O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato, que fugiu do debate na Câmara nesta terça-feira (9) tem muito que explicar ao Brasil, principalmente depois que o site The Intercept Brasil divulgou hoje o primeiro áudio da “Vaza Jato”. O áudio revela que os procuradores da Lava Jato (incluindo Dallagnol) agiram secretamente para evitar que o ex-presidente Lula desse uma entrevista durante a campanha eleitoral por medo que pudesse ajudar a “eleger o Haddad”. O procurador comemorou a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, revogando autorização para a Folha entrevistar Lula.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDHM) da Câmara, deputado Helder Salomão (PT-ES), destacou que Dallagnol deveria ter comparecido ao colegiado hoje às 10h. “Ele foi convidado, mas se recusou a participar da audiência. Ele deve satisfação à população brasileira, especialmente após a divulgação desse áudio pelo The Intercept Brasil”. O deputado frisou que as coisas estão ficando cada vez mais claras. “No âmbito da Lava Jato, agiram de maneira política. E ele (procurador) disse, como justificativa, que não viria à comissão, porque o cargo dele é de natureza técnica e a comissão tem um papel político”.
Helder Salomão reforçou que os áudios e as mensagens da “Vaza Jato” estão mostrando que a atuação do procurador é e foi política no âmbito. “Então, mais uma vez, a população brasileira tem o direito de saber o que aconteceu nos bastidores da Operação Lava Jato”, defendeu. O presidente da CDHM ainda provocou indagando: “por que o procurador, que gosta de se manifestar pelo Twitter, que gosta de falar muito nas redes sociais, perdeu a oportunidade de dar esclarecimentos na nossa comissão no dia de hoje? Por que Dallagnol não quis comparecer aqui?”.
Conluio para condenar Lula
O deputado Rogério Correia (PT-MG), autor do requerimento para a audiência que ouviria Deltan Dallagnol, considerou “muito grave” o conteúdo do primeiro áudio com a voz do procurador, que o site The Intercept colocou hoje no ar. “E é apenas um dos áudios, o site já avisou que outros virão. Provavelmente também com a voz de Sérgio Moro. Não há como o ex-juiz negar, agora, a existência do diálogo entre Ministério Público e o ex-juiz do Paraná. Um verdadeiro conluio para que eles condenassem o presidente Lula e fizessem daquilo uma farsa lá no Paraná”, denunciou.
Rogério Correia frisou que agora as coisas estão ficando muito claras. “Lá está a voz de Dallagnol, que hoje, covardemente, não quis vir aqui a esta Casa. Ele que dizia que essas mensagens não poderiam ser provadas. Pois agora está lá a voz do Dallagnol, e o covarde não teve a coragem de vir aqui”, criticou.
O deputado lembrou que Sérgio Moro está de licença do ministério, por cinco dias. “Ficamos pensando se ele voltará ao Brasil. Se não era o caso de a Procuradoria-Geral da República pegar o passaporte do Dallagnol e do Moro”, sugeriu.
Áudios provam ilegalidades da Lava Jato
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) avaliou que caiu por terra o discurso daqueles que diziam que as mensagens da Operação Lava Jato divulgadas pelo The Intercept não eram verdadeiras. “Agora, há áudio. Quero ver quem vai ter a cara de pau de dizer que o áudio não é seu. Quero ver quem vai ter a cara de pau de não reconhecer a sua própria voz, como faziam em relação às mensagens”, provocou.
Zeca Dirceu enfatizou que, desde o início, sabia que as mensagens eram verdadeiras. “Elas revelavam ilegalidades que não podem ser toleradas pela democracia, que não podem ser toleradas pelo devido processo legal, pelo que diz o Código da Magistratura Brasileira e pelo que diz o Código Penal”.
O deputado do PT paranaense ainda acrescentou que o áudio prova que os procuradores agiram com objetivo partidário, com objetivo eleitoral. “Que as verdades venham à tona, que a justiça brasileira seja passada a limpo, e que fatos como este não se repitam nunca mais”.
Vânia Rodrigues