A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS) promove nesta quarta-feira (27), no plenário 5, o seminário sobre Desenvolvimento das Cadeias Produtivas. A iniciativa é do deputado Zé Neto (PT-BA).
As diversas cadeias produtivas estão sofrendo mais acentuadamente com a situação econômica atual, argumentou o deputado Zé Neto, ao propor à CDEICS a realização do seminário para discutir o fomento ao desenvolvimento das cadeias produtivas na economia brasileira.
“Nós temos neste momento a necessidade urgente de ocuparmos um espaço nesse debate econômico que estamos vivendo no País. Estou muito preocupado. Eu venho trabalhar e todas as vezes saio daqui mais preocupado com a situação que estamos enfrentando nesse contexto econômico do País”, relatou Zé Neto, na abertura do seminário.
O parlamentar disse que a responsabilidade é de todos e a questão vai além de partido político, extrapola a disputa ideológica. “Último relato que temos de investimento público no mundo dão conta que a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) fechou em uma média, em 2017, de 3,28%. A deste ano pode ser que tenha um pouco mais de investimento público. O Brasil, talvez, feche em 0,10%. No ano passado fechamos com 0,20%. Em 2014, fechamos com 3,2%”, lembrou.
Ao apresentar justificativa para o debate, o deputado expôs um quadro da economia brasileira, que para ele “está distante de uma retomada do desenvolvimento econômico, mesmo depois de acumular fortes quedas de 3,5% e 3,3% em 2015 e 2016, respectivamente”.
“Na mais lenta taxa de crescimento após uma recessão na história brasileira, foram registradas leves variações positivas de 1,1% em 2017 e em 2018 e, no acumulado de 2019, apenas 1,0% de elevação”, diz o texto apresentado pelo parlamentar.
Ainda, segundo a justificativa, crise conjuntural na indústria brasileira, que já apresenta problemas estruturais de desindustrialização, é notada pela queda de 1,4% da produção física no acumulado de 2019. “A indústria da construção civil amarga anos de retração e desemprego. A construção naval está parada. A indústria de máquinas e equipamentos encontra situação adversa. A cadeia do leite, grande empregadora, também requer atenção”, destaca o petista.
Fomento
Ao questionar o Secretário Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos Alexandre Jorge da Costa, sobre como ficam as questões que envolvem fomento e abertura de mercado, o deputado Zé Neto afirmou que fomento privado é importante, mas que defende o modelo aplicado na Alemanha de fomento público.
“O fomento público é algo relevante e talvez seja o grande vetor do investimento público como já aconteceu no Brasil em vários momentos. Teve momento em que a Caixa Econômica e o Banco do Brasil disseram: O juro não vai ser esse, vai ser o de cá. Então o banco público serviu. O fomento encaixa um pouco nesse investimento público. A partir disso, o que o ministério está vendo em relação ao fomento e abertura de mercado? ”, questionou o deputado.
Zé Neto afirmou ainda que não é contrário à abertura de mercado. Para isso, defendeu o petista, “temos que ter um compasso certo, porque se a gente abre muito, pode estar fragilizando a indústria por demais”. Segundo ele, “os dados da indústria este ano são os piores desde quando se aferem esses dados”.
Em resposta, o representante do governo defendeu a tese de que “o maior fomento é um bom ambiente de negócio e boas oportunidades”. Para ele, são essas duas premissas que “fomenta o setor produtivo em qualquer lugar do mundo”. Em relação ao papel do BNDES como banco de fomento, o secretário afirmou que “o BNDES não pode formular, ele é um veículo de política econômica. Há uma situação de fomento não priorizando A, B, C. É um fomento de produtividade”, explicou.
Abertura comercial
Já em relação à abertura de mercado, Carlos Alexandre Jorge da Costa se colocou a favor da abertura comercial “gradual, previsível e pari passu com o aumento da competitividade brasileira”.
“Nós não somos loucos. Nós não queremos matar o setor produtivo brasileiro. A gente quer um Brasil produtivo, próspero pujante, competitivo para isso a gente acha que a abertura comercial seja necessária. Só que não é do nada, não é maluquice, não é sai correndo e abre tudo. Isso tem que ser gradual e previsível. Um liberal não pode sair fazendo coisas atabalhoadas, isso contraria o direito à propriedade, de negócio”, argumentou.
Benildes Rodrigues
Atualizada às 13h40
Veja a programação:
Mesa 1- Tema: Fomento ao desenvolvimento das cadeias produtivas
Convidados
1) REPRESENTANTE
Ministério da Economia
2) IRECE FRAGA KAUSS LOUREIRO
Chefe do Departamento de Produção e Inovação
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
(Confirmada)
3) JOÃO EMÍLIO PADOVANI GONÇALVES
Gerente Executivo de Política Industrial
Confederação Nacional da Indústria – CNI
(Confirmado)
4) MARIA CRISTINA ZANELLA
Gerente Divisional de Economia, Estatística e Competitividade
Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos – ABIMAQ
(Confirmada)
5) JOSÉ CARLOS RODRIGUES MARTINS
Presidente
Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC
Mesa 2 -Tema: Desafios para o desenvolvimento das cadeias produtivas
Convidados:
6) FÁBIO BENTES
Economista da Divisão Econômica
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo – CNC
(Confirmado)
7) WELLINGTON MESSIAS DAMASCENO
Diretor Executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e representante da
Central Única dos Trabalhadores – CUT
(Confirmado)
8) ADAUTO MODESTO JUNIOR
Economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e representante da
Associação Brasileira de Desenvolvimento – ABDE
(Confirmado)
9) GERALDO DE CARVALHO BORGES
Presidente
Associação Brasileira dos Produtores de Leite – ABRALEITE
10) JOÃO SANZOVO NETO
Presidente
Associação Brasileira de Supermercados – ABRAS
11) EMERSON LUÍS DESTRO
Presidente
Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores – ABAD
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