Parlamentares da Bancada do PT usaram suas redes sociais nesta quinta-feira (31) para repudiar a ameaça do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que informou, em entrevista, que o governo irá aplicar um “novo AI-5”, caso a esquerda brasileira pressione em suas ações. “Todos os segmentos democráticos da sociedade brasileira têm o dever de repudiar com firmeza o flerte ditatorial do embaixador fracassado”, afirmou o líder Paulo Pimenta (PT-RS), em sua conta no Twitter.
Pimenta explicou ainda que o AI-5 – usado pela ditadura militar em 1968 – simboliza o fechamento do Congresso Nacional. “Quem defende ideias como essa não merece representar o povo brasileiro”, afirmou o líder. Ele ainda acrescentou que, diferentemente de 1968, uma tentativa de reeditar o AI-5 agora levará à prisão o seu autor. “Apesar de todas as limitações e contradições, as instituições democráticas e a sociedade brasileira não vão aceitar que a Constituição seja rasgada. Milicianos não terão sua ditadura”, enfatizou.
Também no Twitter, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) lamentou que, em menos de uma semana, Eduardo Bolsonaro volta a defender regime de exceção e ameaça a esquerda. “O Ministério Público e o Superior Tribunal Federal precisam tomar providências e não vamos nos intimidar, continuaremos denunciando o desmonte e abusos. A população precisa saber o que vocês estão fazendo”, afirmou.
A presidenta do PT considerou a declaração de Eduardo Bolsonaro “criminosa, contra a Constituição e a democracia”. Ela enfatizou que o deputado já fez discurso neste sentido e agora escancara a posição. “Mais do que a oposição, presidentes da Câmara, Senado e STF precisam reagir. É preciso garantir a democracia que estamos construindo”, defendeu.
Na mesma linha, o deputado Marcon (PT-RS) também questionou: “Onde está o Ministério Público e Supremo Tribunal Federal nesse momento para defender a Constituição e a democracia?”
E o deputado Odair Cunha (PT-MG) usou o Twitter para explicar que o AI-5 representa um dos períodos mais duros da ditadura militar. “É inadmissível que um deputado federal eleito democraticamente cogite a volta de uma medida como essa, ameaçando a liberdade de expressão do povo brasileiro. Simplesmente absurdo!”, protestou.
Na avaliação do deputado José Guimarães (PT-CE), o Brasil precisa reagir a essa sinalização “autoritária, medíocre e destemperada do filho de Bolsonaro”. Segundo o vice-líder da Minoria, defender o retorno do AI-5 é minimizar a gravidade de tudo o que vivemos na ditadura. “Dissolução do Congresso, tortura e fim da liberdade de imprensa são algumas das violações que não poderemos aceitar! Ditadura Nunca Mais”, afirmou. Guimarães ainda acrescentou que “é inadmissível um parlamentar que jurou respeitar a Constituição fazer apologia ao crime e a defesa dos anos de chumbo”.
E o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) reforçou que o Brasil não pode aceitar a explícita “apologia à ditadura e à tortura feita por Eduardo Bolsonaro ao sugerir um novo AI-5”. A liberdade da democracia, segundo o deputado, não comporta ataques a si própria! “A ditadura da milícia não irá prosperar!”, afirmou.
Ameaça ao Brasil
Para a deputada Natália Bonavides (PT-RN), o projeto da família Bolsonaro não cabe na democracia. “É isso que fica explícito em cada atitude, no saudosismo da ditadura militar, nas homenagens ao torturador Ustra, no autoritarismo de suas políticas e com a ameaça de um novo AI-5”, lamentou. Ela ainda acrescentou que foi sob o AI-5 que os mais bárbaros crimes contra a humanidade foram cometidos durante a ditadura. “É essa ameaça que Eduardo Bolsonaro faz ao Brasil”.
O deputado Enio Verri (PT-PR) foi taxativo sobre a ameaça do filho de Bolsonaro de reedição do AI-5: “Isso é crime previsto na Lei de Segurança Nacional e ele deve ser representado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Desobediência civil já”, pediu.
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) considerou que a atitude é “o desespero da família Bolsonaro”, e acrescentou que “eles são capazes de cometer o crime de ameaçar a democracia brasileira”.
E o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) disse que “os Bolsonaros querem radicalizar seu governo. Querem calar a imprensa e impor o controle das manifestações populares e dos sindicatos e partidos de oposição. É hora de os democratas se manifestarem!”, propôs o líder da Minoria no Congresso.
E para o deputado Valmir Assunção (PT-BA), a ameaça do filho 03 de Bolsonaro deve ser repudiada, embora não seja surpreendente, “pois vem de quem sempre flertou com milícias, com o autoritarismo e, consequentemente, com a tortura”. Ele afirmou ainda que o Brasil não aceita mais esse tipo de postura retrógrada!
Mais um crime
Em sua conta no Twitter, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) disse que a atitude de Eduardo Bolsonaro é mais uma ameaça autoritária da família presidencial. “Mais um crime. Mais uma demonstração de pequenez moral. Mais uma demonstração de que irresponsáveis estão no poder” e alertou: “Ou lutamos pela democracia agora ou ela nos será tirada. De novo”.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) alertou: “Há o perigo de uma escalada autoritária no Brasil. Vejam as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro e do ministro da Educação, Abraham Weintraub. “Um quer instituir algo parecido com o AI-5. O outro quer fechar a Rede Globo”.
E o deputado Rogério Correia (PT-MG) disse que “só um adolescente tardio com baixa formação intelectual, como é Dudu Bozo, defende uma torpeza como o AI-5, ato que institucionalizou a tortura, a prisão sem mandato, o fechamento do Congresso e até a morte de pessoas por pensar diferente dos poderosos. Ele considerou ainda um absurdo “um deputado ameaçando fechar o Congresso!” e afirmou: “Vamos ver semana que vem se o moleque fala isto da tribuna! Vou cobrar!”.
Rogério Correia ainda ironizou: “Antes que os Bolsonaros instalem AI5 e fechem o Congresso, é imperativo que o ex-embaixador e deputado golpista, seja acionado no Conselho de Ética. Ou isto ou o rapaz vai levar ao STF alguns milicianos fantasiados de cabo e soldado, para acabar com a democracia”.
O deputado Merlong Solano (PT-PI) considerou que “flertar com o AI-5, sendo deputado federal e filho do Presidente da República, não é sonhar, é ameaçar o País inteiro com uma longa noite de pesadelo em que todos os valores do Estado Democrático são negados”. O deputado ainda afirmou que Eduardo Bolsonaro “cometeu crime de responsabilidade”.
Autoritarismo do clã Bolsonaro
Para a deputada Erika Kokay (PT-DF) a fala do deputado Eduardo Bolsonaro é mais um atentado à democracia. “O autoritarismo do clã Bolsonaro precisa ser freado urgente!”.
E a deputada Maria do Rosário (PT-RS) observou que os filhos de Bolsonaro seguem fazendo ameaças à democracia. “Um deles agora propõe um novo ato Institucional número 5, que acabou com a liberdade no Brasil. Mas o Brasil não permitirá mais uma ditadura”. Ela ainda avaliou que ele (Eduardo) foi escalado para tirar o foco dos outros que “vizinham com o escritório do crime e milicianos do Rio”.
O deputado Rui Falcão (PT-SP) também avaliou que a ameaça do deputado Eduardo Bolsonaro com a ditadura (AI-5) tem por objetivo “tirar o foco do Queiroz”.
Segundo o deputado Nilto Tatto (PT-SP), toda vez que ele vê um dos filhos de Bolsonaro agindo ou falando como se fosse o próprio presidente pensa que talvez este seja o sonho dele: ocupar o lugar do pai. “Cuidado Jair…”, ironizou.
Os deputados Leonardo Monteiro (PT-MG), Professora Rosa Neide (PT-MT), Benedita da Silva (PT-RJ), Helder Salomão (PT-ES) e Luizianne Lins (PT-CE), também repudiaram a ameaça do deputado Eduardo Bolsonaro e afirmaram que no Brasil “ditadura nunca mais”.
Vânia Rodrigues