Em missão oficial em Washington, nos EUA, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), integrante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), denunciou o golpe de Bolsonaro contra a democracia brasileira. “Nos últimos dias o presidente do Brasil, utilizou o seu próprio celular, as suas próprias redes sociais para conclamar o povo para uma manifestação contra o Congresso Nacional, contra o Supremo Tribunal Federal, contra as instituições que foram construídas com muita luta, e dor, com muitas marcas na pele e na alma dos que enfrentaram a ditadura militar”, criticou.
Erika Kokay, que juntamente com as deputadas Joênia Wapichana (Rede-RR) e Fernanda Melchiona (PSOL-RS) participam de encontro parlamentar tratar de temas como democracia, justiça social, direitos humanos e meio ambiente, informou que diariamente a democracia e as instituições são ameaçadas e fechadas no Brasil. Ela explicou que vários representantes do governo Bolsonaro já defenderam a volta do Ato Institucional 5, que na ditadura militar possibilitou a tortura e o fechamento do Congresso Nacional. “Se não há respostas, eles avançam no rompimento da própria democracia e na retirada de direitos”, alertou.
A parlamentar do PT-DF denunciou ainda que os conselhos com participação popular ou foram extintos ou foram enfraquecidos. Destacou que nesse governo se permitiu que os proprietários de terras se armassem, citou a tentativa de criminalizar os movimentos sociais, de enfraquecer os sindicatos. Ela destacou ainda o processo de destruição do meio ambiente em curso no governo Bolsonaro e dos ataques aos profissionais da comunicação.
União pela democracia
Em coletiva à imprensa estadunidense, Erika anunciou que está em construção uma frente ampla para preservar a democracia e os direitos que estão ameaçados, principalmente no Brasil. “A democracia é fundamental para que se assegurem direitos, ao mesmo tempo em que os direitos fortalecem a democracia. Quando a democracia está ameaçada, os direitos também estão”, argumentou.
A deputada Erika Kokay enfatizou que essa união internacional em defesa da democracia é fundamental. “Não tem fronteira para a defesa dos direitos, por isso, queremos construir uma grande frente de mulheres das Américas em defesa da democracia”. Ela alertou que os discursos de ódio e os discursos racistas se transformam em balas “e isso faz com que o Brasil seja o país que mais mata LGBTI e o quinto país que mais pratica feminicídio”, lamentou.
“Acreditamos na solidariedade e na unidade internacional. Isso é fundamental. Querem nos calar, mas somos sementes e vamos continuar trabalhando em defesa de uma liberdade que possam assegurar direitos. Não nos calarão”, reforçou.
8 de Março
A deputada Fernanda Melchiona também falou sobre a manifestação “golpista” pelo fechamento do Congresso Nacional. “Isso é muito grave, é hora de dar um basta”, afirmou defendendo uma forte manifestação em defesa de direitos e da democracia no dia 8 de Março – Dia da Mulher. Ela lembrou que foi a luta das mulheres que assegurou muitos direitos, entre eles a eleição de uma indígena. “Precisamos dar um novo passo contra a direita, o 8 de março é fundamental, precisamos fazer um ato fortíssimo”, defendeu.
A deputada Joênia falou sobre a situação dos povos indígenas, das ameaças ao meio ambiente e denunciou que o governo Bolsonaro retrocede em todas as conquistas. Ela defendeu a frente ampla e internacional pela democracia, pelo meio ambiente e em defesa dos povos indígenas. “Existem responsabilidades que devem compartilhadas. A Amazônia é um bem que beneficia a todos”, enfatizou.
As três parlamentares brasileiras continuam em missão oficial em Washington, a convite de deputadas estadunidenses até o próximo dia 28 de fevereiro.
Confira a coletiva:
Vânia Rodrigues