Petistas afirmam que ministro Paulo Guedes age com preconceito contra população mais pobre do País

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara acusaram nesta terça-feira (4) o ministro da Economia, Paulo Guedes, de agir com preconceito contra a população mais pobre do País por meio de declarações públicas e de ações do governo comandadas pela sua pasta. Os petistas lembraram especialmente a afirmação recente de Guedes criticando a entrada do filho de um porteiro na universidade via Fies, e por conta de ações como o corte de recursos para a Saúde e o envio da PEC da Reforma Administrativa, que desmonta o serviço público e ataca direitos dos servidores em todo o País.

A deputada Erika Kokay (PT-DF), autora de um dos requerimentos do convite ao ministro, ressaltou que – por palavras e ações – Paulo Guedes demonstra um grande desprezo pelas necessidades do povo brasileiro.

“O senhor (Paulo Guedes) já disse, por exemplo, que o governo ganha dinheiro ao salvar grandes empresas e perde ao salvar empresas pequenas. Também já reclamou que empregadas domésticas estavam, em governos passados, fazendo festa viajando para a Disneylândia. Agora reclamou que um filho de porteiro estava entrando em uma universidade particular via Fies. O senhor despreza o povo e demonstra que não tem interesse em um projeto de desenvolvimento nacional”, disse a petista.

A parlamentar acusou ainda Paulo Guedes de ter sido responsável por deixar uma parcela da população brasileira na mais absoluta miséria, por três meses. O período diz respeito ao fim do auxílio emergencial, pago até dezembro de 2020, e a retomada do auxílio agora em abril de 2021.

Dep. Erika Kokay – foto Agência Câmara

Promessa vazia de combate à Covid e corte de recursos à Saúde

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP), também autor de um requerimento de convite ao ministro pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), lembrou de algumas falas do ministro sobre cortes de recursos para a Saúde. O petista recordou que, em março do ano passado, Paulo Guedes disse em público que havia muito dinheiro para a Saúde, e com “apenas 3, 4 ou 5 bilhões a mais no orçamento”, o País “aniquilaria a Covid-19 no Brasil”. “Ministro, quem lhe assessorou para dizer isso, foi alguém do Ministério da Saúde? “, questionou Padilha.

O ex-ministro da Saúde lembrou ainda que em outra declaração, em abril do ano passado, Paulo Guedes disse que iria adquirir 40 milhões de testes para detectar a Covid, e que isso possibilitaria a normalização das atividades durante a pandemia. “Nenhum país conseguiu controlar a pandemia apenas com testes. E pior, além desses testes nunca terem vindo, o governo Bolsonaro ainda deixou vencer a validade de mais de 8 milhões”, apontou.

Padilha criticou ainda declaração de Paulo Guedes, realizada no final de 2020, afirmando que a pandemia estava acabando. Naquele momento, o número de mortos pela Covid chegou ao menor número no País, com média de menos de 200 óbitos por dia.

“O senhor disse que a pandemia estava acabando, e talvez por isso cortou 22% do Orçamento para a Saúde em 2021. Quem lhe assessorou para dizer isso? Foi o Ministério da Saúde? Com base em que estudo o senhor propôs esse corte no Orçamento? Porque aqui no Congresso não foi. Nós da Comissão de Enfrentamento a Covid, da qual faço parte, sempre falamos que a pandemia não havia acabado e que precisaríamos de mais recursos para atender os atendimentos represados no SUS e os novos casos de sequelados que sobreviveram ao Covid”, afirmou Padilha.

O petista também questionou recente declaração do ministro, vazada de uma reunião via internet, na qual Paulo Guedes lamentou que as pessoas queiram viver “100, 120 anos” no Brasil e o impacto dessa aspiração sobre o Orçamento da Previdência.

Deputado Padilha. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Vacina e auxílio para a agricultura familiar

Já o deputado Padre João (PT-MG), que também foi autor de um requerimento para a vinda do ministro, ressaltou que as palavras de Paulo Guedes ao defender a vacinação em massa para a retomada da economia são bem-vindas, mas totalmente contraditórias com a ação do governo ao qual o ministro pertence.

“O senhor falou que apenas com vacinação em massa poderemos retomar a normalidade econômica. Eu concordo, mas veja que o seu governo não teve empenho na vacinação em massa, então como retomar a economia? Muitas pessoas com comorbidades estão preferindo perder o emprego a trabalhar e perder a vida”, ressaltou.

O parlamentar também destacou que a afirmação de Paulo Guedes ao dizer que “não se pode fazer política subindo em cadáveres” é correta, mas que deveria ser dirigida ao próprio governo Bolsonaro.

“O senhor falou que não podemos subir em cadáveres para fazer política. O fato é que sem vacinação em massa, sem apoio a setores o setor como da agricultura familiar, com o governo vetando o projeto de lei Assis Carvalho e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Emergencial, por exemplo, é esse governo que está fazendo política em cima de cadáveres”, apontou.

O parlamentar mineiro enfatizou ainda que são justamente propostas como a do PAA Emergencial que vão permitir aos pequenos agricultores produzirem e ainda auxiliar entidades do campo, “que neste momento estão fazendo sopão para alimentar parte das 19 milhões de pessoas que passam fome nesse momento, sem falar dos 130 milhões de brasileiros em insegurança alimentar”.

Padre João afirma que de acordo com a pesquisa, 116,8 milhões de brasileiros não têm acesso pleno e permanente a alimentos. Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Reforma Administrativa (PEC 32)

Ao indagar o ministro como autor de um dos requerimentos pela Comissão do Trabalho da Câmara (CTASP), o deputado Rogério Correia (PT-MG) questionou o ministro da Economia sobre os reais objetivos da PEC 32, da Reforma Administrativa. O parlamentar mineiro ressaltou que diferentemente do que diz o governo, de que a reforma visa dar mais eficiência e qualidade aos serviços públicos, a PEC 32 apenas quer submeter o Estado aos interesses da iniciativa privada.

“O senhor diz, de forma até jocosa, que a Reforma Administrativa (PEC 32) exige dos servidores públicos um pequeno sacrifício, como não aumentar salários. O problema maior não é esse, porque os servidores públicos já estão sem aumento há alguns anos. A questão é que precisamos de um debate profundo na CTASP sobre a PEC 32, porque quando temos mais de 400 mil mortes (pela covid), o ministro com a Reforma Administrativa quer colocar a granada no bolso do servidor público e desmontar o serviço público em prol da iniciativa privada”, acusou.

O deputado Rogério Correia disse que antes de pensar em qualquer Reforma Administrativa o governo Bolsonaro deveria priorizar uma Reforma Tributária. “Uma reforma que taxe grandes fortunas e os lucros e dividendos de grandes empresas nacionais e internacionais. Porém essa reforma não é feita, transferindo o sacrifício para o servidor público, acabando com a estabilidade e os concursos públicos, impedindo progressão de carreiras e ainda permitindo que a iniciativa privada explore serviços que hoje são prestados pelo Estado”, explicou.

Rogério Correia: Paulo Guedes deve explicações sobre a “granada no bolso do inimigo”. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Auxílio aos órfãos

A deputada Rejane Dias (PT-PI), presidente da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência, fez um apelo ao ministro Paulo Guedes para que o governo apoie os órfãos de pais que morrem pela Covid-19. A parlamentar explicou que já apresentou um projeto de lei criando uma pensão para crianças e adolescentes, sem vínculos com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS).

“Peço ao governo que faça um planejamento financeiro, para dar um auxílio, uma pensão especial para crianças e adolescentes que perderam os pais em razão da Covid. O Peru já dispõe de uma lei nesse sentido”, explicou Rejane Dias.

Foto: Agência Câmara

Paulo Guedes elogia programas sociais dos governos do PT

Ao responder os questionamentos sobre declarações preconceituosas e ofensivas, Paulo Guedes colocou a culpa na imprensa por distorcer o sentido e o contexto das suas palavras, mas reconheceu que “as vezes” profere mesmo palavras infelizes.

Tentando escapar das críticas sobre as ações do governo no combate à Covid e sobre o auxílio a pessoas e setores econômicos, Guedes disse que foi feito tudo o que era possível. No entanto, evitou comentar a escassez de vacinas no País.

Apesar de defender o governo Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes reconheceu durante a reunião a importância dos programas sociais implementado pelos governos Lula e Dilma no País. “Por isso o PT mereceu ganhar 4 vezes as eleições, porque garantiu renda à população mais pobre”, admitiu ao elogiar principalmente o Programa Bolsa Família.

Héber Carvalho

 

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