Petistas se manifestam contra privatização dos Correios e alertam para negociata promovida pelo governo

Arte: PT na Câmara

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara se revezaram na tribuna da Câmara nesta quarta-feira (4) para criticar a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, prevista no PL 591/21, do governo Bolsonaro, que está na pauta da Casa e poderá ser votado a qualquer momento. O deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, manifestou a sua indignação com o processo de privatização e com o uso da Rede Nacional de Comunicação Pública, televisão e rádio, pelo ministro Fábio Faria (Comunicação), para tentar justificar a necessidade de privatizar os Correios.

“Ao contrário do que ele pretendia, o ministro usa muitos argumentos que justificam manter os Correios como empresa pública prestadora de serviços no País. Isso acontece quando ele afirma que os Correios estão inseridos em todos os municípios do nosso País”, destacou Leonardo Monteiro. Ele cita ainda que o ministro admite que os Correios são uma empresa lucrativa e que, no período de 2020 a 2021, produziram e renderam para o País R$ 1,5 bilhão de lucro. “Os Correios são uma empresa pública que fortalece a nossa Nação enquanto País, uma empresa que fortalece a nossa soberania nacional, uma empresa que tem quase 100 mil trabalhadores”, lembrou o deputado do PT mineiro.

Na avaliação do deputado Monteiro, o momento é inoportuno para a discussão e votação de um projeto tão importante quanto a entrega dos Correios. “Por isso, eu manifesto aqui mais uma vez o meu apoio aos Correios e aos trabalhadores e trabalhadoras que lutam para manter essa empresa como uma empresa pública”, conclui.

Mentira

Para a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), o ministro Fábio Faria está mentindo para o povo brasileiro quando diz que é necessária a privatização dos Correios, que isso vai ganhar mais eficiência. “Ele disse inclusive a agilidade e a pontualidade que vai haver. Agora, imaginem! A privatização dos Correios vai trazer mais desemprego, vai trazer um serviço postal muito mais caro e não vai chegar até onde os Correios têm chegado. Acham que a iniciativa privada neste caso vai fazer isso? Não vai mesmo”, denunciou.

Benedita acrescentou que Fábio Faria se junta a Bolsonaro e ao Paulo Guedes para continuar mentindo, dizendo que se não se privatizar realmente os Correios, vai ser um caos na economia brasileira. “Ora, gente, que coisa é essa? Que caos que vai ser? Já está um caos porque eles estão fazendo esse caos. Eles estão utilizando o dinheiro público para propagar mentiras, e entregar e vender o patrimônio brasileiro. É isso que está acontecendo”, criticou.

Transação tenebrosa

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) também defendeu a estatal, uma empresa centenária que dá lucro. “Para que todos tenham a dimensão de que Paulo Guedes, ministro da Economia, e Bolsonaro foram aos negócios, aos altos negócios, é que no ano passado os Correios deram R$ 1,5 bilhão de lucro. Neste ano, até o presente momento, deram em torno de R$ 1 bilhão de lucro. Eu indago: quem é que vende uma empresa tão lucrativa quanto os Correios? Qual é o interesse? Por isso que eu disse: Guedes vai aos negócios. Resta saber para quem vai o dinheiro dessa tenebrosa transação”.

Arlindo Chinaglia destacou ainda que os Correios, em plena pandemia, entregaram no período adequado 97% das suas encomendas, inclusive levando material escolar para 5.200 municípios brasileiros. “Essa é uma empresa pública altamente eficaz, lucrativa, que não depende de aporte de dinheiro do Tesouro Nacional, que atende praticamente a todos os municípios brasileiros. Portanto, a privatização é um enorme prejuízo aos cofres públicos, vai gerar desemprego, vai piorar a qualidade do trabalho executado pelos Correios”, alertou.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) ao criticar a tentativa de privatizar os Correios, afirmou que o governo Bolsonaro é um governo sem norte. “O presidente é um delinquente, é um irresponsável. A economia vai mal. O povo vai mal. O povo está passando fome. São 120 milhões de pessoas passando fome, desemprego alto, desproteção social, mas virou negócio. Este governo virou um espaço para a realização de negócios. Primeiro foi a venda do Sistema Eletrobras, que eles estão colocando à venda em um momento em que falta energia, que temos a possibilidade de um apagão. Agora eles querem vender os Correios, uma empresa lucrativa”, protestou.

O deputado também citou os lucros da estatal e o número de empregos que os Correios geram – são 90 mil servidores que estão em todo o País. “A ECT hoje não é mais entrega de correspondência, mas de produtos comprados pela Internet, é o e-commerce, entrega o produto na casa das pessoas. Por isso a ECT é lucrativa. Eles agora querem vender aos parceiros, aos amigos do governo federal, uma empresa dessa dimensão, com essa lucratividade, empresa que está sendo cobiçada pelos amigos do ministro da Fazenda e do presidente da República. Negócio. Virou negócio”, denunciou.

“Esta Casa não pode permitir a privatização dos Correios. O Parlamentar que votar favorável à privatização dos Correios terá um forte ataque da sociedade brasileira”, avisou Paulo Teixeira.

Desmoralizar para vender

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) citou a prática do governo de desmoralizar uma empresa pública, normalmente é dizer que ela dá prejuízo, que ela não funciona, para depois justificar a sua privatização. “Fizeram isso com a Eletrobras, agora ocorre o mesmo com os Correios. Querem fazer a mesma coisa”, afirmou. O deputado citou uma matéria publicada hoje no UOL dizendo que, durante alguns anos, os Correios deram, por exemplo, R$ 12 bilhões de lucro. “Ou seja, é uma empresa pública rentável, chega até mesmo nos municípios pequenos e distantes dos grandes centros. Depois que os Correios forem privatizados, sem dúvida alguma a entrega vai ser mais cara do que o produto, porque vão esfolar o morador daquelas pequenas cidades”, alertou.

Alencar Santana entende que o Brasil tem outras urgências e outras necessidades nesse momento. “O povo precisa de emprego, de desenvolvimento com inclusão social, o Brasil precisa crescer, para que possamos sair dessa letargia e da forte crise econômica em que vivemos, com os preços aumentando. Não à privatização dos Correios! Esse tem que ser o recado do Parlamento”, afirmou.

A deputada Erika Kokay (PT-DF) também se manifestou em defesa dos Correios. “O Brasil vive um momento extremamente trágico, com a ausência de qualquer projeto de desenvolvimento nacional, quando se tenta arrancar o Brasil do povo brasileiro. Como é possível imaginar que se queira vender uma empresa como os Correios, uma empresa lucrativa, que tem os serviços dos mais baratos do mundo num País continental como o Brasil, indo na contramão de vários países do mundo?”, indagou. Ela citou que apenas oito países deste planeta têm os correios completamente privatizados. “Somados esses países, não representam uma área geográfica que corresponda ao estado do Mato Grosso, e aqui quer se vender uma empresa de logística fundamental para a integração”, protestou.

Interiorização do serviço

O deputado José Airton Cirilo (PT-CE) lembrou que o Brasil está de luto com essa pandemia que nós estamos vivendo. “Infelizmente, nessa mesma situação o País está sendo vítima de uma política neoliberal de um Estado mínimo de querer privatizar as empresas brasileiras, inclusive os Correios, a Eletrobras e outras empresas importantes nacionais, que são patrimônio do povo brasileiro, empresas muito importantes que contribuem com o desenvolvimento do País”, afirmou.

Ele destacou que os Correios está em todos os 557 municípios brasileiros e faz uma prestação de serviços essenciais para a população. “Por isso, é um crime privatizar uma empresa lucrativa que contribui para interiorizar não só as informações, mas sobretudo a prestação de serviço para o nosso povo”, afirmou.

O deputado Zé Neto (PT-BA) também criticou o processo de privatização colocado em curso pelo governo Bolsonaro. “É a venda do nosso poderio energético da Petrobras, da Eletrobras, é a venda da nossa logística. São 200 países que têm Correios, empresas de postagens públicas, e aqui essa agressão ao Estado brasileiro. Esta Casa não pode ser cúmplice desse crime contra o Estado brasileiro, contra a política, contra nossas instituições, inclusive contra o Parlamento, porque, na hora em que o Estado estiver ínfimo, sem força para nada e entregue a qualquer coisa, esta Casa também estará ínfima, entregue a qualquer coisa”, desabafou.

E o deputado Paulo Guedes (PT-MG) alertou: “Enquanto o presidente Bolsonaro faz as gracinhas, a boiada vai passando aqui, as riquezas do povo brasileiro vão sendo entregues. Foi assim com tantas empresas, com a Eletrobras. Estão querendo agora privatizar mais uma empresa lucrativa, que são os Correios. Estão fechando e tirando todos os direitos do povo brasileiro”, denunciou.

Vânia Rodrigues

 

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