Alckmin defende neoindustrialização do Brasil baseado na descarbonização da economia

Geraldo Alckmin, com deputado Bohn Gass, na Comissão Mista de Orçamento. Foto: Thiago Coelho

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Industria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, defendeu nesta terça-feira (24) na Câmara uma nova industrialização para o Brasil, baseado no avanço tecnológico voltado à preservação do meio ambiente. A declaração aconteceu durante audiência pública da Comissão Mista de Orçamento (CMO), que debateu o “Eixo 2 do Plano Plurianual (PPA-2024/2027): Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade Socioambiental e Climática”. O evento foi uma iniciativa do deputado Bohn Gass (PT-RS), que também é o relator do PAA.

“Nos últimos 40 anos o Brasil sofreu uma desindustrialização grave. Saímos de 22% de participação da indústria de manufatura no PIB para 11% e de forma precoce, porque quando um país fica rico começa a ficar caro produzir e a pergunta é: onde fabricar bem e barato, e a um custo menor? Com a desindustrialização perdemos competitividade e produtividade. Temos que não nos reindustrializarmos, mas nos neoindustrializarmos, recuperando o setor secundário em novos moldes, produzindo bem e barato, e ainda compensando as emissões de carbono e de gases de efeito estufa”, afirmou Alckmin.

Segundo o ministro, o Brasil tem um grande potencial para ser protagonista no processo de descarbonização da economia, notadamente na substituição dos combustíveis fósseis por energia limpa. Geraldo Alckmin lembrou que esse esforço terá que ser global, porque os efeitos da emissão de carbono e gases de efeito estufa já são sentidos em todo o planeta, inclusive no Brasil.

“O planeta inteiro terá que fazer um esforço para a descabornização. Já vemos os efeitos no Brasil com o sul debaixo d’água, com três ciclones nesse ano, e o norte seco, com o rio Amazonas, o maior em volume d´água chegando em sua menor volumetria. Nossa primeira tarefa é acabar com o desmatamento. Um hectare desmatado emite 300 toneladas de carbono. O desmatamento já caiu 48% na Amazônia. A outra (tarefa) é descarbonizar”, reiterou.

Aliança Global

Sobre essa tarefa, Alckmin lembrou que o Brasil já tem exemplos a dar para o mundo. Ele lembrou que, recentemente, o presidente Lula, junto com o primeiro-ministro indiano Narenda Modi e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançaram a Aliança Global para Biocombustíveis. O objetivo da aliança é incentivar o uso de biocombustíveis.

“O diesel que nós importamos, vamos substituir por biocombustíveis à base de óleo vegetal, de mamona, soja girassol, dendê e gordura animal. Nisso descarbonizamos. Temos inaugurado indústrias de biocombustíveis no Rio Grande do Sul, Goiás e Paraná. Essa é a nova indústria, inovadora e verde”, exemplificou.

Etanol e SAF

O ministro Geraldo Alckmin também ressaltou o potencial do Brasil para liderar a produção de biocombustíveis voltados a veículos automotores e aviação. Ele lembrou que 83% da frota brasileira de automóveis é flex, com possiblidade do etanol substituir combustíveis fósseis como gasolina ou diesel. “Ao plantarmos a cana ou milho para fazer etanol emitimos menos carbono, e também geramos emprego e renda. Fui recentemente à inauguração de uma nova indústria em Balsas, no sul do Maranhão, que a partir do milho faz etanol, óleo comestível, ração para animais e ainda gera bioeletricidade, a partir da biomassa”, observou.

Sobre o SAF (Sustainable Aviation Fuels), que é o Combustível Sustentável de Aviação, Alckmin disse que o Brasil também tem condições de liderar a produção a fim de substituir a utilização do querosene, que tem o petróleo como matéria-prima.

“Quem vai produzir o SAF? Ou nós, a Índia ou os Estados Unidos. Essa é uma corrida em pesquisa e desenvolvimento para ver quem chega primeiro. É grande a possiblidade de o SAF substituir o querosene”, apontou Geraldo Alckmin.

Hidrogênio Verde

O ministro do Desenvolvimento, Industria, Comércio e Serviços disse ainda que o Brasil pode também produzir o considerado “combustível do futuro”, o “hidrogênio verde”. Esse novo combustível pode ser obtido, por exemplo, a partir da separação das moléculas de hidrogênio do oxigênio que existe na água, por meio de um processo químico chamado de hidrólise.

“Para ‘quebrar a água’ o H2O e fazer a hidrólise é uma fortuna em energia. Se essa energia vier de uma fonte renovável, seja eólica ou solar, o hidrogênio é verde. E quem pode fazer hidrogênio verde no mundo? O Brasil. Somos hoje o 2º receptor de investimento externo direto, só perdendo para os Estados Unidos, o 5º maior país em extensão territorial, não temos terremoto, não temos gelo, temos solo fértil, água e sol, e somos a 6ª população mundial e o 9º PIB do mundo”, enumerou.

Também participaram da audiência pública como convidados representantes dos ministérios do Meio Ambiente; da Integração e Desenvolvimento Regional; do Planejamento, além de dirigentes da CUT e do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Os deputados petistas Welter (PR), Pedro Uczai (SC) e Erika Kokay (DF) também compareceram à audiência pública.

Plano Plurianual em debate na Câmara Federal. Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

 

Assista a íntegra:

 

 

Héber Carvalho

 

 

 

 

 

 

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