Deputadas e deputados da bancada do PT denunciaram, durante reunião da CCJ que analisa a admissibilidade da denúncia contra Michel Temer, por corrupção passiva, a hipocrisia dos parlamentares governistas que tentam desqualificar os inúmeros indícios de crime praticado por Temer. Segundo os petistas, esses mesmos parlamentares tentam passar à opinião pública- durante o processo de impedimento de Dilma Rousseff – uma falsa imagem de zelo pela ética e de combate à corrupção.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) lembrou que, naquela época, era comum ouvir os mesmos parlamentares que atualmente apoiam Temer, dizer que o afastamento de Dilma faria o País avançar.
“Diziam que ela tinha que sair por causa de popularidade, porque estava atrapalhando o combate à corrupção, e assim afastaram uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos e que nunca respondeu a nenhum processo por corrupção. Enquanto isso, temos hoje um presidente denunciado por receber vantagens indevidas, como 500 mil reais por semana, porque atendeu interesses da JBS”, ressaltou.
Na mesma linha, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse que hoje estranha o comportamento dos defensores de Temer na CCJ e que durante o processo de admissibilidade do processo de impeachment de Dilma demonstravam fervor patriótico.
“Muitos se enrolavam na bandeira do Brasil, usavam fitas verdes e amarelas enroladas no pescoço e até chegaram às lagrimas. Hoje dizem que 500 mil em uma mala não é problema, que Rocha Loures não é problema de Temer, Assim como receber empresários fora da agenda e tarde da noite. São esses mesmos que há pouco mais de um ano diziam que o grave mesmo eram as tais pedaladas fiscais. E o povo agora assiste perplexo esse cinismo”, ressaltou.
Ainda sobre o mesmo tema, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que muitos dos atuais governistas hoje tentam esconder os crimes de Temer.
“Mas não faltam provas. Inclusive, a própria palavra do presidente, gravada secretamente durante a reunião e o posteriormente o encaminhamento do que foi tratado, configurando a prática de corrupção”, afirmou.
Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) lembrou que, diferentemente de Dilma Rousseff- vítima de um golpe travestido de impeachment- hoje sobram evidências dos crimes praticados pelo presidente Temer.
“Não são crimes baseados em ilações ou convicções, como descritos na sentença que atingiu o presidente Lula. São crimes como os 500 mil semanais para Michel Temer- durante 20 anos- além da utilização do Estado para evitar um julgamento com liberação de emendas e promessa de cargos”, acusou.
Ao também lembrar da destituição da presidenta Dilma, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) destacou que, diferentemente dos golpistas, hoje o que move a oposição não é o rancor político demonstrado contra Dilma Rousseff.
“Nós até poderíamos, politicamente, pedir a saída de Temer porque rasgou a CLT, pelos 44 trabalhadores sem-terra assassinados no campo, pelo congelamentos dos serviços públicos por 20 anos, pelo corte de recurso nas universidades federais e pelo fechamento da farmácia popular. Mas estamos apenas pedindo a admissibilidade de uma denúncia com muitas provas”, disse.
Assim como o parlamentar baiano, o deputado Marco Maia (PT-RS) afirmou que as provas contra Temer não são fruto de especulações. “Existem provas e informações de que Temer cometeu crimes. Não é apenas uma versão de uma delação premiada, existem vídeos, áudios, são provas concretas”.
Ao também defender o julgamento de Temer, a deputada Margarida Salomão (PT-MG) desmontou o argumento de alguns governistas de que o Brasil estaria no caminho certo, e que por isso Temer deveria ser preservado. “Este governo é um fracasso completo. Dizer que devemos preservá-lo porque garante a estabilidade ao Brasil é uma fraude, assim como é fraude a alegada recuperação econômica, que não existe de fato, e a entrada de capital estrangeiro, que apenas vem arrematando nossas empresas a beira da falência”, destacou.
Héber Carvalho
Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados