Parlamentares da bancada feminina do Partido dos Trabalhadores na Câmara reagiram indignadas, nesta sexta (9), com mais uma cena aviltante protagonizada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Pelo Twitter, o filho número 03 do presidente Jair Bolsonaro não economizou a misoginia, o machismo e o preconceito para atacar, violentar e ferir as parlamentares que compõem a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ): “Portadoras de vaginas”, escreveu.
“Essa é mais uma demonstração de misoginia e machismo do filho de Bolsonaro contra mulheres. Não pode ficar impune. Vamos ao Conselho de Ética”, reagiu a presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
A presidenta do PT lembrou que tramita no Congresso uma proposta que está pronta para ser votada, e que prevê punição para quem constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar mulheres na política.
“Se esse tipo de gente acha que vai nos intimidar estão enganados. Aqui no Parlamento ainda somos poucas, mas juntas somos mais fortes”, alertou Gleisi, que fez referência ao projeto de lei (PL 349/15) que se encontra em análise no Senado.
Violência de gênero
Durante sessão virtual da CCJ nesta quinta-feira (8), o deputado Éder Mauro (PSD-PA), para contrapor a fala da coordenadora da Bancada do PT no colegiado, deputada Maria do Rosário (RS), usou termos desconexos ao Parlamento para constranger a deputada. “Ela precisa de um médico, pois não para de falar”, disse o deputado bolsonarista.
Eduardo Bolsonaro aproveitou a deixa e publicou vídeo do parlamentar paraense com a seguinte legenda: “Parece, mas não é a gaiola das loucas, são só as pessoas portadoras de vagina na CCJ sendo levadas a loucuras pelas verdades ditas pelo Dep. @EderMauroPA 1.000°”, escreveu.
Em resposta ao post de Eduardo Bolsonaro, a deputada Maria do Rosário escreveu: “Se o deputado que tuitou estivesse portando o cérebro quando o fez, evitaria passar tamanha vergonha aqui no Twitter. Saberia que este parlamentar que me ataca no plenário da CCJ, além de mentir descaradamente e espalhar fake news, não tem moral, nem nível para um debate de qualidade”, rechaçou Rosário.
A segunda-secretária da Mesa da Câmara, deputada Marília Arraes (PT-PE) classificou de “repugnante” a manifestação de Eduardo Bolsonaro sobre as mulheres. “Ele se refere a nós como “portadoras de vaginas” e esquece que saiu de uma. Isso é violência de gênero. Como procuradora adjunta informo que a Secretaria da Mulher abrirá representação disciplinar no Conselho de Ética”, assegurou Marilia.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que as falas representam “a mais pura expressão de misoginia e violência de gênero”. “É a violência de gênero e violência política. É como se quisessem calar as mulheres. Estão patologizando os espaços de fala que nós conquistamos, rompendo a lógica patriarcal. E como se quisessem nos calar. Não vamos calar”, afirmou.
Segundo Erika, o que ocorreu na CCJ e reverberada por Eduardo Bolsonaro nas redes sociais caracteriza violência política no local de trabalho. “Estamos sofrendo assédio, moral no exercício do trabalho. Então, nós vamos tomar todas as providências necessárias pra que esse tipo de fala não se naturalize”, disse Erika. Ela antecipou que várias articulações estão sendo feitas para penalizar judicialmente o agressor.
Sordidez
“Sórdida” e “desprezível”. Dessa forma a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) classificou as agressões sofridas pelas mulheres da CCJ que atinge as mulheres brasileiras. “No mundo transtornado de Eduardo Bolsonaro, a mulher não passa de um detalhe físico, sem vontade e nem dignidade. Mas ele sentirá todo repúdio de que é capaz a força da mulher que vai colocá-lo no Conselho de Ética da Câmara para obrigá-lo a respeitar a mulher e os seus direitos”, reforçou Benedita, se referindo às ações que serão tomadas no âmbito da Câmara dos Deputados.
Na mesma linha, a presidente da Comissão de Defesa das Pessoas com Deficiência, deputada Rejane Dias (PT-PI), disse que a fala de Eduardo Bolsonaro sobre as mulheres é repugnante, misógina e revoltante. “É um desrespeito à todas as mulheres. Uma postura incompatível com o mandato parlamentar por se constituir um verdadeiro atentado à Constituição – e que precisa haver uma resposta à altura”, observou.
“Dois bárbaros”
Na opinião da Professora Rosa Neide (PT-MT), os dois deputados agressores não poderiam exercer o cargo que ocupa. “Esses dois cidadãos nunca poderiam estar representando também 51% da população que são mulheres, e 15% estão representadas no Parlamento. Então, muitas mulheres votaram em homens para representá-las também”.
Indignada, Rosa Neide disse ainda que os dois parlamentares que protagonizaram a violência contra as mulheres são “dois bárbaros”. “Posso dizer que retrocessos da condição humana estão lá presentes, aniquilando a participação da mulher na política”.
A deputada enfatizou que nenhuma mulher deste País autorizou “esses dois trogloditas a nos colocar numa situação de segunda categoria”. “Não temos nada a falar de órgão sexual que está no corpo do homem. Isso é da intimidade deles. Então, nos respeitem! Nós vamos dar a resposta a esses dois no plenário e em toda sociedade brasileira”, salientou.
Benildes Rodrigues