Na madrugada desta segunda-feira (25), as polícias federal e militar, em conjunto com milícias armadas do norte da Bahia forçaram o despejo de aproximadamente 700 famílias dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Irani de Souza, ligados ao Movimento Sem Terra (MST). O coordenador do Núcleo Agrário do PT na Câmara, deputado João Daniel (SE), o líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, deputado Helder Salomão (PT-ES), e o deputado Valmir Assunção (PT-BA) já manifestaram repúdio a violência contra os trabalhadores sem-terra.
Segundo as famílias despejadas, os agentes “chegaram atirando” e, com muita violência, casas foram destruídas. Bombas de fumaça e balas de borracha foram utilizadas contra os ocupantes e um trabalhador, Laurindo Pereira da Silva, foi atingido na cabeça por um tiro de bala de borracha. Seu estado de saúde é estável.
O caso já repercute entre os deputados petistas. Pelo Twitter, o coordenador do Núcleo Agrário da Bancada do PT na Câmara, deputado João Daniel (SE), condenou a violência contra os acampamentos e manifestou solidariedade ao trabalhador ferido. “Essa truculência contra os que lutam pelo direito à terra não pode ser aceitada. O companheiro Laurindo foi mais uma vítima dessa violência”, destacou.
Ao denunciar a violência pelas redes sociais, o deputado Valmir Assunção, ex-dirigente do MST no estado, recebeu o apoio do líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta, que ao retuitar a informação disse que o fato é “muito grave”.
Na Caravana da Resistência, o dirigente do @MST_Oficial Teixeira explicou a importância dos acampamentos do perímetro irrigado em Juazeiro (BA). As 700 famílias residentes neste lugar foram despejadas violentamente hoje. Com .@depjoaodanielpt e .@DeputadoFederal pic.twitter.com/7dI49tu0PZ
— Valmir Assunção (@DepValmir) November 25, 2019
O parlamentar baiano lembrou que ele, Paulo Pimenta e João Daniel visitaram o acampamento Abril Vermelho, durante a Caravana da Resistência no Nordeste, que entre o final de julho e início de agosto percorreu os estados da Bahia, Sergipe e Pernambuco. “Ficamos surpreendidos com a organização das famílias que ainda empregam pessoas da região diante da alta produtividade do acampamento! ”.
Em outro tuíte, Valmir Assunção também destacou que “os prefeitos da região apoiam os acampamentos diante da importância na produção e geração de empregos”. Ele disse que “é inadmissível que esse despejo tenha acontecido e ainda de forma violenta”.
“A violência contra as famílias acampadas na região dos perímetros irrigados é inadmissível. Trata-se de um anúncio de como Bolsonaro quer tratar a reforma agrária: com truculência e tendo a impunidade como política de governo”, acusou Valmir Assunção.
Por fim, o parlamentar declarou que ele e o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), deputado Helder Salomão, já acionaram o Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), para que investigue a ação de despejo.
Panorama dos acampamentos
As áreas acampadas fazem parte do perímetro irrigado Nilo Coelho, do município de Casa Nova e do projeto Salitre, em Juazeiro. As famílias ocupam o local desde 2007, mediante acordo entre os governos federal e estadual, o Incra, Ouvidoria Agrária, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Ministério Público Federal.
Segundo a assessoria do MST, no entanto, a partir das “investidas violentas contra os movimentos sociais do atual governo, os acordos foram quebrados e as famílias vítimas, mais uma vez, da truculência do Estado”. O movimento exige um posicionamento do governo estadual.
Nos três acampamentos, as famílias produziam ali cerca de 7,200 toneladas de alimento por ano, o que ajudava a mover a economia dos dois municípios da região. De forma direta e indireta, foram aproximadamente 5 mil trabalhadores.
PT na Câmara como Brasil Fato