Petistas cobram saída imediata do presidente da Caixa por assédio sexual contra trabalhadoras

Ato contra o assédio na CEF, hoje em Brasília. Foto: df.bancarios/Instagram

Parlamentares da Bancada do PT usaram a tribuna da Câmara nesta quarta-feira (29) para repudiar e manifestar indignação com as atitudes do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, denunciado por funcionárias por assédio sexual. A deputada Erika Kokay (PT-DF) cobrou da Casa um posicionamento contra as denúncias relatadas por cinco mulheres sobre as abordagens inapropriadas do presidente do banco. A deputada também anunciou que está ajuizando uma representação no Ministério Público do Trabalho. “Nós estamos fazendo uma série de ações porque não se pode colocar o manto da impunidade sobre esse crime continuado, provocado pelo presidente da Caixa”, afirmou.

Deputada Erika Kokay. Foto: Wesley Amaral/Câmara dos Deputados

“Pedro Guimarães acha que as empregadas, as funcionárias, as bancárias da Caixa estão ao seu dispor. É absolutamente revoltante a notícia que pontua tantos casos de assédio sexual pelo presidente da Caixa, esse que se nega a defender a instituição, que bate palmas para a quebra do monopólio do penhor, que bate palmas para o fato de o Senado impedir que a Caixa operacionalize a loteria da saúde e do turismo. É ele que está sendo denunciado por assédio sexual. Essas denúncias devem provocar a indignação de cada uma e de cada um de nós e devem provocar uma resposta altiva desta instituição, da Câmara Federal”, cobrou.

Erika Kokay destacou o caráter misógino e sexista do presidente Bolsonaro, “que chegou a classificar o estupro como um prêmio” para afirmar que “obviamente, o presidente de uma instituição como a Caixa se sente à vontade para efetivar crimes de assédio sexual e moral continuados”. Ela disse ainda que foi esse mesmo presidente (Pedro Guimarães) que forçou os gestores a fazerem flexão em uma solenidade. “Esse mesmo presidente, que tantas vezes desrespeitou os empregados e empregadas da Caixa, agora mostra a sua condição de criminoso como assediador sexual”, criticou.

“Respeite a Caixa! Repeitem as mulheres, a dignidade das mulheres! Mulheres que dão o seu depoimento dizem que estão com as mãos geladas, que o seu coração palpita, porque foram assediadas pelo presidente da Caixa, que hoje estava conduzindo uma solenidade institucional, dentro da Caixa, hoje pela manhã. Conduziu essa solenidade com um cinismo que dói na alma, que provoca uma dor para este País”, desabafou.

Por isso, continuou a deputada Erika, “nós temos sim que fazer com que este presidente saia imediatamente da instituição, mas que responda por cada ato que fez”.

Criador e criatura

Deputado Rogério Correia (PT-MG). Foto: Gustavo Bezerra

Ao repudiar os atos imorais do presidente da Caixa, o deputado Rogério Correia (PT-MG) relembrou a história da criatura e do criador. “No caso, agora, tratemos por criador o presidente Jair Bolsonaro e a criatura o presidente da Caixa. Pode parecer exagero, mas não é. Bolsonaro foi, agora, condenado porque tratou uma jornalista – Patrícia Campos Mello – com machismo, tratou essa jornalista, uma mulher, com aquilo que é característico dele: brutalidade, desrespeito, falta de ética, de moral, de companheirismo. Não é de hoje que ele faz isso. Bolsonaro já ofendeu deputadas aqui. Ele tem com as mulheres uma relação que não é uma relação de companheirismo, de igualdade, de reconhecimento das mulheres enquanto aquilo que de fato elas precisam ter”, observou.

Agora, continuou Rogério Correia, o presidente da Caixa faz isso e não vi do presidente Bolsonaro absolutamente nada que negasse o que foi feito por ele, não ouvi o presidente dizer que vai demiti-lo imediatamente por esse assédio que ele cometeu e que envergonha todo o País. Servidoras públicas são assediadas por um presidente de uma instituição como foram. Esse é o retrato do que estamos acostumados a chamar de bolsonarismo: a ausência de respeito, a posição machista, antifeminista, tudo isso que vem sendo denunciado”, enfatizou.

País em degradação moral

Deputado Flávio Nogueira. Foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados

O deputado Flávio Nogueira (PT-PI) considerou como “mais uma mancha do governo Bolsonaro”, as denúncias de assédio sexual e moral que o presidente da Caixa Econômica praticava contra as funcionárias. “O que se passou naquela entidade, naquele banco, de enorme importância para este País, nada mais foi do que um ato de degradação da ordem, dos valores morais e sociais”, destacou.

“Vejam a que ponto chegou este governo, que, na campanha eleitoral, se chamava anticorrupção, incorruptível, que valorizava a ética e a moral. Entretanto, nós estamos vendo a antítese dessa narrativa. Nós chegamos, agora, a ver esse absurdo que se passou entre as funcionárias da Caixa Econômica Federal”, desabafou.

Flávio Nogueira conclui que há um país em degradação moral, em degradação da ordem, dos valores, da moralidade e dos valores sociais.

Assédio sexual é crime

Deputada Maria do Rosário. Foto: Gabriel Paiva

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que não basta o afastamento do presidente da Caixa. “Não basta que esse Pedro Guimarães seja afastado. O assédio sexual é crime, e como criminoso ele tem que ser tratado. O desrespeito às mulheres tem que ter fim. Esse Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual pelas trabalhadoras da Caixa, sinceramente, envergonha”, criticou.

Maria do Rosário aproveitou para cumprimentar a jornalista Patrícia Campos Mello, que conquistou mais uma vitória no Poder Judiciário, em uma ação judicial contra o presidente Jair Bolsonaro. “E toda vitória de uma mulher na Justiça ou nas urnas contra Jair Bolsonaro é uma vitória de todas nós. Toda mulher que derrotar esse presidente da República — que está impondo a fome às mães de família desse Brasil, que lhes impõe a tristeza de colocar os filhos na cama sem alimento, que lhes impõe salários aviltantes, e que ainda nos desrespeita, como desrespeitou Patrícia Campos Mello — deve ser valorizada”, observou.

Por quatro votos a um, a 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que o presidente Jair Bolsonaro ofendeu a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, com insinuação de cunho sexual. Além de manter a condenação, o Tribunal de Justiça de São Paulo elevou o valor da indenização, de R$ 20 para R$ 35 mil.

O ataque foi feito por Bolsonaro em 2020, motivado por reportagens de Patrícia Mello que revelaram um esquema de disparos de mensagens em massa contra o PT nas eleições de 2018.

 

Vânia Rodrigues

 

 

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