Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara na manhã desta quinta-feira (2) para falar sobre o dia 7 de setembro, data para lembrar da Independência do Brasil, mas também de denunciar o quanto ainda falta para que este País seja de fato soberano e justo. Exatamente por isso, acontece nessa data o Grito dos Excluídos, manifestação pacífica por saúde, comida, moradia, trabalho e renda.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) falou de independência de um País que deve ser livre, que exige ser livre, “livre e autônomo das potências internacionais, do arrocho que o mercado faz, livre dos aproveitadores que encontram-se no governo, livre da fome e da miséria que voltou à casa dos brasileiros e brasileiras, livre e independente para ver o Sistema Único de Saúde sendo fortalecido, livre da morte e de tantos órfãos que estão vivendo hoje a perda dos seus familiares”.
Maria do Rosário se dirigiu, sobretudo àqueles que fazem mobilizações contra a democracia no 7 de setembro “que tentam, mais uma vez — eles se encontram no governo Bolsonaro e no apoio a esse governo que é contra o Brasil —, se aproveitarem dos símbolos pátrios, como se aproveitaram da Bandeira Nacional, das cores da camiseta da seleção brasileira, das cores do Brasil, só que na hora de privatizar os Correios que carrega as cores do Brasil, aí não é Brasil! Na hora de liquidar a Eletrobras e fazer o povo pagar caríssimo o preço da tarifa de energia elétrica e dizer para que apaguem a luz, aí não há Brasil!”, protestou.
Para Maria do Rosário, o interesse público é muito mais do que o símbolo. “Mas nós também não estamos dispostos e dispostas a permitir que os símbolos pátrios, sobretudo o símbolo da independência também, porque essa é a luta do povo brasileiro contra a fome, a miséria, a opressão, o racismo, e todas as violências, este símbolo estará ali nas ruas representado pelo grito dos excluídos e das excluídas. E nós estaremos com os movimentos sociais, não para provocar quem quer que seja, mas para nos contrapormos aos fascistas, aos neonazistas, aos apoiadores de ditaduras, aos que querem fechar o Congresso ou o Supremo, aos que não respeitam a Constituição”, garantiu.
A verdadeira independência
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) também destacou a tradição do Partido dos Trabalhadores de, no dia 7 de setembro, lutar, junto com o povo brasileiro, com os movimentos sociais, populares, os movimentos de várias igrejas pela verdadeira independência do País. “A verdadeira independência só será construída com um País mais igualitário, com menor desigualdade”, afirmou.
O deputado disse que atualmente o País está vivendo uma carestia nunca vista antes na história do Brasil. “O povo brasileiro está passando por muitas dificuldades. Nós estamos com mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras desempregados ou subocupados. O Brasil tem 15 milhões de brasileiros que estão desempregados, tem mais 15 milhões de brasileiros desalentados e tem mais de 30 milhões subocupados. Partes das elites querem reconhecê-los como microempreendedor individual, mas, na verdade, vivem de biscate, de bico, estão subocupados e neste momento sem renda. Então, a carestia bateu na casa do povo brasileiro”, denunciou.
Reginaldo Lopes avaliou ainda que o presidente Bolsonaro está convocando manifestações para defender pauta da época da pedra, pauta da barbárie. “Ele não tem o compromisso de resolver os problemas do País, de enfrentar os verdadeiros inimigos do País, que são a desigualdade, o desemprego, a miséria, o desalento. Portanto, nós precisamos ocupar as ruas para manifestar junto com o nosso povo que nós queremos um outro País. Nós vamos juntos com os movimentos populares manifestar no dia 7 de setembro pela verdadeira independência do povo brasileiro, que quer outra política econômica, com o Estado no centro do desenvolvimento, da geração de emprego e renda, da transferência de renda”, adiantou.
Por que Bolsonaro faz atos no 7 de setembro?
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) indagou os motivos de o presidente Jair Bolsonaro promover atos contra a democracia, com financiamento privado, em Brasília e em São Paulo no dia 7 de setembro. “A minha conclusão é que ele está promovendo esse ato como forma de tentar evitar o seu impeachment, porque a sua popularidade está ladeira abaixo, a economia está em profunda crise, o PIB brasileiro diminuiu em relação ao PIB do mundo inteiro, o desemprego bate recorde, a inflação está fora de controle, nesta semana foi anunciado um racionamento de energia no Brasil”, avaliou.
Paulo Teixeira citou ainda a volta da fome. “O Brasil vive um grande drama social com desempregados, desalentados, pessoas que estão vivendo em situação de fome. Nós estamos vivendo uma crise ambiental sem precedentes. Mas por que ele faz um ato? Porque ele não tem condições de dar vida boa ao povo brasileiro. Ele, então, está tentando evitar o impeachment, que é o caminho”.
O deputado lembrou ainda que Bolsonaro mantém um grupo de fanáticos nas redes sociais e estabelece a luta contra o STF “como uma maneira de animação da sua tropa, para garantir que não tenha uma forma de impeachment”. Paulo Teixeira disse é por isso que vê que a única razão dessa manifestação do dia 7 de setembro “é manter um governo que levou o Brasil ao desastre econômico, ambiental, social e político”.
Na avaliação do deputado João Daniel (PT-SE), o que Bolsonaro quer com esses atos de 7 de setembro é fazer aquilo que ele sempre fez: mentir, enganar, criar conflitos, fazer com que a população não discuta verdadeiramente os problemas deste país. “É hora de parar Bolsonaro. É hora de o presidente da Câmara, Arthur Lira, desengavetar os processos de impeachment. É hora de darmos força ao Supremo Tribunal Federal para apurar as mentiras e os crimes cometidos pelo governo Bolsonaro, pelo gabinete do ódio”, afirmou, ao acrescentar que o 7 de setembro e a bandeira verde e amarela representam os interesses nacionais. “Por isso não à mentira, não ao golpe, não às manifestações antidemocráticas! Viva o Brasil, o povo brasileiro e a democracia!”, concluiu.
Fora, Bolsonaro
E a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que o Grito dos Excluídos se fará ouvir no dia 7 de setembro. “Um grito por comida no prato, por vacina no prato e pelo fora, Bolsonaro. O País não aguenta mais ver um presidente que despreza a vida, que despreza o povo, que diz para comprar fuzil e não feijão e ri do povo pobre, com fome, necessitado, humilha as pessoas que estão com fome, expressa um desdém por quase 600 mil pessoas, pelas famílias que perderam seus entes queridos”, lamentou.
Benedita enfatizou que o povo quer comida na mesa, quer emprego, quer liberdade e quer democracia, “porque é assim que formamos cidadãos e cidadãs e fazemos um País crescer, com as instituições democráticas, com uma Suprema Corte, com o Congresso Nacional e todos esses movimentos sociais na luta do dia a dia do povo brasileiro”.
Nada vai nos calar
Para o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) é surreal o que está acontecendo com o Brasil neste momento: 15 milhões de desempregados, mais de 20 milhões de pessoas passando fome, milhares de mortos por conta da Covid, custo de vida cada vez mais alto, e tantos outros problemas que afligem a vida do povo brasileiro, nos setores da educação, saúde, economia. “E o que faz aquele que deveria ser o presidente da República? O que faz aquele que deveria ter o maior número de ferramentas, de condições, de alterar essa realidade tão triste no País? Não faz nada. Bolsonaro ocupa todo o seu tempo, canaliza a energia de todo o seu governo, a Força Nacional para uma tentativa autoritária de conflito no dia 7 de setembro”.
O deputado enfatizou que é inacreditável, vergonhoso e revoltante ver Bolsonaro querer roubar os símbolos da Pátria, quer se apoderar, para fazer uso político-eleitoral, da Bandeira do Brasil. “Obviamente nós não vamos permitir isso. A Bandeira é do Brasil e o 7 de setembro não são de nenhum partido político, de nenhuma figura política. Nada vai nos calar. Nada vai nos colocar medo. Nada vai nos fazer recuar da necessidade de mudar o rumo do Brasil. O Brasil precisa voltar a ser feliz de novo, gerar emprego, gerar renda”, afirmou.
A Bandeira do Brasil é de todos
O deputado Vicentinho (PT-SP) também afirmou que a Bandeira do Brasil é de todos. “Não deixem que “esses vendilhões da Pátria” façam da Bandeira do Brasil o símbolo da Direita. A Bandeira do Brasil é nossa. Não deixemos que ela seja manchada. Por isso, neste 7 de setembro, a Bandeira do Brasil deve ser usada por todos os que lutam por direitos e pelo Brasil. Ela deve ser usada contra Jair Bolsonaro, que é um entreguista, traidor da Pátria, criminoso, genocida. Ergamos a Bandeira do Brasil para defender estabilidade social, respeito ao nosso povo”, frisou.
Separar o joio do trigo
E a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) enfatizou que o Grito dos Excluídos chega a sua 27ª edição consecutiva. Uma mobilização que foi sempre às ruas para lutar por saúde, por alimentação, por moradia, por trabalho, por renda e por democracia. “Sabemos que o presidente da República está chamando também movimentos às ruas, inclusive dizendo ‘menos feijão e mais fuzis’. Dessa luta, não participamos! Queremos uma luta nas redes, queremos uma luta nas instituições, queremos uma luta junto com padres e pastores que gostam da população, que estudam e que se baseiam no cristianismo para dizer que sociedade queremos”, afirmou.
A deputada alertou que é preciso separar o joio do trigo. “Vamos nos separar. Joio e trigo não combinam. Ficar à mesma mesa com as pessoas que querem os fuzis e as armas pode nos atingir. Nós queremos paz e liberdade, um País fraterno para todos e todas”. Rosa Neide disse ainda que o 7 de setembro significa para todos nós, “para mim especialmente, como professora, chamar os alunos para participarem das paradas do 7 de setembro, chamar a organização popular dos educadores para dizer: Viva a liberdade! Viva a Independência! Viva a democracia! Saúde para todos! Alimentação para todos! Distribuição de renda! É assim que faremos neste Sete de Setembro!” sublinhou.
Bolsonaro defende seus próprios interesses
Na avaliação da deputada Erika Kokay (PT-SP), Bolsonaro não governa o Brasil e busca se utilizar da sua condição de presidente para defender seus próprios interesses. “Este Presidente adora passear de moto e vai a todo canto para chamar as pessoas para desrespeitarem a Constituição e as instituições, para exigir que as pessoas estejam aqui no dia 7 de setembro para autorizá-lo a descumprir a Constituição. O presidente não pode estar nessa condição. Essa faixa presidencial tem que ser arrancada do peito do fascismo e do arbítrio, do peito estufado de ataques à própria Constituição e à democracia!”, defendeu a deputada, assegurando que no dia 7 estará nas ruas, no Grito dos Excluídos para “defender o povo negro, o povo pobre deste País, que tem sido açoitado por Jair Bolsonaro”.
Para o deputado Zé Ricardo (PT-AM), o Grito deste ano é pelas 580 mil pessoas que morreram vítimas da Covid-19, pela inoperância e pelos atos criminosos do Governo Bolsonaro. “Um Grito contra a corrupção e as negociatas para as compras e distribuição das vacinas, que vieram para salvar vidas; contra o desmonte e o corte de recursos no serviço público, na saúde e na educação; um Grito contra a carestia, contra a fome que está voltando e contra o desemprego (mais de 14 milhões de pessoas nessa situação); um Grito contra a falta de moradia; contra o Marco Temporal, que ameaça direito dos povos indígenas; contra as privatizações, contra o desmatamento, contra a cultura do ódio e em favor da vida”, afirmou o deputado.
Também se manifestaram sobre as comemorações do 7 de setembro e sobre o Grito dos Excluídos os deputados Airton Faleiro (PT-PA), Paulo Guedes (PT-MG), Pedro Uczai (PT-SC) e Valmir Assunção (PT-BA).
Vânia Rodrigues