Ao discursar em nome da Liderança do Partido dos Trabalhadores na Câmara, o deputado José Ricardo (PT-AM) centrou seu discurso no tema sobre a Amazônia. Para ele, a região e o povo amazonense está sendo ameaçado pelo Governo Bolsonaro. “Temos que defender a Amazônia. É urgente. É necessário”, conclamou o deputado.
Segundo o parlamentar, essa região representa 60% do território nacional. Ele citou que na Amazônia está um quinto de água doce no Brasil e que está situada a maior floresta tropical do planeta. Zé Ricardo disse ainda, que 98% das terras indígenas estão na Amazônia, 77% das Unidades de Conservação estão na região e 28 milhões de pessoas vivem em mais de 700 cidades.
“É necessário olharmos a Amazônia, porque ela é cobiçada por potências estrangeiras, pelo agronegócio, pelos interesses empresariais que depredam, que matam, que ameaçam a vida, ainda mais agora neste Governo que patrocina essas ameaças à Amazônia, ao povo amazônico, essa região tão estratégica, com tantas riquezas fundamentais que deveriam estar a serviço do Brasil, do povo”, alertou o deputado.
Desmatamento
O parlamentar apontou o desmatamento como uma das grandes chagas que rondam e colocam em perigo esse importante ecossistema. Segundo ele, indicadores do desmatamento apontam que passou de 13 mil quilômetros quadrados, entre agosto de 2020 a julho de 2021, uma alta de 22% no desmatamento na Amazônia no último ano. “Um absurdo histórico, negativo, lamentável e que prejudica o Brasil! Portanto, prejudica o povo brasileiro”, observou.
Indígenas ameaçados
O deputado lembrou os casos de ameaças aos povos indígenas que aumentaram consideravelmente no governo Bolsonaro. Segundo Zé Ricardo, relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) aponta a existência de mais de 300 casos de violência contra os povos indígenas, e que só no último ano foram 183 assassinatos. “Vemos a grande incidência da violência em Roraima, no Amazonas, no Mato Grosso e em outros Estados da Amazônia”, citou.
Sobre as demarcações dos territórios desses povos, o deputado informou que houve uma paralisação. “Nós temos, hoje, de 1.299 terras indígenas no Brasil, 64% que seguem sem regularização. A maioria, na Amazônia”, descreveu.
Garimpo
José Ricardo abordou também outra chaga que assombra a região Amazônica: o garimpo. Segundo ele, muito tem se ouvido sobre acontecimentos recentes envolvendo interesses de garimpeiros, de mineradoras no Rio Madeira. Ele disse que essa atividade ilegal tem se espalhado e ela é fomentada e articulada pelo atual governo.
“Nós vimos, dias atrás, que o general Heleno liberou sete projetos de pesquisa em áreas, em regiões praticamente intocadas dentro da Amazônia, no município de São Gabriel da Cachoeira, um município em que mais de 90% da população é indígena. Ameaça a vida, o ecossistema. Portanto, a mineração hoje, ilegal, prospera por conta deste Governo”, denunciou.
O deputado citou que o povo ianomâmi em Roraima, sofre ameaça direta com essas atividades ilegais e o descaso do Governo.
Sucateamento
O sucateamento e a desestruturação de órgãos públicos por parte do governo também foi lembrado pelo parlamentar. “A Funai, que precisaria ter concurso, precisaria ter estrutura, está simplesmente sucateada. O Ibama e o Instituto Chico Mendes, que estão realmente hoje amarrados, que não têm condições, estão amordaçados no sentido de cumprir sua missão de garantir a vida, de enfrentar, de fiscalizar”, denunciou.
Corte orçamentário
O deputado reclamou de cortes orçamentários recorrentes que o governo promove e que atinge diretamente a região. “Lamentamos porque é um governo que, além de não olhar a Amazônia, corta recursos para as pesquisas, para as diversas e grandes possibilidades que nós temos, em termos econômicos, de alternativas de geração de renda, da biodiversidade”.
Zé Ricardo contou que houve um corte brutal nos recursos para pesquisa no Brasil, que afetou diretamente todos os organismos, as universidades federais e as entidades de pesquisa da Amazônia. Como exemplo, ele citou o caso do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que já conta, segundo ele, com um déficit enorme de pesquisadores.
“Doutores que, antes, tinham possibilidades com bolsas, com pesquisas fundamentais para encontrar soluções para os problemas enfrentados pela população na Amazônia, simplesmente parou, acabou ou reduziu o financiamento, e hoje nós não temos essa possibilidade enquanto este governo tiver essa política anticonhecimento, antipesquisa, antieducação”, sentenciou José Ricardo.
Benildes Rodrigues