A ameaça de privatização dos Correios tem preocupado os parlamentares da Bancada do PT na Câmara. Segundo os petistas, o projeto de lei que abre caminho para a privatização da empresa pública, entregue pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso Nacional na última quarta-feira (24), faz parte do processo de desmonte do Estado onde empresas públicas e estatais passariam a lucrar com serviços hoje prestados pelo Estado, enquanto a população pagaria por serviços mais caros e sem a garantia de abrangência em todo o País.
Segundo o Líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (PT-RS), ao invés de passar por um processo de privatização os Correios precisam atualmente de mais investimentos para aprimorar o serviço prestado à população.
“Os Correios é uma das mais antigas instituições da República, e se for privatizado irá prejudicar toda a população. Os Correios precisam, sim, é de mais investimentos, de reforço em sua estrutura, para prestar serviços ainda melhores à população. Não podemos permitir que Bolsonaro entregue essa empresa pública ao setor privado”, disse o petista.
Para o Presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, deputado Leonardo Monteiro (PT-MG), a proposta de privatização dos Correios faz parte da agenda ultraliberal da dupla Bolsonaro-Paulo Guedes de desmonte do Estado em favor de interesses privados. Segundo ele, com a privatização dos Correios a população corre o risco de ser atendida somente em locais onde a prestação do serviço gere lucro.
“A Frente Parlamentar defende que os Correios permaneçam como uma empresa pública que presta serviço a todos os municípios do País, inclusive em distritos onde postos de Correios servem também como correspondentes bancários onde a população pode sacar sua aposentadoria, seu benefício social e etc. Portanto, os Correios é uma empresa estratégica para a nação sob o ponto de vista da universalidade dos serviços e da soberania nacional”, observou.
Como parte do esforço para evitar a privatização, o parlamentar informou que na tarde desta sexta-feira (26) a Frente Parlamentar em Defesa dos Correios e a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares) vão se reunir virtualmente para traçar estratégias de resistência ao projeto do governo Bolsonaro e para articular estratégias de pressão junto ao Congresso Nacional (Câmara e Senado).
“Será necessária uma grande articulação envolvendo toda a sociedade, principalmente movimentos sociais e centrais sindicais, para evitar a privatização dos Correios”, explicou Leonardo Monteiro.
Entre 270 países, apenas 8 tem serviços de correios privatizados. Os Estados Unidos, por exemplo, possui um serviço postal mantido pelo Estado (United States Postal Service – USPS), com 600 mil trabalhadores. No país existem empresas privadas que atuam no setor, como Fedex e DHL, mas apenas nas áreas de encomendas e sem concorrer em outros serviços prestados pela estatal.
Para o deputado Zé Neto (PT-BA), o projeto de lei apresentado pelo governo Federal para privatização dos Correios “vai acertar em cheio as pessoas mais humildes, e provocar a extinção do serviço em muitas cidades, especialmente nos campos e nas periferias do país”. Conforme o parlamentar, uma empresa estratégica que cumpre um papel importante, “não pode ser vendida a toque de caixa, colocando em risco o nosso desenvolvimento e o atendimento das camadas menos favorecidas da população brasileira”.
Zé Neto assegura: “Vamos lutar contra esse governo negacionista que entrega o patrimônio nacional e nossa soberania nacional, gerando a dependência ao capital internacional aos interesses privados e estrangeiros”.
Pelo Twitter, mais parlamentares defenderam a existência dos Correios como empresa pública e criticaram a proposta de privatização do governo Bolsonaro.
Benefício ao setor privado
Deputado Henrique Fontana (PT-RS) – “Essa onda privatista nasce dentro de uma disputa onde os interesses privados querem se apoderar de setores rentáveis e estratégicos para fazerem seus preços e ampliarem seus lucros”.
Deputado Vander Loubet (PT-MS) – “O modus operandi no caso do BB é o mesmo adotado com a Caixa Econômica Federal e os Correios, ou seja, promovem o sucateamento, reduzem agências e funcionários e prejudicam e precarizam o atendimento, levando os clientes e a população a acreditar que a privatização é a solução”.
Deputada Natália Bonavides (PT-RN) – “Um dia depois de apresentar a MP para privatizar a Eletrobras, Bolsonaro entrega o projeto que ataca os Correios. É a receita cruel e fracassada do neoliberalismo sendo aplicada para entregar o patrimônio nacional, piorar os serviços públicos e enriquecer aliados bilionários”.
Prejuízo à população
Deputado Zé Ricardo (PT-AM) – “Fim dos Correios. Mais desemprego à vista. O Bolsonaro enviou projeto à Câmara para privatizar os Correios, apesar da empresa estar gerando lucro há 3 anos. Muitas agências já sendo fechadas. Vai prejudicar muito o interior do AM. Mais um patrimônio do povo que Bolsonaro acaba”.
Deputada Erika Kokay (PT-DF) – “Estamos vivenciando uma corrupção de prioridades por parte do governo Bolsonaro. A prioridade não é salvar o filho do presidente nem privatizar a Eletrobras e os Correios. A prioridade é a vacina e o auxílio emergencial!”.
Deputado Zé Carlos (PT-MA) – “Uma empresa pública que de 2017 a 2020 lucrou quase R$ 2 bilhões não pode ser vendida! De todas as empresas – públicas ou privadas – apenas os Correios estão presentes em todos os municípios do país, prestando os melhores serviços aos brasileiros de todas as regiões”.
Reação da Sociedade
Deputado Carlos Veras (PT-PT) – “O rolo compressor está sem freio. Precisamos nos unir e reagir ao pacote de Bolsonaro de desmonte do estado”.
Deputado Rogério Correia (PT-MG) – “Governo Bolsonaro ameaça desmontar país com privatização da Eletrobras, Correios e desvinculação de recursos do SUS e educação. Precisamos aumentar o tom das mobilizações”.
Héber Carvalho