A greve nacional dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios ganhou nesta quinta-feira (27) o apoio de parlamentares do PT, durante Ato Virtual em apoio à greve da categoria e em visita a lideranças sindicais. Os deputados Vicentinho (PT-SP), Leonardo Monteiro (PT-MG), Erika Kokay (PT-DF) e João Daniel (PT-SE), manifestaram seu apoio irrestrito a paralisação que reivindica a manutenção de direitos que estão sendo retirados dos trabalhadores pela direção da empresa pública e luta contra o processo de privatização já anunciado pelo governo Bolsonaro. Nesta sexta-feira (28), a greve entrará no 10º dia.
O ato virtual também contou a participação de lideranças do Fórum das 11 centrais sindicais do País (CUT, Força, UGT, CTB, CSB, Nova Central, CGTB, CSP – Conlutas, Intersindical, Intersindical Instrumento de Luta e A Pública). Deputados do PSOL e PCdoB, e o senadores Paulo Rocha (PT-PA) e Paulo Paim (PT-RS), também manifestaram apoio a greve.
Durante a live, lideranças sindicais informaram que a direção da empresa – comandada pelo general Floriano Peixoto Vieira Neto – está deixando de cumprir 70 das 79 cláusulas do contrato coletivo de trabalho negociado entre funcionários e a empresa no ano passado, com aval do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Eles explicaram que o descumprimento do acordo ocorre porque o STF concedeu uma liminar a direção da empresa reconhecendo a validade do acordo coletivo somente até este ano, e não até 2021, como foi inicialmente negociado.
Entre os retrocessos estão a retirada do adicional de risco, a redução no valor do vale-alimentação e no período de licença gestante, e outros direitos que podem levar a redução em até 45% do salário total dos funcionários dos Correios. O deputado Vicentinho, representando o líder do PT no Ato, o deputado Enio Verri (PR), hipotecou o apoio dos parlamentares petistas na Câmara à greve.
“Declaro aqui o apoio da Bancada do PT à greve em defesa dos Correios e contra a retirada de direitos. Também peço apoio de todas as centrais sindicais aqui presentes ao projeto de lei (PL 3866/2020), de minha autoria e assinado por toda a Bancada do PT, que determina que todas as categorias essenciais que tiverem data base vencendo, ou a vencer, enquanto estivermos na pandemia, tenham seus direitos respeitados até 45 dias após a decretação do fim dessa situação. Peço apoio as centrais sindicais para que pressionem o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que coloque esse projeto em votação”.
Nota de apoio
Representando a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios, o deputado Leonardo Monteiro lembrou que no último dia 24 de agosto vários deputados e senadores da Frente (do PT, PSOL, PCdoB e PDT), e os líderes da Oposição e da Minoria na Câmara e no Senado, se reuniram e construíram uma nota de apoio a greve dos trabalhadores dos Correios. No documento, eles também pediram o apoio dos presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), às reinvindicações dos trabalhadores e contra o processos de privatização da empresa.
O parlamentar destacou que a greve é justa, e também pediu apoio para os projetos favoráveis aos Correios que tramitam na Câmara e no Senado. Entre eles, o projeto de lei que cria o Fundo de Universalização dos Serviços Postais (PL 1368/2019), de sua autoria. “Esse e outros projetos reforçariam a musculatura dos Correios. Vamos continuar firmes no Congresso Nacional em defesa dos Correios, dessa empresa pública que serve a população”, afirmou.
Contra a privatização
Por sua vez, a deputada Erika Kokay apoiou a luta dos trabalhadores dos Correios, e lembrou que a retirada de direitos é a primeira etapa visando a privatização da empresa. Por isso, ela destacou que a greve precisa continuar para evitar uma futura privatização dos Correios, não só em defesa dos empregos de seus funcionários, mas também em defesa do direito do povo brasileiro a um serviço postal.
“Os Correios simboliza a unificação do Brasil. Ela é uma empresa que dá lucro, mas esse lucro vem de uma parcela pequena dos municípios, menos de 10%. Se houver uma privatização, os outros municípios não serão atendidos, porque não haveria lucro nessa operação. Essa empresa precisa continuar pública, porque é ela que leva os livros didáticos, os medicamentos, e que levar as vacinas contra a Covid para todo o País”, explicou.
Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, a luta dos trabalhadores dos Correios precisa ser apoiada por toda a sociedade. Segundo ele, uma vitória nesse caso seria uma vitória para impedir outros ataques a direitos visando a privatizações de outras empresas públicas.
“A luta dos Correios é a luta de todos os trabalhadores contra a privatização de uma empresa que não visa apenas o lucro, mas que chega a todos os rincões do País, e que não chegaria de se fosse privada. Querem na verdade privatizar os Correios, para depois privatizar a Caixa, e as demais empresas públicas e estatais”, observou.
Acordo Coletivo
A representante da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), Amanda Cosino, condenou a retirada de direitos dos trabalhadores o desrespeito ao acordo coletivo da categoria. Segundo ela, o governo Bolsonaro está desrespeitando uma categoria que tem sido essencial no atua período de pandemia.
“Somos trabalhadores essenciais nessa pandemia, entregando testes, respiradores e material para pesquisa da vacina. Enquanto isso, tivemos vários funcionários contaminados e quase 100 morreram pela Covid. E qual a recompensa que recebemos? A retirada de nossos direitos”, reclamou.
Visita
Na manhã desta quinta-feira (27), o deputado federal João Daniel realizou uma visita aos dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Sergipe, que estão em greve desde o último dia 18, para tratar sobre a situação e dar seu apoio às reivindicações da categoria. Ele foi recebido pelo secretário-geral do Sindicato, Jean Marcel, e o dirigente Diego Ramos, que informaram os motivos da greve e como está o movimento no estado.
O deputado João Daniel declarou seu apoio às reivindicações da categoria, que considera justas. Ele se comprometeu em levar a situação para ser tratada pela Câmara e denunciar o caso na sessão do Parlamento. “Não se justifica que a empresa retire direitos dos trabalhadores, quando não é uma empresa que está quebrada, pelo contrário, vem dando lucro”, afirmou.
Assista o ato:
Héber Carvalho