Volta às aulas presenciais: É o momento certo?

Que todos nós queremos ver nossos filhos e filhas frequentando as salas de aula novamente, é um fato. Sabemos da importância da socialização para o desenvolvimento das nossas crianças e adolescentes. O convívio em grupo é essencial para todos. Entretanto, a pergunta que deve ser feita por todos nós deveria ser: é seguro colocar nossas crianças em salas de aula no momento em que o país ultrapassa a triste marca de 400 mil vidas perdidas por conta da pandemia do novo coronavírus? Só quem tem as condições de avaliar isso são as comunidades escolares, as Secretarias de Saúde e de Educação dos municípios.

Nesse sentido, a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que impediu o retorno presencial na bandeira preta é muito correta. O decreto do governador Eduardo Leite foi mais uma tentativa desse governo estadual para colocar em risco a vida de milhares de gaúchos e gaúchas, sem diálogo com as escolas e Secretarias Municipais de Saúde e de Educação. Apesar dessa decisão, Eduardo Leite tinha uma dívida a ser paga para conseguir o apoio da Assembleia Legislativa e aprovar a PEC 280, que retira a necessidade de plebiscito para a venda da Corsan, do Banrisul e da Procergs: voltar com as aulas presenciais. Com a decisão do TJ-RS, não restou outra alternativa para Leite, ele ignorou toda a conjuntura sanitária, econômica e social do estado e “pintou” o RS com a bandeira vermelha.

Não podemos fazer como o governador. Não podemos ignorar a gravidade da pandemia em nosso estado. Segundo dados oficiais, no Rio Grande do Sul já foram registrados mais de 980 mil casos de da doença e, destes, mais de 25 mil chegaram a óbito. Em contraponto, já foram aplicadas mais de 2 milhões de doses da vacina em grupos prioritários, mas o problema está na falta de novas remessas, o que atrasa a segunda aplicação e compromete as doses já aplicadas. Ou seja, os dados sobre a situação da pandemia em solo gaúcho não permitem que o Governo do Estado adote outra bandeira que não seja a preta.

Para termos um parâmetro do que representa esse retorno presencial, basta observar os dados da abrangência da rede pública de ensino: só na rede estadual, são mais de 790 mil estudantes, além dos mais de 80 mil professores e professoras e 20 mil funcionários de escola.

Nessas condições, o retorno presencial pode representar um sério risco à vida dos gaúchos, colocando o estado em situação de alerta vermelho para a possível chegada de uma terceira onda, que pode ser muito mais letal que as outras, como já afirmaram os especialistas.

Nosso trabalho tem sido no sentido de garantir a segurança para o retorno presencial das aulas, porque, como eu afirmo desde o início dessa pandemia, nossa luta é pela vida. Então, a defesa da vacinação em massa de toda a população, a garantia de equipamentos de segurança de qualidade e condições adequadas nos espaços físicos é o primeiro passo para pensar o retorno presencial das aulas no nosso estado.

Marcon é deputado federal (PT-RS)

 

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