Mobilização de servidores e da Oposição faz Arthur Lira recuar na votação da Reforma Administrativa em plenário

Mobilização de servidores contra a Reforma Administrativa - Foto: Lula Marques

Parlamentares e lideranças sindicais de todo o País, reunidos nesta terça-feira (28), em uma grande plenária virtual e presencial, coordenada pelo líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), avaliaram que o recuo do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), em não colocar na ordem do dia da Casa, a PEC 32 (Reforma Administrativa), revela a fragilidade do governo em aprovar a proposta. Eles creditam esse recuo às mobilizações que ocorreram para derrubar a PEC em sua origem.

“Essa PEC só irá a votação na hora que o presidente da Casa tiver a segurança de ter os 308 votos necessários para aprovar e provocar esse desmonte do serviço público e na estrutura do Estado brasileiro”, avaliou Bohn Gass.

Para o deputado, esse enfraquecimento do governo Bolsonaro no Parlamento se deve à mobilização que as categorias e a Bancada do PT e da Oposição fizeram junto os parlamentares na Câmara dos Deputados.  De acordo com Bohn Gass, a pressão que as entidades estão fazendo nos contatos com cada parlamentar, com as lideranças, mas, principalmente, nos contatos e mapeamentos que foram feitos nos estados, “estão surtindo efeito muito positivo de eles não terem a segurança dos votos para levar a proposta à votação”.

Parlamentares do PT apoiam servidores públicos  contra a PEC 32 – Foto: Gustavo Bezerra

Para os parlamentares e sindicalistas, a derrota do projeto de Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes (Economia), que desmonta o Estado Brasileiro e o serviço público, passa fundamentalmente e, necessariamente, pela unidade das centrais e entidades sindicais nas mobilizações nas redes e nas ruas.

“Então, o desejo da reunião de hoje é o de nós nos jogarmos com toda a energia nessa plenária de mobilização. É fundamental continuarmos trabalhando, fazendo contato com governadores, vereadores, senadores, e mapeamento para enterrar de vez essa PEC 32 na Câmara”, enfatizou o líder do PT na Câmara.

Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), coordenador da bancada petista na comissão especial que tratou do tema, a hesitação do presidente da Câmara, “é resultado da estratégia adotada no Parlamento e da unidade das entidades e centrais sindicais”. “Estamos no caminho bom. Agora é só aumentarmos a pressão até a vitória final”, afirmou, se mostrando otimista com a mobilização.

Dia 2 de outubro é rua

Para o deputado, o “saco de maldade” de Paulo Guedes uniu todos os servidores públicos do Brasil contra essa PEC e também do povo em favor da defesa do servidor público. “Então, daqui frente nós precisamos fazer dois movimentos importantes: o primeiro pressionar cada parlamentar em cada município. Eles têm que sentir que há uma mobilização social. Segundo passo é enfraquecer o governo Bolsonaro no dia dois de outubro ir às ruas e fazer uma imensa manifestação defendendo o serviço público e contra a Reforma Administrativa”, defendeu Correia.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) também acredita que o dia 2 de outubro – data da grande mobilização nacional pelo “Fora, Bolsonaro” os servidores públicos de todo o País devem mostrar ainda mais a cara contra a proposta bolsonarista.

“Eu penso que tem uma centralidade imensa a luta contra a PEC 32. Ela deve ser central no ato do dia 2 de outubro, e em todas as nossas ações, porque ela significa destruição do Estado que está na nossa Constituição”, afirmou Erika.

“A nossa luta é pelo Estado que foi construído com muita fé, com muita luta, para assegurar as políticas públicas que estão cerceadas a partir da Emenda Constitucional 95”, lembrou a deputada da grande maldade dos governos golpistas contra o povo brasileiro.

Deputados do PT apoiam mobilização de servidores contra a Reforma Administrativa – Foto: Lula Marques

Unidade

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) reconheceu a importância da unidade estampada no grau representativo da plenária construída pela Bancada do PT na Câmara. Ele também é da opinião de que se Arthur Lira não colocou a proposta na ordem do dia é porque sabia que não teria os 308 votos suficientes para aprovação da matéria.

“Se eles não têm voto é porque a nossa mobilização está funcionando. Os companheiros e companheiras servidores públicos conseguiram fazer uma coisa muito importante: mostrar para população que os maiores prejudicados não são servidores, e sim é o povo brasileiro, o povo mais humilde, o povo pobre, o povo que precisa do Estado brasileiro”, frisou Pimenta.

De acordo com Pimenta só a mobilização será capaz de derrotar a proposta que traz no seu bojo, a destruição privatização e a terceirização do serviço público.

Então minha gente, nós temos que intensificar ainda mais a mobilização. O deputado, a deputada tem que ser marcado lá na cidade dele, na região dele. Temos que fazer uma mobilização muito grande nos próximos dias porque não adianta, eles pode distribuir o dinheiro que eles quiserem, mas se o deputado achar que essa votação pode colocar em risco a vida dele, ele recua”, argumentou Pimenta.

Se votar, não volta

A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) destacou a mobilização que o movimento sindical vem fazendo no aeroporto de Brasília para recepcionar os parlamentares e pressioná-los para votarem contra a PEC 32.

“Fiquei muito feliz quando cheguei em Brasília hoje. Eu acho que a manifestação no aeroporto é uma demonstração aqui muito forte. É muito bom ver aquele corredor inteiro com os deputados e senadores passarem com o grito de “se votar, não volta”. Eu acho que isso foi muito bom. É com barulho forte. Eu vejo que nós não temos saída se não for pressão”, constatou a parlamentar mato-grossense.

Governo da desgraça

Para o deputado Rui Falcão (PT-SP), a PEC 32 deve ser barrada no momento de fragilidade do governo. “Isso é importante para ter a escalada de um governo que, além de querer liquidar o poder público, não cuida alta de preços, deixa os alimentos subirem assustadoramente, o óleo diesel vai subir mais 8% agora, tem crise de energia, então, associar essa desgraça que ele quer fazer com os servidores e com serviço público com as políticas que destroçam o País”, defendeu.

A fala da deputada Maria do Rosário (PT-RS) foi nessa mesma linha. Para ela, a luta contra a PEC 32 deve estar colada em algumas caracterizações do governo Bolsonaro. “Primeiro é um governo corrupto, ele está tirando aqui da população e fazendo negociata que estão cada vez mais claras através da CPI da Covid porque servidores públicos de carreira com estabilidade trouxeram esse aspecto a público”, lembrou Rosário.

A outra questão, continuou, além de um governo corrupto, é um governo ingrato, porque qualquer governo neste momento estaria agradecendo a quem salvou as vidas no Brasil é quem esse governo está atacando nesta hora da pandemia, quem salva vidas”, demonstrou a parlamentar gaúcha.

Servidores realizam ato, na entrada do anexo II, contra a Reforma Administrativa – Foto: Lula Marques

Arquivamento da PEC 32

Na avaliação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a proposta de Bolsonaro e Guedes não tem nenhuma qualidade. Segundo o deputado, a PEC 32 é conhecida como “PEC das vantagens, dos privilégios, da privatização, da precarização dos serviços públicos”. Para o deputado, essa reforma não tem como prosperar.

Ele sugeriu que faça uma inserção juntos aos governadores para que eles ajudem na resistência. “Eu sugiro chamar os governadores da Bahia, do Rio Grande do Norte, de Pernambuco, do Ceará, do Maranhão, ou seja, chamar um grupo de governadores para eles nos ajudarem na residência, para que essa PEC seja arquivada”, defendeu Paulo Teixeira.

Segundo ele, o arquivamento da PEC significará “uma grande derrota para esse presidente genocida”. Paulo Texeirta reforçou que será uma derrota maiúscula, uma derrota importante politicamente e vai coincidir com as manifestações de rua do dia 2 de outubro. “Assim, nós temos uma enorme oportunidade de derrotar essa PEC e reverter esse trator ou paralisar esse trator que eles que ligaram no Parlamento brasileiro, cujo combustível é o orçamento paralelo”, denunciou Teixeira.

O deputado Zé Neto (PT-BA) disse que a luta que se avizinha será o enfrentamento,” eu diria de nossa vida, porque nós temos que resistir a esse ambiente que está se criando no Brasil que é o ambiente da desestatização da autonomia, da desestatização do Estado”.

Segundo ele, se a PEC 32 for vitoriosa, “nós vamos ter uma dificuldade muito grande, inclusive para governar, porque essa Casa não se dá conta mesmo, a maioria não está nem aí para o está fazendo”.

Os deputados Helder Salomão (PT-ES) e Zé Carlos (PT-MA) também participaram da plenária.

Manifestação

Ao mesmo tempo em que ocorria a plenária remota, centenas de servidores públicos e centrais sindicais realizaram um ato em frente à Câmara dos Deputados para pressionar os parlamentares a se posicionarem contra a proposta de desmonte do Estado e do serviço público brasileiro.

 

Benildes Rodrigues

 

 

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