Um ofício enviado pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) confirma que o governo Jair Bolsonaro sabia do “iminente colapso do sistema de saúde” do Amazonas no dia 3 de janeiro, dez dias antes de faltar oxigênio nos hospitais e unidades de atendimento a pacientes de Covid-19, o que resultou em dezenas de mortos por asfixia.
O documento diz que o Ministério da Saúde, comandado pelo general Eduardo Pazuello, fez reuniões nos dias 3 e 4 de janeiro com autoridades de Manaus, quando detectou que o sistema de saúde estava à beira do colapso.
“As reuniões foram realizadas entre 3 e 4 de janeiro de 2021, quando foram sumarizadas as seguintes conclusões: há possibilidade iminente de colapso do sistema de saúde, em 10 dias, devido à falta de recursos humanos para o funcionamento dos novos leitos”, diz o documento. O ofício ainda diz que o governo já estimava o pico das internações entre os dias 11 e 15 de janeiro “em função das festividades de Natal e réveillon”.
No dia 8 de janeiro, o Ministério ficou sabendo da crítica situação do esvaziamento de estoque de oxigênio em Manaus, seis dias antes do insumo acabar em vários hospitais da capital. No dia 14 de janeiro faltou oxigênio nas unidades de saúde.
“O descaso do presidente com a vida dos brasileiros não tem limites de perversão. Seis dias antes de faltar oxigênio nos hospitais de Manaus, o Ministério da Saúde foi avisado. O governo deve ser chamado à Câmara dos Deputados para dar satisfações à sociedade dessa negligência”, afirmou o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR).
Crime
Para os parlamentares petistas Maria do Rosário (RS), Erika Kokay (DF) e Jorge Solla (BA) a omissão do governo Bolsonaro diante do colapso em Manaus é crime e precisa ser julgado, além de pedir o impeachment do atual presidente da República.
“6 dias antes de faltar oxigênio em Manaus, o governo Bolsonaro sabia e não fez nada! Isso é crime. É passível de processo que responsabiliza o gestor pela morte dessas pessoas. É crime Rodrigo Maia. Não há como segurar o Impeachment de Bolsonaro”, escreveu Maria do Rosário em seu Twitter.
Para Jorge Solla é preciso ser julgado como “crime penal”. “O governo Bolsonaro soube 6 dias antes que haveria um colapso de oxigênio em Manaus e nada fez para salvar a vida dos amazonenses. A medida de Pazuello foi cobrar que se utilizasse Cloroquina. Isso precisa ser julgado como crime penal, é homicídio qualificado”.
“AGU diz que governo sabia de “iminente colapso” 10 dias antes da crise em Manaus. Bolsonaro e Pazuello cometeram crime. Precisam ser responsabilizados”, disse a deputada Erika Kokay.
Lorena Vale com Revista Fórum