O vice-líder do PT, deputado Zé Neto (BA), afirmou que o governo Bolsonaro anda na contramão do mundo – principalmente dos maiores países e alguns dos mais ricos – ao priorizar o desmonte de estruturas públicas ao invés de fortalecer a presença do Estado na indução do desenvolvimento. Segundo o parlamentar, o mais recente exemplo dessa política atrasada é a proposta de privatização dos Correios, serviço que em outras grandes nações está sob controle do Estado.
“Nos vinte países com maior território o serviço postal é prestado por uma organização pública. E o mais recente caso de privatização, em Portugal, nos mostra como a sociedade pode ser negativamente afetada: após a privatização, os preços subiram muito e o atendimento piorou; só lucraram mesmo os rentistas que participaram do leilão. Agora a população vai às ruas para pedir a reestatização da empresa”, explicou Zé Neto.
O petista disse ainda que o controle do serviço postal pelo Estado “é estratégico e importante demais para ser tratado apenas como mera alienação de um ativo para rentistas, o que seria desastroso para os brasileiros”. Como exemplos da importância dada por governos de países ricos a esse serviço, Zé Neto citou os casos do Correio estatal francês, que no Brasil é dono da JadLog (empresa de logística especializada em entrega de encomendas), e do Correio alemão, de economia mista, dono da DHL (empresa de transporte e entregas), ambas sob controle estatal.
De acordo com o parlamentar, a proposta de privatização também é arbitrária porque nem mesmo foi debatida com o Congresso Nacional e a sociedade. Ele observou ainda que o projeto que prevê a privatização foi apresentado antes mesmo da conclusão dos estudos – até agora sigilosos – que deveriam apontar novos rumos para os Correios.
“Além disso, há sólidos argumentos indicando que não se deve mexer no correio brasileiro. A empresa tem produzido lucros nos últimos anos, mesmo não sendo esse seu objetivo. Gera milhares de empregos diretos e indiretos, os quais abrangem também cerca de 1.000 agências franqueadas e centenas de transportadoras que levam carga postal Brasil afora”, observou.
Para o deputado Zé Neto, o governo Bolsonaro deveria no momento estar focado no combate à pandemia e não em privatizar uma empresa pública que atende a todo o País.
“Os Correios, estrutura pública federal mais presente no País, tem um papel muito importante de continuar ajudando as pessoas a receber suas correspondências e encomendas, inclusive remédios nas regiões mais remotas e menos assistidas. A ECT tem também papel estratégico para as empresas que atuam no segmento de comércio eletrônico e exerce também um papel central na integração nacional”, disse.
Prioridade para vacinação
O parlamentar petista apresentou nesta segunda-feira (19) projeto de lei (PL 1441/2021) que inclui bancários, profissionais de limpeza urbana, pessoas com comorbidades e com transtorno do espectro autista no grupo considerado prioritário no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19.
Na justificativa da proposta, Zé Neto destaca que profissionais que não podem trabalhar remotamente (bancários e profissionais de limpeza urbana) e brasileiros e brasileiras mais suscetíveis aos efeitos do contágio (pessoas com comorbidades e com transtorno do espectro autista), devem constar nos grupos prioritários para que se atinja no País a equidade na assistência à saúde.
Héber Carvalho