Violência e medidas de exceção do golpe de 1964 continuam funcionando hoje, denunciam petistas

No marco de 54 anos do golpe militar de 1º de abril de 1964, parlamentares do PT na Câmara ressaltaram a importância de não se esquecer o regime ilegítimo que durou 21 anos e fizeram um paralelo com o atual momento vivido pelo Brasil.

Para o deputado Luiz Couto (PT-PB), que assumirá nesta semana a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, cargo que ocupará pela terceira vez, elementos daquele regime de exceção estão se repetindo hoje. “Temos um governo ilegítimo que promove a retirada de direitos e ainda tivemos episódios como o assassinato da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, provavelmente por agentes do próprio Estado, e os atentados a tiros à caravana de Lula no sul. Não há dúvidas que o contexto atual tem muito a ver com o que ocorreu no período da ditadura”, afirma Couto.

Opinião semelhante tem a deputada Erika Kokay (PT-DF). “Marx tem razão quando diz que a história se repete como tragédia e como farsa. E nós estamos vivenciando uma repetição do que ocorreu no período de exceção que perdurou 21 anos no Brasil. Devemos lembrar que hoje existem muitos pedaços da ditadura na nossa contemporaneidade e que este golpe parlamentar tende – da mesma forma como o de 1964 – a recrudescer, mas ele enfrentará a nossa resistência”, enfatiza a parlamentar.

Segundo o deputado Angelim (PT-AC), a ditadura civil-militar encerrada em 1985 é uma “página triste” da nossa história, mas não pode ser esquecida. “Até para servir de exemplo de como devemos ter mais respeito pela democracia e dar um basta a essa onda de pessoas que teimam em atacar e fragilizar as instituições e o processo democrático no Brasil”, defende.

“Temos que lutar hoje com todas as nossas forças em defesa da democracia e do Estado democrático de direito para que nunca mais tenhamos nem ventilada a possibilidade de voltarmos àqueles tempos obscuros, àqueles tempos tenebrosos que afetaram milhões de brasileiros”, completou Angelim.

Redes – Nas redes sociais, especialmente no Twitter, outros parlamentares petistas se manifestaram sobre o tema. “Memória é fundamental para evitar novas ditaduras”, escreveu o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS).

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) publicou uma sequência de seis tweets nos quais repudia as mentiras do golpe e o apoio da grande mídia ao mesmo. “Há exatos 54 anos, as tropas militares tomaram o poder com uma série de mentiras: A primeira delas é chamar de ‘revolução’ o que foi um golpe com apoio da grande mídia local e de forças estrangeiras, como mostra o jornalista Flávio Tavares no filme ‘O Dia que Durou 21 Anos’. Eles mentiram ao dizer que Jango era comunista. Nunca tinha sido. Ele propôs uma reforma agrária CAPITALISTA, com título de propriedade, por exemplo. Essa é a ‘acusação’ a quem luta para a promoção de mais democracia e oportunidades para o Brasil”, denunciou Lopes.

“Mentiram quando disseram que iriam garantir o calendário eleitoral. As eleições presidenciais se dariam em 1965 e Juscelino era o líder de todas as pesquisas. Nós brasileiros só pudemos votar para presidente novamente em 1989. Mentiram sobre mortes, prisões, torturas e a situação do país. Torturaram a verdade durante anos. Não podemos trilhar os mesmos caminhos. Não podemos deixar a desinformação vencer. O golpe não teria sido bem-sucedido se não fosse a campanha sórdida feita pela grande mídia. Ou será que O Globo estava brincando de 1º de abril quando fez essa manchete no dia da mentira em 1964? Ressurge a democracia?”, acrescentou o deputado mineiro.

Também no Twitter, o deputado Marco Maia (PT-RS) afirmou que o 1º de abril “é referência de uma memória marcada pela opressão e pelo capítulo mais traumático da história recente do país!”.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) mencionou artigo da jornalista Eliane Brum que aborda as razões de a violência continuar presente no Brasil. “Não a encaramos. Nunca responsabilizamos os escravistas, nunca punimos os torturadores e assassinos que agiram de dentro do Estado na ditadura. O racismo e a violência de estado continuam aqui hoje”, lembrou Rosário.

Usando a palavra de ordem “Ditadura, nunca mais!”, o deputado Afonso Florence (PT-BA) registrou que “há exatos 54 anos, era deflagrado o golpe militar brasileiro que resultou na derrubada do presidente João Goulart, o ‘Jango’, e na implantação de uma ditadura que durou 21 anos”.

Rogério Tomaz Jr.

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