Petistas repudiam aprovação da privatização da Eletrobras e esperam que o Senado rejeite a MP entreguista

Foto: Agência Brasil/Arquivo

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara nesta quinta-feira (20) para repudiar a aprovação, na madrugada de hoje, da medida provisória (MP 1031/21), que privatiza a Eletrobras. Os petistas votaram contra a proposta e afirmaram que continuarão na luta contra esse crime de lesa-pátria e esperam que o Senado reaja e rejeite essa medida entreguista do governo Bolsonaro.

A deputada Luizianne Lins (PT-CE) não escondeu a sua tristeza com a aprovação da MP que permite a privatização da Eletrobras. “Foi uma triste perda para o povo brasileiro e para a soberania nacional. Nós tivemos a privatização dessa estatal, uma empresa que é responsável por 30% da energia que hoje é produzida no Brasil. Uma empresa que, além de ser superavitária, possui mais de 15.600 funcionários. Nós estamos falando da 5ª empresa geradora de energia limpa do mundo, que possui investimentos em outros países, como a Venezuela, a Argentina, o Paraguai, o Uruguai, a Bolívia, o Suriname, as Guianas”, citou.

Luizianne conclamou o povo brasileiro a reagir a essa privatização e alertou: “Se o Senado Federal não reagir, nós teremos a soberania nacional comprometida, vamos ter empresas sujeitas a apagões, a serviços ruins, a demissão de trabalhadores e riscos ao meio ambiente. Estamos falando que isso vai impedir a universalização da energia elétrica, em especial no campo”, alertou e acrescentou que a Eletrobras é uma empresa que investe em pesquisa, em energia limpa. “Controle de preços também não teremos mais a partir de agora, porque quem vai definir é o mercado. E ainda tem a questão da empregabilidade, ou seja, mais de 500 mil e 600 funcionários estão sob a mira da demissão”, criticou.

O deputado Patrus Ananias (PT-MG) destaca que votou presencialmente contra a privatização da Eletrobras. Conforme o parlamentar, a entrega da Eletrobras é um crime de lesa-pátria. “Nós sabemos que a maior parte da energia elétrica no Brasil vem das águas, das hidrelétricas. Privatizar a energia elétrica é privatizar as nossas águas, as nossas nascentes, os nossos rios”, disse.

Para Patrus, é fundamental que as pessoas estejam atentas a esse momento que o País está vivendo.
“A nossa luta vai continuar. Vai continuar no Senado e junto ao Poder Judiciário. Nós queremos também que ela continue nas ruas, nas casas, com as pessoas, com as famílias, com as comunidades, nas igrejas, nas escolas, com os movimentos sociais, com as pessoas que efetivamente amam essa querida pátria brasileira que, infelizmente, está sendo entregue. É fundamental que nós continuemos unidos, de cabeça erguida, lutando para preservar os superiores interesses do povo brasileiro”, frisou Patrus Ananias.

A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) ressaltou que cada deputado e cada deputada que colocou a sua digital nessa privatização deve responder pelo que fez. “Eu espero que o Senado tenha consciência de não deixar o povo brasileiro pagar um preço tão alto por essa sanha entreguista do governo Bolsonaro”, afirmou.

Rosa Neide ainda destacou a importância do sistema Eletrobras, que permitiu que o governo Lula criasse o Programa Luz para Todos, “que chegou às aldeias, que jamais chegaria com capital privado, chegou aos assentamentos, chegou às terras quilombolas, as pessoas puderam ter luz em suas casas, puderam ligar a energia e ter uma água gelada pela primeira vez em suas histórias”. E ainda assim, a estatal é lucrativa, observou a deputada, acrescentando que esse lucro foi dividido com a população que mais precisa.

“O lucro da empresa foi colocado à disposição das áreas prioritárias da população brasileira. E hoje o que se quer? O capital especulativo, explorando as águas, explorando a energia natural do Brasil, quer aumentar os lucros, dobrando o valor da conta de energia”, protestou.

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) considerou uma vergonha a aprovação da MP que autoriza a privatização da Eletrobras. “Isso é uma vergonha para o Congresso brasileiro, porque privatizar a estatal significa privatizar os rios, significa encarecer a vida do povo pobre brasileiro”, afirmou. Para o deputado, a Câmara não cumpriu o seu papel em defesa dos brasileiros. “Espero que o Senado Federal rejeite essa medida provisória para não permitir a privatização dos rios, das águas, da Eletrobras e, sobretudo, o encarecimento da energia elétrica no Brasil”, reforçou.

Derrota para o povo

O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG) considerou que a privatização da Eletrobras é uma derrota para o povo brasileiro. “Foi uma noite de derrota para o nosso País”, resumiu o parlamentar frisando que votou contra porque, sem dúvida nenhuma, é um ataque à soberania nacional. “É diminuir o nosso País enquanto nação perder uma empresa lucrativa como o sistema Eletrobras, que é estratégica para o nosso País na produção de energia limpa, uma empresa que tem uma história importante e é a sexta empresa que mais dá lucro no Brasil”.

Leonardo Monteiro também lamentou o aumento na tarifa de energia que virá com essa “entrega” da Eletrobras. “E quem está dizendo isso não sou eu, que sou deputado, é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a empresa controladora, que já anunciou que haverá aumento de tarifa, com certeza, de mais de 16%”, afirmou.

Para o parlamentar mineiro, a privatização é também uma afronta para o seu estado. “Nós, que sabemos que Furnas compõe o sistema Eletrobras, vamos perder Furnas. A construção do Lago de Furnas trouxe uma dívida social grande em Minas Gerais. Para construir a usina, cidades inteiras e vários quilômetros e quilômetros de terras férteis ficaram submersos. Portanto, é um prejuízo muito grande para o Brasil e para Minas Gerais”, reforçou.

Dia de luto

Para o deputado Célio Moura (PT-TO) o dia de ontem (19) ficará marcado como uma data de luto para a soberania nacional. “Foi garantida a privatização a Eletrobras, uma empresa estatal com soberania energética e hídrica. Ficou também definido o aumento que acontecerá em breve, alguns no valor de 15%, outros em até 20%. Esse é o presente desse governo Bolsonaro, que não gosta de idosos, um governo idosofóbico, que traz para o Brasil esse crime lesa-pátria”, protestou.

Célio Moura ainda indagou: “Como vamos fazer sem a Chesf, sem a Eletronorte, sem Furnas e sem as usinas deste País? Agora, os linhões, todos feitos com o dinheiro do povo brasileiro, num ato de covardia, serão privatizados. Este País quer vender tudo. Daqui uns dias, serão os Correios, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal”, alertou.

O deputado Leo de Brito (PT-AC) repudiou a votação que aprovou a privatização da Eletrobras. “O Brasil perdeu muito com essa privatização da Eletrobras. Foi um crime de lesa-pátria. O País está abrindo mão da sua soberania energética, do potencial que temos, de uma empresa lucrativa para servir meramente a interesses espúrios do mercado”, denunciou. Ele enfatizou que, com certeza, quem vai pagar essa conta é a população, que vai ter, sim, mais uma vez, aumento de energia e vai sofrer com a qualidade do serviço.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também lamentou a aprovação da MP que permite a privatização da Eletrobras. “Lamentavelmente, votou uma matéria com o apoio de 313 senhoras e senhores deputados que leva a uma especulação enorme a nossa energia, que entrega o patrimônio da nossa Nação, que empobrece os pobres cada vez mais, porque resolveram, na verdade, privatizar setores que não são apenas estratégicos, mas que rendem lucro para o governo, para os nossos estados, para o povo brasileiro”.

Benedita disse que não consegue entender como alguém que tem consciência, que recebeu do pobre o voto teve a coragem de entregar esse patrimônio. “A conta de luz vai ficar mais cara sim e vai fazer com que os nossos trabalhadores e trabalhadoras deixam de possuir aquilo que é fundamental ter em casa hoje em dia, como geladeira, e outros equipamentos elétricos”, criticou.

Os deputados Airton Faleiro (PT-PA), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF), Helder Salomão (PT-ES), João Daniel (PT-SE), Joseildo Ramos (PT-BA), Pedro Uczai (PT-SC) e Zé Ricardo (PT-AM) também repudiaram a aprovação da privatização da Eletrobras.

 

Vânia Rodrigues

 

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