Eleição: Guimarães destaca maior presença do PT em grandes centros urbanos, e Zé Neto critica proliferação de fake news

Os deputados José Guimarães (PT-CE) e Zé Neto (PT-BA) fizeram uma avaliação das eleições municipais que ocorreram recentemente. Guimarães rebateu narrativas de setores da mídia e de alguns partidos opositores ao PT que, segundo ele, insistem em excluir o Partido dos Trabalhadores do cenário político, a partir do resultado eleitoral municipal. Zé Neto também criticou a proliferação do uso de fake news no pleito. Os discursos dos petistas ocorreram na sessão virtual da Câmara Federal dessa quarta-feira (2).

“Essa forçação de barra carece, no mínimo, de coerência com a realidade política do País”, criticou Guimarães. “Há que se ter responsabilidade na análise”, recomendou o líder da Minoria na Câmara.

Guimarães acredita que qualquer analise requer respeito ao adversário, ao veredito das urnas, mas jamais tripudiar as forças políticas que compõem o País. “Por que não elegemos um prefeito de capital, o PT está definitivamente fora da disputa de 2022? Eu já vi muita gente cantar vitória antes do tempo. Vamos devagar, porque, às vezes, o andor é de barro. Nós precisamos ter cautela na análise dessa eleição. O País está pulverizado”, alertou.

O líder da Minoria não exime a responsabilidade de o PT fazer um balanço de todo o quadro eleitoral, reconhecendo falhas ou eventuais erros, mas, sobretudo a natureza das disputas que ocorreram pelo País afora em todas as 15 cidades nas quais o PT disputou o segundo turno.

“Elegemos [prefeitos em] quatro cidades, que valem mais do que oito capitais, como Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais, Diadema e Mauá, em São Paulo — as duas maiores, em Belo Horizonte, e duas dentro de São Paulo”, exemplificou.

O parlamentar ainda discorda da narrativa construída pela mídia que Bolsonaro está definitivamente derrotado. Para Guimarães há erro nessa retórica, principalmente quando dizem que a população brasileira rejeitou os dois extremos: de um lado, Bolsonaro; de outro lado, o Partido dos Trabalhadores.

“Primeiro, eu não considero que, definitivamente, por conta do insucesso nas urnas, o atual Governo esteja definitivamente derrotado e, portanto, não tenha força para disputar 2022. Muito menos o PT, que, se por um lado perdeu o número de prefeituras, migrou muitos dos seus votos e está com uma presença muito forte nos grandes centros urbanos”, esclareceu.

Guimarães lembrou que no segundo turno das eleições de 2016 a mídia usou a narrativa de que o PT não elegeu em nenhuma capital. No entanto, continuou, em 2016, o PT elegeu em uma capital, Rio Branco. “As quatro que nós ganhamos neste ano, Diadema, Mauá, Contagem e Juiz de Fora, essas quatro cidades, individualmente, se comparadas com oito capitais do País, têm maior peso político, econômico e social dentro da Federação brasileira”, reafirmou.

“Eu sei, por exemplo, que algumas eleições nós perdemos, e vou dizer que, das 15 cidades em que nós disputamos o segundo turno, em todas elas, nós tivemos em média 44% ou 45% dos votos. Isso não é pouca coisa. Evidentemente que, para a lógica das narrativas oficiais, só vale quem ganha. Só conta quem está na foto, quem está naquele dia”, ironizou Guimarães.

Na opinião de Guimarães há narrativas que deixam de avaliar, por exemplo, que existem partidos como o PDT, que só conseguiu vencer as eleições no segundo turno, graças ao apoio do PT. “As duas capitais que o PDT disputou, nós, do PT, apoiamos. A nossa candidata, em Fortaleza, teve 18% dos votos no primeiro turno. E sabem com quantos por cento o candidato do PDT ganhou? Com menos de 3%. E nós fomos, em unanimidade, apoiá-lo”, afirmou.

O parlamentar cearense reiterou que vai continuar trabalhando muito pelo Brasil, defendendo sempre a democracia. Para ele, se terá frente ou não da centro-esquerda em 2022, isso dependerá da conduta dos agentes políticos que irão compor ou não essa frente.

“Vamos continuar, defendendo a unidade do campo progressista, mas com altivez e, sobretudo, com respeito a todas as forças que disputaram essas eleições”, finalizou José Guimarães.

Foto: Gabriel Paiva/Arquivo

Fake news

O deputado Zé Neto reiterou que as narrativas não se sustentam quando os analistas midiáticos não observam como se deu as disputas, onde o mecanismo das fake news foi utilizado para construir e sustentar as posições políticas e desconstruir os adversários.

“Está em risco a democracia. Está em risco a disputa democrática. Está em risco a honra e a vitalidade das nossas instituições e dos nossos campos de disputa política. Se nós deixarmos as coisas caminharem como estão caminhando, infelizmente vamos assistir à barbárie”, sentenciou.

O deputado também denunciou a reutilização do modus operandi utilizado nas eleições de 2018 que levou Jair Bolsonaro à Presidência da República. Ao mesmo tempo, o parlamentar recomendou à Casa, a retomada do debate sobre as fake news. “Nós não encerramos nesta Casa, esse debate. Nós precisamos de normas mais rigorosas”.

“Mais uma vez as fake News foram utilizadas de forma absurda! Lá na minha cidade, foi atacada a minha família, o meu pai, a minha vida pessoal. Voltou novamente, não só em minha cidade, mas em todas as cidades do País, aquela história do kit gay, do anticristo, do fechamento de igrejas, e por aí vai. É tudo mentira! Todas essas questões estão sendo judicializadas lá na minha cidade”, lamentou Zé Neto, que disputou a prefeitura de Feira de Santana (BA).

O deputado reiterou sobre a necessidade da defesa intransigente da democracia, do Estado de Direito e também do bom senso. “Queremos a disputa que possa realmente fazer com que chegue às urnas o voto transparente, o voto da vontade popular, o voto que possa mudar para melhor a história da minha Feira de Santana, dos nossos municípios, do nosso País”, frisou Zé Neto.

Foto: Gustavo Bezerra

 

Benildes Rodrigues

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