Petistas apoiam arcebispo de Aparecida que prega contra a corrupção, fake news e armas

Dom Orlando: “Para ser Pátria amada, não pode ser Pátria armada". Foto: Thiago Leon/Santuário Nacional

As palavras de Dom Orlando Brandes, arcebispo metropolitano de Aparecida, que em missa solene ontem (12), no Santuário Nacional de Nossa Senhora, pregou contra a corrupção, contra as fake news e contra as armas, repercutiu no plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (13). Para o deputado Helder Salomão (PT-ES) o sermão de Dom Orlando deve ficar registrado na história do País. Ele repetiu trechos da homilia do arcebispo: “Para ser Pátria amada, não pode ser Pátria armada. Para a Pátria ser amada, tem que ser uma Pátria sem ódio (…) uma República sem mentiras e sem fake news, para ser uma Pátria amada, tem que ser uma Pátria sem corrupção e com fraternidade”.

Helder Salomão destacou ainda que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem tido uma postura muito importante de fé, de vida e de defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana. “E Dom Orlando Brandes fez uma homilia que reflete a realidade vivida pelo nosso País”, afirmou o deputado, ao acrescentar que o governo Bolsonaro em vez de incentivar políticas de inclusão, incentiva o uso de armas, flexibiliza o porte e a posse de armas.

Foto: Cleia Viana Câmara dos Deputados

Governo do ódio

“Em vez de o governo combater a fome, estimula e flexibiliza a adoção de novos tipos de agrotóxicos que tiram a vida das pessoas. Inclusive o Brasil virou o campeão mundial entre os países que autorizam o uso de agrotóxicos proibidos em muitas nações do mundo”, protestou Helder Salomão. Ele ainda afirmou que no Brasil, em vez de termos um presidente e um governo preocupados com a paz e com a fraternidade, temos um governo que estimula o ódio e as fake news.

“É um governo que, ao invés de cuidar dos direitos, apresenta medidas e propostas para privatizar Correios, Eletrobras, para aprovar a Reforma Administrativa (PEC 32), que retira direitos dos servidores públicos e propõe o desmonte do serviço público e do Estado Democrático de Direito”, criticou.

Ainda na avaliação de Helder Salomão, o Brasil de Bolsonaro é um país que hoje está indo para o caos porque os preços disparam, o desemprego e a fome disparam, e o governo não trata dos principais assuntos para salvar a vida do povo, não trata da vacina e não trata das necessidades do povo.

“Por isso, as palavras de Dom Orlando Brandes ecoam em todas as regiões do nosso País porque todos os homens e mulheres de bem sabem, aqueles que estão preocupados com o nosso povo, que a Pátria amada que eles tanto apregoam não passa de uma fake news porque quem quer a Pátria amada cuida dos seus filhos”, concluiu.

Pátria deve ser amada

“Eu quero aqui dar ênfase às palavras de Dom Orlando, quando ele disse que a pátria deve ser amada e não armada”, afirmou a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT). Ela destacou que Dom Orlando falou fortemente sobre o papel dos cidadãos e do povo cristão com relação à fome e também com relação a fake news, que o povo cristão tem maior obrigação de combater, além de primar pela verdade. “Falou também fortemente sobre corrupção e sobre as atitudes de que quem está em governos deve tomar. Eu acho que nós, como parlamentares, temos que seguir aquilo que foi colocado pelo Bispo de Aparecida”, defendeu.

Deputada Rosa Neide (MT) Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

“A Paulo Guedes, o filé; ao povo, os ossos”

A deputada Erika Kokay (PT-DF) observou que enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, lucra com a alta do dólar, o povo brasileiro sofre na fila para fazer sopa de osso. “O povo voltou a conviver com a fome, que foi erradicada do Brasil no governo Lula. O povo voltou a conviver com a fome. É como se dissessem: “a Paulo Guedes, o filé; ao povo, os ossos”.

Este, segundo Erika Kokay, é o mesmo raciocínio daqueles que acham que lutar por direitos é mimimi. “Alguns questionam porque as meninas pobres querem ter direito a ter absorvente, a uma dignidade menstrual? Às meninas pobres, os paninhos; às que podem pagar, os absorventes. Esta é uma lógica que está entranhada no governo Bolsonaro, que acha natural a desigualdade, que acha natural a fome, que acha natural que tenhamos o cinismo ocupando e ostentando uma faixa presidencial — o cinismo, a mentira, a política do ódio”, denunciou.

Para a deputada, toda essa situação está muito bem respondida pelo arcebispo Dom Orlando, que ao homenagear a Padroeira do Brasil afirmou que Pátria amada não é pátria armada. “E falou contra a mentira, que virou o método de atuação do próprio governo Bolsonaro, um governo que nega a realidade, que constrói uma outra realidade, e dentro dela só cabe aquele ou aquela que está de acordo com a narrativa que busca substituir os próprios fatos”, frisou.

Erika concluiu afirmando que o Brasil é muito maior do que “o ódio exalado por Jair Bolsonaro, é muito maior do que o ódio pela população pobre, é muito maior do que o cinismo de Paulo Guedes, é muito maior do que o que eles estão fazendo com o Brasil”.

Deputada Erika Kokay. Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados

Boa-fé

E o deputado Padre João (PT-MG) fez um apelo nesta semana dedicada à Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. “Nunca uso esta tribuna no sentido de trazer a questão religiosa, mas ela também é, de certa forma, importante, quando tem um sentido político. O presidente da República procurou, e vem procurando usar a boa-fé de muita gente, inclusive católicos e evangélicos”, afirmou o deputado, ao observar que qualquer grande religião, seja ela qual for, deve impulsionar os seus integrantes ao amor e ao respeito.

“É muito claro que o próprio Cristo condenou a hipocrisia, o farisaísmo, o legalismo, e é ainda surpreendente haver, tanto no meio evangélico quanto católico, uma defesa a um presidente genocida, uma pessoa que não respeita as mulheres, que não respeita a própria diversidade sexual, um homofóbico, que não respeita o meio ambiente e as demais criaturas”, criticou. O próprio Cristo, explicou Padre João, condenou o farisaísmo — aquelas pessoas que usam da religião para parecer. “A religiosidade nos impulsiona a amar, a servir, a se dedicar ao próximo; não é para ocupar os lugares, para aparecer. Isso é condenável, é uma hipocrisia”, completou.

Deputado Padre João. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Vânia Rodrigues

 

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