Ao não reconhecer a eleição do bloco de oposição composto pelo PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede, na noite dessa segunda-feira (1º), o presidente Arthur Lira (PP-AL), além de não reconhecer sua própria eleição, escreve com esse primeiro ato, um triste capítulo na história da Câmara dos Deputados. Esse é o entendimento da maioria dos parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores que se posicionou sobre o tema via redes sociais.
“Na prática, ele anulou a eleição que ele mesmo ganhou. Só que quer ser presidente e indicar as 5 primeiras vagas na Mesa para o seu bloco”, condenou o ex-ministro da Saúde, deputado Alexandre Padilha (PT-SP). Segundo o ex-ministro, a intenção de Lira é “excluir o PT da 1ª Secretaria e impedir que qualquer partido, que não do seu bloco, ocupe as 6 primeiras vagas”.
Lira marcou para as 18h desta terça-feira (2) nova eleição dos demais membros da Mesa Diretora da Casa.
“O primeiro ato do presidente eleito da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de impugnar a candidatura do bloco que lhe fez oposição, prejudicando a divisão proporcional dos cargos da Mesa Diretora, joga por terra todo o discurso democrático que ele usou durante sua campanha”, criticou o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PT-PT).
Também pelas redes sociais a presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) demonstrou indignação pelo ato ditatorial, desesperado e golpista do novo presidente da Câmara. “Primeiro ato de Arthur Lira foi dar um golpe na oposição para mandar na mesa da Câmara. Violência contra a democracia. Mostrou que será um ditador a serviço de Bolsonaro”, escreveu Gleisi.
O GOLPE DE LIRA E O IMPEACHMENT DE BOLSONARO
O golpe de Arthur Lira na eleição dos cargos da Mesa Diretora será contestado no STF, e a deputada @Gleisi , presidenta do @ptbrasil , conclama a seguirmos o foco da luta: o impeachment de Bolsonaro!#ForaBolsonaro#CâmaraIndependente pic.twitter.com/jmARUcXIrF— PT na Câmara (@PTnaCamara) February 2, 2021
Eleição única
Na avaliação do líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) o ato antidemocrático de Arthur Lira irá comprometer qualquer processo de funcionamento democrático da Casa. “O ato autoritário do novo presidente da Câmara, Arthur Lira, compromete todo o processo eleitoral. A eleição é única! Os procedimentos adotados por Rodrigo Maia na composição do bloco de Baleia Rossi tiveram anuência do bloco vitorioso”, lembrou.
Guimarães avisou que a oposição não aceitará calada. “Vamos ao Supremo [STF] denunciar mais essa arbitrariedade que não coaduna com as mais básicas normas de funcionamento do Poder Legislativo”, anunciou.
Na mesma linha, Alexandre Padilha acrescentou: “Entraremos com ação coletiva no Supremo. Um presidente eleito não pode anular atos da eleição que o elegeu”.
Ditadura
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) comparou o primeiro ato de Arthur Lira com aqueles vividos na época em que o Brasil vivia sob a égide da ditadura. “Assim como na ditadura, se busca um verniz de legalidade para os atos autoritários, e o não funcionamento do sistema de internet da casa passa a ser desconsiderado como justificativa para o atraso do registro no bloco, fato que já havia sido esclarecido e resolvido”, afirmou.
Preocupado com a significância dessa decisão autoritária e monocrática, Pimenta acrescentou: “Quem não entendeu a gravidade do momento que estamos vivendo e despreza a importância de uma Frente Ampla em Defesa da Democracia, da Constituição e das garantias e direitos individuais ou é ingênuo ou é cúmplice da escalada autoritária que o Brasil vive e se aprofunda”.
Para o deputado Alencar Santana (PT-SP), o novo presidente da Câmara, Arthur Lira “já mostra que será um fiel capacho de Bolsonaro e anula eleição dos demais cargos da mesa só para impedir que PT assuma a 1ª. Secretaria e para que possa controlar a Câmara apenas com partidos alinhados”. “Ditadura no Parlamento”, sentenciou.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também se manifestou na sua conta no Twitter: “Não vamos aceitar que a nossa voz seja silenciada. Vamos lutar contra a decisão ditatorial de Lira de dissolver o bloco da oposição e excluir nossa representação na mesa da Câmara. Chega de golpes contra a democracia”.
Também pelo Twitter a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que Lira anulou o reconhecimento de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao Bloco que votou em Baleia Rossi (MDB-SP) para prejudicar a representação do PT. “O PT é o maior partido da Câmara, mas manobras desse tipo tentam dificultar nosso trabalho de oposição ao governo”, escreveu.
O deputado Helder Salomão (PT-ES) também se manifestou: “Em seu primeiro ato, já deu um golpe e anunciou a anulação do registro do segundo maior bloco parlamentar. Absurdo! Vamos resistir em defesa da democracia”, anunciou.
Benildes Rodrigues