam dinheiro para o exterior, esterilizam nesses mercados financeiros. Portanto, não são investimentos produtivos para ajudar o desenvolvimento do nosso País. Offshore nem deveria existir num mundo melhor, de uma política econômica mais adequada”, afirmou.

Mas para Henrique Fontana, o pior de tudo é saber que há explosão do valor do dólar no Brasil, que durante gestão de Paulo Guedes e Bolsonaro aumentou violentamente e é uma das causas principais da inflação enorme que o país tem hoje no preço de combustíveis e alimentos. “Ela serviu para que Paulo Guedes pudesse lucrar, pasmem, R$ 14 mil por dia desde que ele é ministro da Economia deste País, ou seja, a política econômica que ele conduz ajuda aqueles que têm investimentos não patrióticos lá fora, investimentos que querem fugir do pagamento de impostos dentro do Brasil, que esterilizam recursos gerados pelos brasileiros e que não voltam em atividade produtiva para gerar empregos dentro do Brasil. Isto é imoral, isto é inaceitável”, protestou.

Fontana informou que está entre os signatários de uma representação ao Ministério Público e também de uma convocação do ministro da Economia às comissões permanentes da Câmara para prestar esclarecimentos. “Queremos que o Ministério Público investigue em detalhes de onde vem esse dinheiro que Paulo Guedes colocou no exterior. São quase R$ 51 milhões — US$ 9 milhões — e é imoral e inaceitável que alguém que tem a responsabilidade de dirigir a economia de um país invista contra este país, no caso, retirando dinheiro do Brasil. Ele poderia, se é uma pessoa rica e tem este dinheiro para investir, investir em fundos de investimento que estão trabalhando, dentro do Brasil, em atividades produtivas para gerar emprego para o povo brasileiro”, sugeriu Fontana, ao acrescentar que o governo Bolsonaro é uma vergonha sem fim. “É governo de corrupção, de desemprego, de alta de preços. Fora, Bolsonaro e fora, Paulo Guedes”, pediu.

Desmoralização do País

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que o Brasil não pode admitir que o Banco Central tenha um presidente que cuida da política monetária do País com contas em paraíso fiscal. “É uma desmoralização para este País. No País que nós sonhamos não podemos admitir que o ministro da Economia Paulo Guedes tenha conta em paraíso fiscal”, afirmou. Ele observou que, talvez, foi por isso que o ministro Paulo Guedes tenha exercido o seu cargo com tanta incompetência. “Ele chegou a dizer que não faria mal o dólar chegar a R$ 5.  Mas não é ele que, no final do mês, não tem dinheiro para cuidar dos seus familiares. Não é ele que, no final do mês, ganha um salário mínimo e não consegue comprar nem sequer uma alimentação adequada para os seus filhos”, criticou.

Na avaliação do deputado do PT mineiro, Paulo Guedes perdeu todas as condições de continuar ministro do País. “Ele e o seu chefe já deveriam ter sido ‘impeachmados’. Eu tenho certeza de que, se V.Exa. estivesse no exercício permanente da Presidência desta Casa, já teria aberto o processo de impeachment desse desgoverno genocida, incompetente e corrupto de Jair Messias Bolsonaro”, disse, ao se referir à deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que presidiu a sessão de discursos hoje.

Reginaldo Lopes defendeu as mobilizações para exigir o fim do governo Bolsonaro. “Nós precisamos continuar mobilizando as ruas, as redes e exigir o fim deste governo. Nós precisamos imediatamente exigir do procurador-geral da República, Augusto Aras, que peça imediatamente o afastamento do presidente do Banco Central e também do ministro da Economia”.

Convocação

Para o deputado, enquanto Bancada do Partido dos Trabalhadores, é necessário pedir a imediata convocação, no plenário, do ministro Paulo Guedes e também do presidente do Banco Central. “Não podemos aceitar que as autoridades da política econômica, fiscal e monetária do nosso País utilizem dos instrumentos da política, que deveriam levar alimento de qualidade para a mesa do povo, que deveriam ser utilizados para gerar oportunidade, emprego e renda, política de valorização e ganho real do salário mínimo continuem exercendo seus cargos para benefício próprio”, reforçou.

Desmascarar o governo

O deputado Zé Neto (PT-BA) diz acreditar que o País vive um momento decisivo e finalístico para, de forma definitiva, desmascarar este governo. “A denúncia gravíssima com relação a Paulo Guedes mostra qual era o objetivo real desse governo entreguista, em meio a um mundo que se prepara para o pós-pandemia, um mundo no qual quem tem sua energia não a vende, quem tem sua logística não a vende, e quem não tinha, e agora tem, capacidade de fazer fomentos, está criando seus bancos públicos, como acontece agora na Europa, especialmente no Reino Unido. E nós vemos o nosso Brasil entregue a uma turma de aventureiros”, criticou.

Na verdade, segundo o deputado do PT baiano, “Paulo Guedes nunca nos enganou”. “Enganou alguns, inclusive do próprio setor nacionalista, que estão na mesma onda dos interesses internacionais, que é a onda de fazer do Brasil uma fazendinha, tirando daqui alimentos, a produção de que eles precisam, fazendo com que este País se contentasse, como o próprio presidente da República disse no começo do governo na Argentina, em ser um Brasil de commodities. E agora nós vemos claramente que está tudo se juntando: estão vendendo os Correios, que é a nossa logística, estão vendendo a Caixa Econômica Federal, e agora já falam em vender o Banco do Brasil também, que é o nosso fomento. Estão vendendo a nossa energia, que é a Petrobras e a Eletrobras, e vendem o tripé do desenvolvimento do País”, denunciou.

Legislação tributária

O deputado José Ricardo (PT-AM) também falou do escândalo das offshores. “Nós vimos, no final de semana, os noticiários anunciando as investigações feitas pela Pandora Papers, em que mostram o ministro da Economia e o presidente do Banco Central em negócios offshores milionários em paraísos fiscais. Ou seja, os dois têm negócios não no Brasil, não investimentos para gerar emprego no Brasil, mas têm negócios fora, em locais em que se buscam para burlar a legislação tributária, ou seja, para não pagar impostos”, enfatizou.

Em tom de ironia e desabafo, José Ricardo disse que “esse é o ministro patriota que nós temos no Brasil, que ataca a Zona Franca de Manaus, que ataca os incentivos fiscais, que favorece a geração de emprego no exterior ao abaixar a alíquota do Imposto sobre Importação geral, portanto, afetando a indústria no Brasil”.  Para o deputado, o ministro deveria estar era pensando em gerar emprego no Brasil e ter política de desenvolvimento e não trabalhando e pensando em seus negócios particulares lá fora do País.

José Ricardo disse que também está encaminhando solicitações para convocar o Paulo Guedes para dar esclarecimento sobre isso. “Afinal de contas, ele é o ministro da Economia do Brasil ou é de onde? Afinal de contas, ele vai se preocupar em aumentar o patrimônio dele, ganhar mais dinheiro ou dar condições para as pessoas ao menos se alimentarem, ter condições para comprar comida?”, indagou.

Manifestações

O deputado João Daniel (PT-SE) destacou as manifestações dos movimentos populares, sindicais e dos partidos que têm compromisso com a democracia, que foram às ruas no último sábado (2) no Brasil inteiro pela democracia, pelo processo de impeachment e afastamento de Bolsonaro, contra a PEC 32 e por um país que respeite a vida. Ele também considerou um escândalo o ministro da Economia e o presidente do Banco Central colocarem dinheiro em paraíso fiscal. “Este é o governo Bolsonaro. Ele nunca nos enganou. Por isso o Brasil está desgovernado. Precisamos, mais do que nunca, que o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Poder Judiciário façam as investigações necessárias contra este governo corrupto”, defendeu.

João Daniel acrescentou ainda que é preciso que o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PT-AL), tenha o mínimo de compromisso com a soberania nacional e com o Brasil e abra o processo de impeachment de Bolsonaro. “E espero que façam a investigação imediata dos recursos dos paraísos fiscais das duas maiores autoridades do Brasil na área econômica: Paulo Guedes e Campos Neto”.

A deputa Benedita da Silva também citou as manifestações do último sábado. “Tivemos mais de 700 mil pessoas mobilizadas pelo Brasil afora, mobilizadas em atos, porque sabemos que o número daqueles que protestam contra Bolsonaro é bem maior. Tivemos 304 cidades que foram para as ruas para dizer “Fora, Bolsonaro! Queremos o impeachment!”. Tivemos 18 países que também se somaram a esta voz. Estavam ali todos e todas na luta pela vida, na luta do combate à carestia, à fome, ao desemprego e principalmente trabalhar pela democracia”.

Benedita encerrou afirmando que não tem mais como ter Bolsonaro na Presidência da República. “Assim como não há condições de termos Paulo Guedes no Ministério. Instalou-se no Palácio Central um conluio contra o povo brasileiro. As medidas que são tomadas são insuportáveis!”, protestou.

Veja mais manifestações de parlamentares pelo twitter:

Paulo Teixeira (PT-SP) – “Agora entendi o porquê de tanto apego ao cargo por parte do Paulo Guedes”.

Alexandre Padilha (PT-SP) – “Guedes cai do Ministério da Fazenda antes da Bolsa de Valores abrir? É ilegal ser Ministro e manter empresa ativa. Não apenas imoral. Tem que ser muito besta ser do mercado financeiro e continuar apoiando a raposa tomando conta do galinheiro”.

Rosa Neide (PT-MT) – “Pessoas comendo restos de ossos e o ministro da Economia, Paulo Guedes, lucrando quase meio milhão de reais por mês com sua offshore em um paraíso fiscal, turbinando seus lucros particulares através das políticas econômicas aplicadas por ele. Investigação já”.

Rogério Correia (PT-MG) – “A fome se espalha na América Latina e políticos de direita se enriquecem com contas secretas em paraísos fiscais. No Brasil, Paulo Guedes opera a economia e se favorece de seus atos. E a grande mídia escondendo mais este escândalo do ministro de Bolsonaro”.

Zeca Dirceu (PT-PR) – “Brasileiros com empresas em paraísos fiscais no Pandora Papers devem à União R$ 16 bilhões em impostos. Paulo Guedes é uma das figuras públicas que tiveram suas contas reveladas pela imprensa no fim de semana. Vamos à PGR pedir inquérito sobre o caso”.

Nilto Tatto (PT-SP) – “A manutenção de Paulo Guedes no cargo de ministro, mesmo após a exposição de parte de suas fraudes no escândalo dos Pandora Papers, só mostra como nossas elites são dóceis quando um dos seus comete crimes, ou se envolve em corrupção”.

Rubens Otoni (PT-GO) – “Preços dos combustíveis atrelados ao dólar interessa a quem? Dólar nas alturas interessa a quem? Respondam aí, Guedes e Campos Neto”.

Helder Salomão (PT-ES) – “Com a subida do dólar, o ministro Paulo Guedes teve um rendimento de R$ 15 mil por dia, nas suas aplicações financeiras, em paraísos fiscais. Agora tá explicado porque ele disse que ‘dólar alto é bom’”.

José Guimarães (PT-CE) – “Lembro da primeira vez que Paulo Guedes veio até a Câmara dos Deputados dizendo que com ele e Bolsonaro a economia iria decolar como um boeing. Três anos depois, não vimos um boeing, mas um voo de galinha”.

Paulo Guedes (PT-MG) – “Segundou como? Com o Brasil cada vez mais pobre e o ministro Paulo Guedes cada vez mais rico. Abre o olho, Brasil”.

Afonso Florence (PT-BA) – “O ministro Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central estão entre os poderosos que possuem conta em offshore, paraíso fiscal. Isso significa que escondem esse dinheiro e não pagam impostos. Isso é ilegal. Têm que ser demitidos, e investigados”.

Padre João (PT-MG)– “O posto Ipiranga, Paulo Guedes,  tem contas em paraísos fiscais. Traduzindo: não paga imposto, sem transparência e pode lavar dinheiro. Lá não pagam impostos e aqui cobram 15% de juros no cartão de crédito, cheque especial, e se você não pagar o empréstimo, eles tomam seus bens”.

Merlong Solano (PT-PI) – “Raposas cuidando do galinheiro. Guedes tem conta em paraíso fiscal (normalmente usado por muito ricos p sonegar impostos). Assim ele e Campos ganham com a desvalorização do real. A mesma desvalorização que faz a gasolina chegar a 7 reais e o gás a 120”.

Paulo Pimenta (PT-RS) – “Imagine um Ministro da Economia que leve um país a bancarrota, com alta no gás, na comida, na gasolina, desemprego nas alturas e a população passando fome para valorizar o dólar e lucrar milhões sem fazer nada. Pois é, este Ministro é o Paulo Guedes e o país é o Brasil”.

Carlos Veras (PT-PE) – “O povo brasileiro atrás de osso e sem feijão, enquanto o  ministro de Bolsonaro lucra por mês quase meio milhão. É o ou não é sem noção?”.

Odair Cunha (PT-MG) – “Sabe por que a economia vai de mal a pior, com o real desvalorizado e o povo na miséria lutando por osso de boi? Pro Paulo Guedes lucrar milhões em seu paraíso fiscal. O ‘governo patriota’ de Bolsonaro está sangrando o povo para encher os próprios bolsos”.

Jorge Solla (PT-BA) – “O silêncio da imprensa surpreende ninguém. Tirando a Revista Piauí, quem deu a matéria destacou não ser crime ter offshore, e escondendo que, é crime sim, se você for agente público e lucrar com sua offshore devido a decisões governamentais que passam por ti. Caso de Paulo Guedes”.

Erika Kokay (PT-DF) – “Lula foi perseguido judicialmente e teve sua vida completamente devassada. Nunca encontraram 1 centavo sequer em paraíso fiscal. O mesmo não se pode dizer de bolsonaristas que se dizem ‘honestos’”.

Luizianne Lins (PT-CE) – “Escândalo. Ministro Paulo Guedes e presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, realizaram operações financeiras milionárias em paraísos fiscais. O povo brasileiro exige explicações já”.

Natália Bonavides (PT-RN) – “Resumindo a política econômica de Guedes: lucros para os mais ricos (inclusive ele) e fome para os mais pobres. Para ele, lucro em dólar. Para o povo, a fila do osso”.

Vicentinho (PT-SP) – “‘Pandora Papers’, consórcio internacional de jornalistas investigativos, aponta que o ministro da Economia Paulo Guedes, fundou uma empresa milionária fora do Brasil, para blindar sua fortuna. É proibido funcionário de alto escalão ter aplicação financeira no país e no exterior”.

Vânia Rodrigues

 

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