Em discurso proferido na tribuna virtual da Câmara dos Deputados na terça-feira (22), as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Erika Kokay (PT-DF) parabenizaram o jornal Folha de S.Paulo pela iniciativa de abordar a inclusão dos negros brasileiros nas políticas afirmativas da última década. Porém, reclamaram da invisibilidade, proposital ou não, de artigo em relação aos sujeitos que protagonizaram a história de conquistas e avanços durante os governos do PT, de 2003 até o golpe de 2016.
As parlamentares frisaram que todas as conquistas elencadas no artigo “Década colocou negros na faculdade, e não (só) para fazer faxina” carregam o DNA dos movimentos negros e dos governos do Partido dos Trabalhadores que nesse período, estiveram no comando o País. O título do artigo foi alterado depois, dada a repercussão negativa nas redes sociais.
“De 2010 a 2020, houve o direito ao conhecimento, ao ensino superior, coisa que não havia. As cotas foram importantes. Mudamos a cor da nossa universidade. Colocamos a cor do Brasil nas universidades, com as ações afirmativas para índios, negros, quilombolas, jovens, mulheres negras e outros segmentos da sociedade brasileira”, observou Benedita da Silva.
Na opinião da parlamentar, o artigo traz, com muita propriedade, toda uma retrospectiva dos avanços adquiridos por esse segmento da população com os movimentos negros e dos movimentos que lutam contra o racismo.
Segundo Benedita, o artigo aponta também as ações dos gestores públicos que executaram ações afirmativas como as políticas de cotas, ações que inserem negros, negras e pardos nos espaços expressamente necessários à sua visibilidade.
“Mas esqueceram de dizer no artigo, que quem estava nessa década era o Partido dos Trabalhadores e que foi o PT que colocou os negros na faculdade”, sublinhou Benedita da Silva.
A deputada fez questão de corrigir trecho do artigo que aponta que foi a década do protagonismo das mulheres negras. “Não foi a década do protagonismo das mulheres negras, não, foi o protagonismo do Partido dos Trabalhadores, junto com o protagonismo das mulheres negras, neste momento e nessas datas”, esclareceu.
Resgate histórico
Em seu discurso, a deputa Erika Kokay ressaltou o papel do presidente Lula no enfrentamento das mazelas da fome, da desigualdade social e racial.
“Nós estamos falando de um presidente que fez o compromisso de que não deveríamos mais naturalizar a fome e que dizia que o seu governo só seria um bom governo se possibilitasse que as pessoas comessem pelo menos três vezes por dia. Ele implementou inúmeras políticas para que o Brasil mostrasse a sua cara e fosse respeitado na sua negritude, na sua condição indígena”, destacou.
Erika disse ainda que é comum ouvir em diferentes segmentos sociais que “não há discriminação no País”. Para ela, quando não se admite que há discriminação, pereniza-se a discriminação. “O negacionismo é extremamente cruel com as vítimas de tantas desigualdades e de tantas discriminações”, criticou.
“É como se todas as discriminações fossem permitidas e que se pudesse negar o emprego em função de orientação sexual, de identidade de gênero, de religiosidade ou de raça e etnia e se assumisse como um agente de uma discriminação, que precisa ser enfrentada, como o governo Lula enfrentou”, enfatizou.
Para Erika, é importante lembrar da época em que Partido dos Trabalhadores governou o País. “É uma época de Luiz Inácio Lula da Silva, que saiu expulso pela fome de um Nordeste que não lhe dava a perspectiva naquele momento, mas que, como ninguém, olhou para o Nordeste; mas que, como ninguém, olhou para o povo brasileiro”, lembrou, saudosa, a petista.
Benildes Rodrigues