O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ao discursar pela liderança do partido na Câmara, nesta terça-feira (14), mostrou o despreparo do governo federal para administrar e contemporizar a crise da segurança pública tanto no Espírito Santo como no Rio de Janeiro. Para o deputado, a intransigência e a inabilidade do governo Temer estão impedindo um desfecho satisfatório para a situação dos dois estados. No caso específico do Rio de Janeiro, ele foi mais enfático ao citar agravantes que envolvem a questão fiscal e dão à crise do seu estado contornos de maiores proporções: “ela está longe de ter uma solução e uma saída”.
Luiz Sérgio lembrou que, para além de uma resposta à questão da segurança, o Rio de Janeiro continua aguardando o resultado do acordo firmado em 26 de janeiro com o governo federal para reorganizar as contas do estado. “Já estão se passando quase 30 dias e isso não representou um Real a mais na conta do estado para solucionar a grave crise”, lamentou. Em seguida, o parlamentar lamentou que, com relação ao Rio, o governo federal conseguiu tão somente promover até agora o envio de nove mil integrantes das Forças Armadas para fazer o policiamento e a segurança.
“Transformar as Forças Armadas numa Polícia Militar não significa estar resolvendo o problema. Embora na hora do desespero, do medo e da crise a população veja nas Forças Armadas uma esperança para a questão da segurança, constitucionalmente esse não é o papel das Forças Armadas”, reforçou.
Sobre o Espírito Santo, alertou para a necessidade de um olhar mais atento do governo federal àquela situação, “que não pode passar em branco e ser encarada como se já tivesse sido resolvida”. Ele lembrou que “a violência, o saque, o prejuízo ao comércio e a intranquilidade ao cidadão ainda não se resolveram”.
Luiz Sérgio criticou ainda a postura das autoridades federais que chegaram ao Espírito Santo – entre elas, os ministros da Articulação Política e da Defesa – com “uma arrogância como se existissem problemas”. “É ameaça de expulsão, ameaça de prisão, ameaça de que vai botar pra arrebentar. Aí fica a pergunta. Qual a tranquilidade que terá o cidadão capixaba com a PM quando ela retornar ao trabalho humilhada, rendida, ameaçada e sem os seus pleitos solucionados?”, questionou.
Ele disse que esse tipo de postura só aumenta a tensão e pode, em médio e longo prazo, fazer aflorar novamente o problema, já que ele não foi solucionado. “Numa crise dessa complexidade, o que nós precisamos é de humildade e diálogo e não de arrogância e ameaça”, aconselhou.
Perspectivas – Detalhando ainda mais a crise no Rio de Janeiro, o deputado petista lembrou que, pela quinta vez, o início do ano letivo na Universidade do Estado do Rio de Janeiro foi adiado. “São milhares de jovens, alguns na expectativa de concluir o seu curso universitário neste ano e outros na expectativa de serem universitários. Ou seja, estão liquidando aquilo com o que não se pode brincar: a esperança de uma geração de jovens que quer concluir ou iniciar sua universidade”.
Luiz Sérgio também mostrou que, da mesma forma que o governo golpista está tolhendo a esperança desses jovens, está eliminando a perspectiva de pais de família levarem o sustento para dentro de casa. Citou como exemplo a mudança na política de conteúdo nacional implementada pelo ex-presidente Lula para construção das plataformas de produção de petróleo.
“O que estamos assistindo hoje é uma Petrobras, que, em vez de fazer esses equipamentos no Brasil, começa a contratar esses equipamentos na China, gerando emprego lá e desempregando o trabalhador brasileiro (…). Isso que estamos vivendo é a consequência de uma política comandada pelo governo federal, que diariamente fala em corte, corte e corte; em ajuste, ajuste e ajuste. E isso está arrebentando a realidade dos lares, das famílias e dos jovens brasileiros. Por isso, precisamos de outra política, que fale em investimento, que acredite no trabalhador brasileiro, acima de tudo restituindo a esperança da nossa gente”.
PT na Câmara
Foto: Gustavo Bezerra