As deputadas Margarida Salomão (PT-MG) e Erika Kokay (PT-DF) criticaram, na tribuna da Câmara, a charge do cartunista Chico Caruso – publicada neste domingo (8) na capa do jornal O Globo e reproduzida em dezenas de diários espalhados pelo País – sugerindo a execução da presidenta Dilma Rousseff. A peça mostra a presidenta ajoelhada, de mãos nas costas, à frente de um homem encapuzado segurando uma faca.
Margarida Salomão lembrou que o Dia Internacional da Mulher serve para a sociedade brasileira “comemorar as conquistas obtidas pelas mulheres na história recente” e também para apontar as lutas a serem travadas: contra a violência, contra a desigualdade de remuneração, contra a falta de oportunidades. “Pois exatamente ontem nós tivemos duas manifestações infames. A primeira delas é do chargista Chico Caruso, que, num momento de infelicidade extrema, representa a Presidenta da República como uma mulher a ser decapitada. Justamente na véspera do dia em que se vai sancionar uma lei que agrava a punição ao feminicídio, nós temos o feminicídio como metáfora política”, criticou Margarida.
“Nada temos a dizer em termos da liberdade de expressão. Mas a liberdade de as pessoas se expressarem não é a liberdade que elas têm de ofender, de magoar e, particularmente, de insultar a luta das mulheres contra a violência exercida contra elas mesmas”, acrescentou a deputada mineira.
A outra manifestação critica por Margarida e por Erika Kokay foi uma publicação do juiz federal Alexandre Infante, de Montes Claros (MG), na sua conta no Twitter. “Dilma disse que vai sancionar amanhã a Lei do Feminicídio. Legislando em causa própria?”, postou o magistrado, que é diretor financeiro da Associação Brasileira dos Juízes Federais (Ajufe). Após ser criticado, o juiz apagou sua conta do Twitter.
“No dia de ontem, Dia Internacional da Mulher, é inadmissível que nós tenhamos juízes postando ofensas como as que foram postadas contra a Presidenta Dilma Rousseff e que tenhamos charges que estimulem esse feminicídio”, protestou Erika Kokay.
“O juiz, dentro desse carnaval que se tornou a expressão jurídica, decidiu fazer uma piada também de péssimo gosto e lamentável. Um juiz é alguém que deve ter compostura, reserva na sua expressão, não deve abusar da sua prerrogativa. Ele fez um comentário absolutamente alucinado, dizendo que quem sabe a Presidenta estará sancionando uma lei – que resultou de uma luta travada aqui neste plenário – em benefício próprio”, declarou Margarida.
Repudiando a violência simbólica, porque a violência que se exerce contra as mulheres não é apenas física, repudiando o caráter antidemocrático e a falta de compostura dessa expressão, trago aqui a expressão, como deputada, como mulher e como cidadã brasileira, de absoluto desgosto diante dessas manifestações”, concluiu a parlamentar mineira.
Rogério Tomaz Jr.