Empoderamento: Bancada de mulheres do PT na Câmara aumenta de 8 para 18 parlamentares

Bancada de mulheres do PT na Câmara cresceu 125% na última eleição. Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Em uma eleição que entrou para a história do empoderamento das mulheres petistas, a Bancada Feminina do partido na Câmara dos Deputados cresceu 125%, ou seja, mais do que dobrou o número de parlamentares, passando das atuais 8 para 18 deputadas. O PT na Câmara vai incorporar em sua Bancada parlamentares negras, jovens, com ou sem experiência parlamentar anterior. Porém, todas com intensa participação em movimentos sociais ou na defesa dos direitos das mulheres, das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.

Leia abaixo um breve perfil das novas deputadas eleitas e suas pautas de luta a partir de 2023:

Ana Paula Lima (SC)

Ana Paula Lima (SC). Reprodução/Instagram

Eleita com 148.781 votos, 4ª colocada no ranking geral de Santa Catarina, a enfermeira e ex-deputada estadual Ana Paula Lima disse que seu mandato em Brasília estará comprometido com as pautas de igualdade de gênero e o combate à violência contra as mulheres. “Precisamos de mulheres que deem prioridade à implementação de políticas públicas de amparo às pequenas empreendedoras, com cursos de qualificação, com aberturas de creches, por exemplo. Enfim, garantir que as mulheres sejam respeitadas e tenham espaços iguais e de direito na sociedade”.

Ela disse ainda que seu mandato também atuará fortemente na defesa das políticas públicas voltadas ao bem-estar do povo brasileiro e de Santa Catarina. “Entre a defesa dos trabalhadores e trabalhadoras, destaco também o Sistema Único de Saúde, que precisa ampliar seu atendimento e rever a tabela SUS, bem como a valorização dos profissionais de Enfermagem, que durante a pandemia foram imprescindíveis para o atendimento de nossa população”.

Ana Pimentel (MG)

Ex-secretária de Saúde de Juiz de Fora (MG), cidade comandada pela petista Margarida Salomão, a deputada federal eleita Ana Pimentel ressalta que sua eleição é fruto de uma trajetória política em defesa do SUS e da educação, pautas que ela vai priorizar durante seu mandato na Câmara dos Deputados. Médica Sanitarista e professora universitária, Ana Pimentel foi eleita com 72.698 votos.

Ana Pimentel (MG). Reprodução Instagram

“A minha construção política passa por uma história de luta construída na defesa da Saúde Pública, e mais recentemente no enfrentamento à Covid, período em que estive à frente da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora, sob o comando da prefeita Margarida Salomão. Na Câmara dos Deputados atuarei na defesa do SUS, da educação e de uma maior representatividade das mulheres na política”.

Camila Jara (MS)

Eleita com 56.552 votos, a jovem vereadora de Campo Grande, Camila Jara, afirma que sua vitória na disputa por uma cadeira na Câmara, para além do “reflexo de muito trabalho e dedicação”, também aponta para um desejo de “transformação e mudança” da sociedade sul-mato-grossense. Sobre a atuação que terá no parlamento, Camila Jara avisa que a população de seu Estado pode esperar muita luta para ajudar na resolução dos problemas que afligem a sociedade.

Camila Jara. Foto: Reprodução Câmara de Vereadores de Campo Grande-MS

“A população pode esperar muita firmeza, comprometimento e propósito para fazer com que o MS se destaque na resolução de problemas sérios e latentes para nossa sociedade, como a questão ambiental, dos direitos humanos e a questão da redução das desigualdades, além da defesa de políticas públicas para as mulheres e de uma maior representatividade feminina nos espaços de poder”.

Carol Dartora (PR)

Carol Dartora (PR). Reprodução Internet

Primeira deputada federal negra do Paraná, a professora e atual vereadora de Curitiba, Carol Dartora, observa que a sua eleição é uma “resposta histórica” da luta do movimento negro, das mulheres, das pessoas LGBTQIA+ e da resistência da classe trabalhadora. Na questão racial, a parlamentar destaca que o estado do Paraná ficou atrasado em relação ao País “por ter um racismo institucional muito grande” e que também “invisibilizou a população negra por muito tempo”.

Sobre os temas que devem priorizar o seu mandato em Brasília, Carol Dartora destaca a igualdade racial e de gênero, a luta contra as desigualdades sociais e pelo direito do povo a uma educação pública de qualidade. “Também quero atuar bastante para fortalecer os mecanismos de combate à violência política de gênero e raça, para que mais mulheres, mais pessoas negras, para que a diversidade da população do nosso país possa ampliar sua presença nos espaços de poder e decisão”.

Dandara Tonantzin (MG)

Dandara (MG). Reprodução Internet

Primeira deputada federal negra eleita pelo PT de Minas Gerais, Dandara Tonantzin frisa que sua vitória não é fruto de esforço individual, mas sim a “insurgência dos corpos negros” e o resultado de uma luta coletiva. Atualmente vereadora no município de Uberlândia (MG), a nova parlamentar eleita com 86.034 votos ressaltou que seu mandato na Câmara estará a serviço das mulheres, da população negra, LGBTQIA+, da juventude e da classe trabalhadora.

“Nossas pautas são as dos movimentos sociais, nós não entramos nessa para defender banqueiros, milionários e a velha política. Entramos para lutar pelo fim da desigualdade social e a construção de uma nação antirracista. Queremos meter o pé na porta e lutar pela reforma agrária, pela educação e saúde de qualidade, pelo fim da fome, da violência e do massacre do povo mais pobre. Somos e continuaremos sendo trincheira de luta, até que o Brasil seja um país socialmente igual, humanamente diferente e totalmente livre!”.

Delegada Adriana Accorsi (PT-GO)

Adriana Accorsi (GO). Reprodução Redes Sociais

Primeira parlamentar eleita para a Bancada do PT na Câmara ligada diretamente à área da segurança pública, a Delegada Adriana Accorsi recebeu 96.714 votos. Atualmente no segundo mandato de deputada estadual em Goiás, Accorsi explica que vai atuar em Brasília na defesa dos direitos das mulheres, das crianças e adolescentes, contra a violência de gênero e na promoção dos direitos humanos e dos trabalhadores.

“Pela minha experiência pública como delegada de polícia há quase 23 anos, com atuação forte na questão do combate à violência de gênero, da violência contra as crianças e adolescentes, vou trabalhar para promover a defesa dos direitos humanos, os direitos dos trabalhadores, a educação, a agricultura familiar e a valorização das servidoras e servidores públicos, que foram pautas importantes para mim nos meus dois mandatos como deputada estadual”.

Denise Pessôa (RS)

Denise Pessôa (RS). Reprodução Instagram

Vereadora no 4º mandato em Caxias do Sul (RS) e atualmente exercendo a presidência da Câmara Municipal do município, Denise Pessôa é a primeira mulher eleita deputada federal na região da Serra Gaúcha. Negra, a parlamentar eleita ressalta que seu compromisso em Brasília será defender mais políticas públicas de igualdade racial, de combate à miséria e à pobreza, defesa das mulheres e minorias, além de ações na área da saúde, educação e de apoio à agricultura familiar. Denise Pessôa foi eleita com 44.241 votos.

“Entre as nossas principais pautas estão o acesso à educação e à saúde pública de qualidade, o incentivo à agricultura familiar e as boas práticas agrícolas, o estímulo ao desenvolvimento econômico social sustentável integrado da região da Serra Gaúcha com o estado do Rio Grande do Sul, a promoção e o incentivo a políticas públicas culturais, a garantia do direito à cidade, além da luta pelos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQIAPN+, das pessoas com deficiência (PCDs), dos idosos, das negras e negros, da juventude, por meio de políticas que promovam os direitos humanos”.

Dilvanda Faro (PA)

Dilvanda Faro (PA). Reprodução Instagram

Mulher ribeirinha e atualmente deputada estadual pelo PT do Pará Dilvanda Faro destaca que a conquista da vaga para exercer o mandato de deputada federal pelo seu estado é um avanço histórico. Dilvanda foi eleita com 150.065 votos. “Como mulher ribeirinha, ser eleita pelo povo paraense para representá-lo, me enche de orgulho. Chego para somar na Bancada Feminina do PT Câmara, onde, pela primeira vez, será composta por 18 deputadas”, observa.

Em relação às pautas que devem nortear seu mandato em Brasília estão a defesa de mais políticas públicas para as mulheres, da Amazônia e dos povos que habitam a região. “Em meu mandato como deputada federal, assim como na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), seguirei lutando em defesa das mulheres. Defender a Amazônia, os povos tradicionais da floresta e os direitos dos trabalhadores estão entre as pautas prioritárias do meu mandato na Câmara dos Deputados”.

Juliana Cardoso (SP)

Juliana Cardoso (SP). Reprodução Instagram

Primeira parlamentar de origem indígena eleita pelo PT para a Câmara dos Deputados, a atual vereadora de São Paulo Juliana Cardoso recebeu 125.517 votos. Além das pautas ligadas aos povos originários, a nova deputada ressalta que vai defender as políticas sociais voltadas à população carente, e se engajar nas lutas pela igualdade de gênero e da população LGBTQIA+, e no enfrentamento à violência contra as mulheres.

“Nossos compromissos em Brasília são amplos. E são pelo fortalecimento do SUS e SUAS. Vamos continuar na luta por projetos de moradia digna para famílias de baixa renda, na defesa dos Direitos da Criança e Adolescente e contra a redução da maioridade penal. Na questão dos Direitos Humanos, temos denunciado o extermínio da juventude pobre da periferia. Valorizamos o parto humanizado, lutamos pela igualdade racial, o fomento à cultura popular, além do respeito à igualdade de gênero na educação”.

Ivoneide Caetano (BA)

Ivoneide Caetano (BA). Reprodução Instagram

Eleita após quebrar um ciclo de 8 anos sem uma deputada federal mulher no PT da Bahia, a advogada Ivoneide Caetano diz que somará forças no parlamento “com outras mulheres progressistas na luta por um Brasil sem fome, com emprego, renda e educação pública de qualidade para todos e todas”. Ivoneide Caetano foi eleita com 105. 885 votos.

“Na Câmara vou trabalhar para devolver a dignidade ao povo brasileiro, com a revogação das reformas que esmagaram os trabalhadores e as trabalhadoras, e ainda gerar emprego e renda, sobretudo para as mulheres, porque o Brasil é um País de trabalhadoras, muitas delas mães solo que chefiam e sustentam suas famílias”.

Jack Rocha (ES)

Jack Rocha (ES). Reprodução Instagram

Primeira mulher negra eleita deputada federal no Espírito Santo, Jack Rocha obteve 51.317 votos. Atualmente presidenta do PT no estado, a primeira mulher no comando do partido, a nova parlamentar tem atuação destacada nos movimentos sociais, feministas e raciais.

Em entrevista ao jornal A Gazeta, Jack Rocha adiantou que entre as prioridades de seu mandato estão a criação de políticas para incentivar a participação de mulheres e de pessoas negras nos espaços públicos. “Gostaria de ser lembrada como uma capixaba que lutou para erradicar o racismo no Estado e para diminuir a violência contra a mulher no Espírito Santo. Minha eleição não é um marco da Jack, e sim, um marco para a democracia capixaba”.

Além das novas parlamentares, foram reeleitas as deputadas federais Luizianne Lins (CE), Erika Kokay (DF), Gleisi Hoffmann (PR), Rejane Dias (PI), Benedita da Silva (RJ), Natália Bonavides (RN) e Maria do Rosário (RS).

 

Héber Carvalho

 

 

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