Com a voz rouca por conta do mata-leão que levou de um policial militar, a assistente social, secretária de Organização Estadual do PT-TO e militante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Eutália Barbosa, denunciou as atrocidades cometidas pela Polícia Militar do Tocantins na tarde de ontem, domingo (15), na ocupação do terreno na quadra 905 Sul, em Palmas. “Eu fui ajudar a acalmar a situação e foi quando eles me deram um mata-leão, pelas costas, agindo com muita violência. Depois já me algemaram, sem que eu tivesse feito nada. Eles foram completamente arbitrários nessa atuação violenta”.
Eutália está entre os seis detidos na ocupação que acontecia na quadra. A área é fruto de disputa judicial entre o estado do Tocantins e particulares há algum tempo. O local está destinado a abrigar um conjunto habitacional do programa Minha Casa Minha Vida, porém, a demora e o descaso do poder público fizeram com que os manifestantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) decidissem realizar a ocupação pacífica da área.
De acordo com Eutália, um homem que se diz dono da propriedade chegou em uma caminhonete tentando assustar as famílias e, segundo um dos manifestantes, esse homem teria iniciado propositalmente o fogo na quadra para incriminar as famílias. “Ele ficou rondando por lá, fazendo o sinal de arminha com a mão igual o Bolsonaro faz. Nós avisamos a polícia sobre ele ter colocado fogo na área, mas eles apenas falaram com descaso ‘então vai lá na delegacia e faz um boletim de ocorrência’”.
A secretária estadual de Organização Estadual do PT contou que os policiais usaram uma desculpa para prender um dos manifestantes. “Nós tentamos fazer um acordo com a polícia, dizendo que a gente ficaria no local combinado até a defensoria aparecer. Mas, quando um dos ocupantes saiu só para buscar sua moto e estacionar em outro lugar, porque ela estava muito próxima ao local que pegava fogo, a polícia afirmou que ele estava dirigindo perigosamente e que a documentação estava irregular, e foi aí que eles começaram a ser muito violentos”.
Após ficar 8 horas detida com mais cinco pessoas sem que tivessem cometido qualquer crime, Eutália disse que não esperava tanta violência num movimento pacífico. “Nós, representantes de movimentos sociais, fomos chamados quando a polícia chegou. A gente foi pra lá pra evitar que tivesse confronto. Eu avisei o defensor público e ele disse que iria pra lá, mas ninguém da defensoria pública apareceu, não sei porque. Eram 200 famílias num movimento pacífico, mas a polícia usou qualquer desculpa pra começar a agir com violência”. Mesmo depois das prisões, a PM seguiu intimidando os ocupantes da área, que tomaram a decisão coletiva de deixar o local.
CDHM
O deputado federal Célio Moura (PT-TO) afirmou que vai denunciar a ação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, além de acionar a Corregedoria para que os agentes públicos envolvidos sejam responsabilizados por seus atos truculentos. “A Polícia Militar do Tocantins num gesto arbitrário, violento e misógino atacou as pessoas que estavam acompanhando e dando apoio a população. O governo do estado já não possui políticas públicas para moradia e agora usa da força policial e não dos meios legais para resolver os conflitos”.
Entre os detidos estava Guilherme Barbosa, filho de Eutália, secretário estadual da Juventude do PT-TO e diretor da União Nacional dos Estudantes. Em solidariedade aos jovens militantes, Ronald Sorriso, secretário Nacional da Juventude do PT, comentou o acontecido. “A detenção dele é mais uma atitude arbitrária e violenta das policias militares, que não respeitam os movimentos sociais, nem os movimentos de juventude. O companheiro tava lá pra somar na luta por moradia. Eles ficaram presos durante horas sem ter cometido nenhum crime. A gente precisa rever esse sistema perverso em que aqueles que lutam são tratados como criminosos, enquanto aqueles que roubam o povo são tratados como cidadãos”.
Eutália Barbosa, Guilherme Barbosa, o advogado Lucas Naves, o Dirigente do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Bismarque do Movimento, Wesley Vieira e Beatriz Gonçalves foram liberados depois de horas de detenção arbitrária e agora respondem às acusações em liberdade.
Da Redação da Agência PT de Notícias