Rogério Correia faz apelo para que Gilmar Mendes coloque suspeição de Moro em julgamento

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) fez um apelo ao ministro do STF Gilmar Mendes – durante pronunciamento no tempo da Liderança do PT na sessão da Câmara dessa quarta-feira (3) – para que seja colocado em julgamento o habeas que pede a suspeição do então juiz Sérgio Moro nas ações que envolvem o ex-presidente Lula. Segundo o parlamentar, a recente revelação de diálogos entre procuradores da Lava Jato – ocorrida à época que corria o processo que culminou na condenação do ex-presidente – confirmam a trama que tinha como único objetivo prender Lula para tirá-lo da disputa presidencial de 2018.

O parlamentar lembrou que os diálogos – ao quais a defesa de Lula teve acesso a partir da decisão do ministro Ricardo Lewandowski – demonstram que havia um conluio entre a Lava Jato e Moro. Ele citou a recente revelação de que procuradores decidiram rejeitar a inclusão de um grampo no processo simplesmente porque ajudava a defesa de Lula. Correia também leu em plenário diálogos em que uma procuradora da Lava Jato dizia: “Dá pra gritar gol quando ele se ferrar”, fazendo referência ao ex-presidente Lula.

“Existe imparcialidade nesse processo? Nunca! E pior, uma delegada da Polícia Federal chegou a fraudar um depoimento. O depoimento não existiu, pois ela incluiu (no inquérito) um depoimento de quem não foi ouvido. Tudo isso para que o presidente Lula pudesse ser preso e não concorresse às eleições”, lamentou.

Durante o pronunciamento, Rogério Correia destacou ainda que outra procuradora da Lava Jato, durante diálogo com colegas do Ministério Público, usou um linguajar que era utilizado durante a ditadura militar em sessões de tortura para arrancar informações de interesse do torturador. Segundo Correia, a procuradora disse: “Essa OAS tem que mijar sangue”, se referindo ao fato de que o presidente da empresa, Léo Pinheiro, deveria sofrer para voltar a depor a depor contra Lula no processo.

O deputado petista lembrou ainda que toda a armação para condenar Lula era de conhecimento do então procurador chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, e do então juiz Sérgio Moro, que constantemente “trocavam figurinhas” sobre o processo.

Plano Lula

Rogério Correia lembrou que Dallagnol inclusive revelou durante os diálogos no grupo dos procuradores no Telegram que faria (e efetivamente fez) um “Plano Lula”. Esse plano consistia em um cronograma em que semanalmente seriam divulgadas denúncias para “consumir a moral de Lula”. Ainda nesse grupo, relembrou o deputado petista, procuradores comentavam que queriam “detonar a imagem do nove”, maneira como tratavam o ex-presidente que perdeu um dedo em um acidente de trabalho quando era metalúrgico.

“Foi isso o que aconteceu durante todo esse procedimento com conhecimento do Dallagnol e com as bênçãos do juiz Moro. Isto tudo veio agora à tona nessa última semana. Então, eu faço aqui um apelo, para que seja julgada a suspeição de Moro neste processo, para que o presidente Lula possa ter um julgamento justo e possa readquirir os seus direitos políticos”, apelou Correia.

O Habeas Corpus que pede a suspeição de Moro foi apresentado pelos advogados de Lula junto ao STF em 2018. A ação aguarda conclusão do julgamento interrompido em dezembro do mesmo ano, após pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes.

Héber Carvalho

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