O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) manifestou na terça-feira (5), em plenário, preocupação com os municípios que ficaram sem médicos após decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro de quebrar o acordo de cooperação, entre Brasil e Cuba, que viabilizava o programa Mais Médicos.
“A saída permanente dos médicos cubanos, cada vez mais faz chegar até mim relatos de Prefeitos, Prefeitas, Vereadores, secretários de saúde, chefe de unidades básicas de saúde e até mesmo da população. O relato é único: ausência de atendimento médico”, afirmou o parlamentar.
O Mais Médicos foi criado em 2013, durante o primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff, para garantir a presença de médicos em municípios do interior, periferias de grandes cidades e regiões de difícil acesso, como aldeias indígenas, comunidades ribeirinhas e quilombos.
Com a decisão do governo de Cuba de não aceitar a quebra de acordo, cerca de 30 milhões de brasileiros ficaram sem atendimento, já que os 8.500 médicos cubanos retornaram ao seu país de origem. “Quero expressar a minha indignação com a maneira agressiva e desnecessária com que foram tratados os médicos cubanos pelo candidato eleito Jair Bolsonaro”, apontou Zeca Dirceu.
Com a saída dos médicos cubanos, o governo Michel Temer abriu um novo edital para recrutar médicos brasileiros. Porém, além do baixo percentual de profissionais que já se apresentou para trabalhar, o novo processo seletivo criou outro problema: a migração de médicos que já trabalhavam em determinados municípios e decidiram ir para outros. Tal qual o dito popular, estão “descobrindo um santo para cobrir outro”.
“Esse tema Mais Médico não pode ser silenciado e não termina agora com esse novo edital. Nós queremos conferir quais desses médicos brasileiros inscritos no novo edital vão de fato tomar posse e assumir o programa Mais Médicos nas vagas abertas. Também queremos saber o que será feito com as vagas que ficarão ociosas nas prefeituras e nas equipes da estratégia saúde da família”, questionou.
Zeca Dirceu também criticou decreto de Temer que suspende por cinco anos a criação de novos cursos de Medicina. Vale lembrar que o Mais Médicos, além da ação emergencial de prover médicos nos municípios brasileiros, tinha o objetivo de aumentar o número de vagas para a formação de novos médicos e de vagas de residência médica.
Há cinco anos, quando o programa começou, a meta era criar 11.447 novas vagas até 2017. Dados atualizados até novembro de 2018, revela que esse número alcançou nos dias de hoje um total de 13.624 vagas.
“Queremos discutir – até mesmo por ser presidente da Frente Parlamentar pela Criação de Novos Cursos de Medicina – qual a razão da manutenção desse decreto do presidente Temer, que suspende, por cinco anos, a criação de novos cursos. O Brasil precisa de mais médicos, quer sejam cubanos ou brasileiros. A nossa população não pode ficar sem o atendimento”, reivindicou.
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