Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara reagiu com indignação e veemência à decisão do Ministério da Educação (MEC) que, de forma autoritária, determinou nesta quarta-feira (2) a volta às aulas, em janeiro, das universidades e institutos federais. “É uma irresponsabilidade”, cravou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
“Nós estamos indo ao Ministério Público Federal para suspender esse decreto e, ao mesmo tempo, apresentamos um projeto de decreto legislativo (PDL) para suspender essa decisão irresponsável desse governo que é um governo genocida”, anunciou.
Para Paulo Teixeira, ao editar um decreto, sem ouvir as instituições de ensino superior, o governo Bolsonaro ignora os números alarmantes de infecção e morte provocada pela pandemia da Covid-19.
“No momento em que todo o País redobra a vigilância à pandemia do coronavírus, o MEC decide o retorno às aulas da juventude, que pode se contaminar e contaminar as suas famílias, principalmente na época do Natal, onde todos os jovens passarão os seus períodos natalinos e de ano novo junto as suas famílias”, manifestou-se de forma indignada o parlamentar petista.
Dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) revelam que nas últimas 24 foram registrados 51 mil casos do novo coronavírus. Para o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), o governo “faz vista grossa”, para o aumento de números de casos e mortes registrados em todo o País.
“O governo Bolsonaro faz vista grossa para a alta da média móvel de casos, que subiu 35% em duas semanas. Enquanto isso, testes comprados com o seu dinheiro continuam vencendo em um galpão”, criticou Guimarães.
A deputada Maria do Rosário (RS) também criticou a portaria do MEC. Em seu twitter ela afirmou: “Mais de 170 mil mortos pela Covid-19, e o MEC determina a volta às aulas presenciais nas universidades em janeiro. É autoritária e descabida decisão. Por isto, estou protocolando PDL [Projeto de Decreto Legislativo] para derrubar decreto do MEC. Professoras/es, alunos e profissionais da educação merecem respeito”.
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), condena a atitude do governo federal. E adianta que o PT trabalhará pela revogação da portaria do MEC. “Bolsonaro não tem o direito de pôr em risco a vida de milhares de estudantes e professores determinando a volta às aulas das instituições federais em janeiro. Justo quando os casos de covid-19 voltam a crescer nos estados. Essa portaria do MEC precisa ser revogada”.
A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT) entende que o MEC, ao adotar essa medida, ignora a segunda onda da pandemia. “Estamos vendo a pandemia aumentando e não houve a discussão com as universidades sobre essa questão, então nós vamos nos opor fazendo uma interpelação junto ao Ministério Público”, adiantou.
UNE
A UNE, por meio das redes sociais, emitiu posição contrária à determinação do governo. “Não há possibilidade de retorno de aulas presenciais nas universidades sem um plano de transição. Em um campus circulam milhares de pessoas advindas de dezenas de regiões e municípios, cotidianamente, suscetíveis à contaminação”, escreveu o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão.
Nas redes sociais, mais parlamentares do PT expressaram suas críticas:
Reginaldo Lopes (MG) – “Enquanto vemos notícias de hospitais sem vagas, o MEC baixa decreto que obriga o retorno das aulas presenciais em janeiro, em mais um ataque à autonomia universitária e à saúde pública. Uma irresponsabilidade sem tamanho de quem poderia estar fazendo mais contra a pandemia”.
Zeca Dirceu (PR) – “O MEC agora quer matar os estudantes, professores e suas famílias? Como assim determinar volta às aulas presenciais nas faculdades federais a partir de janeiro? Estamos há 29 dias de janeiro, e a pandemia cada dia fazendo mais vítimas! Governo genocida”.
Rubens Otoni (GO) – “Um absurdo a portaria do MEC que determina volta às aulas presenciais nas instituições federais. Se antes dos festejos de final do ano o número de pessoas contaminadas cresce, imagine no início do ano. Inadmissível”.
Natália Bonavides (RN) – “Em mais uma intervenção nas universidades, o governo Bolsonaro, em pleno aumento dos casos de COVID-19, quer obrigar as universidades a voltarem às aulas presenciais. Isso é grave! Apresentamos com a deputada Maria do Rosário projeto pra anular esse decreto”.
Rogério Correia (MG) – “Estelionato eleitoral: o governo Bolsonaro, em pleno aumento dos casos de Covid-19, quer obrigar as universidades a voltarem às aulas presenciais em 4 de janeiro. Deputada Maria do Rosário apresentou projeto pra anular esse decreto. Vou assinar com ela”.
José Airton Cirilo (CE) – “Essa decisão do MEC em retornar às aulas presenciais dos institutos e universidades federais em janeiro é cruel, desumana e absurda. Sem falar nesse desgoverno que não tem um plano sequer para imunizar a população. Quem vai se responsabilizar por mais mortes em nosso país?”
Erika Kokay (DF) – “Sem planejamento adequado, MEC quer retorno às aulas presenciais em meio a crescimento da 2ª onda de Covid-19, colocando em risco estudantes, professores e demais trabalhadores”.
Benildes Rodrigues
Foto: Marcelo Camargo/EBC