O soldador de portões João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos e negro foi espancado e morto por dois homens brancos, na noite de quinta-feira (19), em uma unidade da Rede Carrefour, na zona norte da capital gaúcha. João Beto, como era conhecido, deixa mulher e uma enteada.
Os dois agressores trabalhavam como seguranças no supermercado. Eles foram presos em flagrante. Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está em um prédio da Polícia Civil. Um deles não tem o registro nacional para atuar na profissão, mas a polícia não informou qual dos dois. Ambos são funcionários de uma empresa terceirizada.
Na tarde de sexta-feira (20), o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT-ES), pediu, com urgência, prioridade na investigação do caso e a punição dos envolvidos. O documento foi enviado para Ranolfo Vieira Júnior, Secretário de Estado da Segurança Pública do Rio Grande do Sul e Fabiano Dallazen, procurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul.
“É um homicídio trágico em um quadro sistêmico e intolerável. As imagens que circulam nas redes sociais são nítidas e mostram a absoluta desproporcionalidade nas agressões e indicam até mesmo a prática de tortura”, denuncia Helder Salomão.
Atlas da Violência
Testemunhas relataram que o espancamento teria iniciado depois de desentendimento entre João e uma funcionária do supermercado, que chamou os seguranças do local para relatar o ocorrido. Ele foi levado para a entrada da loja e agredido até morrer. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tentou reanimar João depois que foi espancado, mas ele morreu no local.
Segundo o Atlas da Violência 2020, entre 2008 e 2018, as taxas de homicídio aumentaram em 11,5% para os negros, enquanto para os não negros houve uma diminuição de 12,9%.
Já o Anuário de Segurança Pública aponta que, em 2018, 6.220 homicídios foram praticados por policiais, índice que cresce ano a ano. Onze por cento das mortes violentas intencionais foram praticadas pela polícia naquele ano. São 17 pessoas por dia. Entre 2017 e 2018, o crescimento foi de 19,6%, mesmo com a redução geral dos homicídios.
No documento enviado, o presidente da CDHM ressalta que “a impunidade desses crimes permite que a violência se perpetue”.
Assessoria de Comunicação-CDHM
Com informações do G1/RS e O Estado de São Paulo