Núcleo de Educação debate o desmonte proposto pela Reforma Administrativa e as consequências ao ensino público

A luta contra a Reforma Administrativa (PEC 32/2020) e seus impactos no ensino público foi pauta nesta segunda-feira (12), da reunião do Núcleo de Educação e Cultura do PT no Congresso. A proposta encaminhada à Câmara pelo governo Bolsonaro está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e veda, entre outras medidas, a atuação do governo no desenvolvimento de políticas públicas de educação, saúde e crescimento econômico.

Coordenadora do Núcleo, a deputada federal Professora Rosa Neide (PT-MT) convidou as assessoras técnicas da bancada do PT, Clara Lis Coelho e Eneida Dultra, que fizeram apresentação dos principais pontos de alterações constitucionais propostos.

De acordo com Clara Coelho, a PEC altera 16 artigos da Constituição Federal de 1988, transformando a Carta Cidadão, que é orientada para o Estado de bem-estar social, em uma nova Constituição, de teor neoliberal e privatizante. “A PEC 32 precariza o Estado e os serviços públicos. Retira do Estado seu papel central no desenvolvimento do País, deixando ao sabor da iniciativa privada e do mercado financeiro”, afirmou.

Alterações

Entre as mudanças propostas pela PEC, Clara Coelho citou o fim da estabilidade dos servidores públicos, ampliação da jornada de trabalho, precarização das condições de trabalho e a ampliação da terceirização dos serviços públicos.

O fim do regime jurídico único que rege as carreiras dos servidores é outro item da PEC, fazendo com que a maioria das categorias passem a contribuir para o Regime Geral de Previdência Social (RGPS/INSS). De acordo com o deputado Pedro Uczai (PT-SC), essa medida de transferência de contribuintes “vai quebrar o sistema de aposentadoria própria dos servidores públicos”.

Especificamente sobre o fim da estabilidade, Clara Coelho explicou que tal medida poderá afetar os atuais servidores, não somente aqueles que ingressarem nas carreiras públicas após a aprovação e promulgação da PEC. Isso porque “a Proposta estabelece mecanismos de avaliação de desempenho funcional, sem delimitar regras objetivas, que poderão facilitar a demissão de atuais servidores, por um hipotético mal desempenho”.

Pela proposta do governo Bolsonaro, apenas os cargos típicos de Estado (segurança pública, Forças Armadas, coletores de tributos, entre outros a ser estabelecido por lei) terão estabilidade. “Retornaremos para a era pré-Vargas, onde o apadrinhamento e a perseguição político-partidária dominavam o Estado brasileiro. Onde o Estado estava aparelhado a serviço dos detentores do poder econômico local e regional”, destacou Clara.

Desmonte do ensino público

A PEC também concede poderes ao presidente da República para extinguir órgãos, autarquias, fundações e cargos públicos por decreto, sem necessidade de autorização do Congresso Nacional.

Clara Coelho também ressaltou que a PEC proíbe a intervenção do Estado na economia, vetando política industrial, política de subsídios para setores econômicos, investimentos públicos orientados ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da educação pública. A proposta estabelece ainda, a desregulação do orçamento público ampliando as possibilidades, por meio de contratos de gestão, para que a iniciativa privada execute serviços públicos.

Para a deputada Rosa Neide, “a PEC 32 propõe a privatização do Estado brasileiro. Será o fim da Constituição de 1988, do pacto nacional que criou a Constituição Cidadã promotora de direitos, para transformação em uma Constituição neoliberal, que desobriga o Estado de promover políticas públicas, deixando o povo à mercê dos interesses do mercado privado, que visa em primeiro lugar o lucro financeiro”, reforçou Rosa Neide.

O deputado Pedro Uczai afirmou que a PEC 32 atacará fortemente a educação pública e citou a possibilidade de o presidente extinguir autarquias e fundações por decreto. “Imagina o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFESC) ser extinto em uma canetada do presidente, por que o ensino técnico público concorre com o ensino técnico do Sistema S, e pelo princípio da PEC, serviços públicos ofertados pelo Estado não podem concorrer com a iniciativa privada. Imagina a universidade pública sendo extinta em prol da universidade privada”? indagou.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmou que ao desidratar o papel do Estado, a PEC 32 desviará recursos da educação e saúde para entidades privadas. Ele destacou a importância de unidade de todas as frentes parlamentares do Congresso que defendem serviços públicos, para derrotar a PEC. “Participo da Frente Mista em Defesa do Serviço Público, temos todas as frentes de Educação, de Saúde, da Segurança Pública, enfim, precisamos de unidade e diálogo com a sociedade para derrotar essa PEC”, disse.

Rogério Correia citou ainda que o Núcleo de Trabalho da bancada do PT definiu pela elaboração de um abaixo-assinado contrário à PEC. As assinaturas ao documento serão coletadas junto aos servidores de todas as áreas e entes federados. O abaixo-assinado será entregue ao presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). “Também faremos um seminário na Comissão de Trabalho da Câmara, para discutirmos os impactos da PEC. Poderemos fazer em conjunto com a Comissão de Educação”, propôs.

O parlamentar mineiro informou também que a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara promoverá seminário para debater a proposta. Ele sugere que a discussão seja realizada em conjunto com a Comissão de Educação.

Tramitação

A assessora técnica Eneida Dultra informou que a PEC ainda tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por emitir parecer pela admissibilidade do texto. Na sequência será encaminhada para a Comissão Especial, onde poderá receber emendas e, por fim, ser levada ao plenário.

Durante a reunião do Núcleo, os parlamentares petistas debateram estratégias de mobilização para derrotar a PEC em todas as fases de tramitação. Uma das estratégias, conforme o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) é trabalhar pelo adiamento da votação. “Com muita mobilização social podermos conseguir jogar essa PEC para o segundo semestre, ou para início do ano que vêm. Quanto mais próximos das eleições de 2022 teremos mais chances de impedir o desmonte total da Constituição Cidadã de 1988”, observou.

Seminário Paulo Freire

Constante como ponto de pauta, o representante do Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE) Luiz Dourado e o presidente da Confederação Nacional de Educação (CNTE), Heleno Araújo falaram sobre os preparativos para o Seminário Paulo Freire, que ocorrerá no final de junho e sobre o lançamento do livro em comemoração ao centenário do educador, que ocorrerá em setembro.

As duas atividades estão sendo coordenadas pelo Núcleo e pelo Setorial de Educação do PT, em parceria com entidades educacionais e movimentos sociais.

A reunião do Núcleo também contou com participação dos deputados Waldenor Pereira (PT-BA) e Helder Salomão (PT-ES); e de representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Assessoria de Comunicação

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100