Petistas culpam Bolsonaro pela crise sanitária causada pela Covid-19 no Brasil e cobram urgência na aquisição de vacinas

Parlamentares da Bancada do PT afirmaram durante pronunciamentos na sessão plenária da Câmara dos Deputados, na quarta-feira (9), que o negacionismo e a irresponsabilidade demonstrados até agora pelo governo – e principalmente pelo presidente Bolsonaro – diante da pandemia, é a principal causa da crise sanitária, econômica e social pelo qual o País está passando. Os parlamentares também cobraram do governo agilidade na apresentação de um calendário nacional de vacinação e compromisso de aquisição das vacinas disponíveis para imunizar a população brasileira.

Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), o descontrole total da pandemia no Brasil é fruto do comportamento e das atitudes irresponsáveis de Jair Bolsonaro. “E por que a crise sanitária está chegando nesses níveis em que chegou? Porque nós temos um presidente da República que decidiu adotar o mecanismo da negação à realidade da ciência, negação às medidas que deveriam ser tomadas para proteger a saúde do povo brasileiro”, acusou.

Como prova dessa irresponsabilidade, Fontana lembrou que enquanto o Reino Unido já começou a imunizar a sua população com a vacina da Pfizer, apenas agora o Brasil demonstra interesse em adquiri-la. Ele também recordou que o ministro da Saúde, general Pazuello, chegou a anunciar a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, produzida com tecnologia chinesa em parceria com o Instituto Butantan, mas que foi desautorizado pelo presidente Bolsonaro que alegou que a “vacina da China” não seria comprada.

“Então, o problema central do Brasil hoje é que nós somos presididos por um negacionista, do ponto de vista da ciência, e por alguém que está transformando a vacinação num terreno de disputa política e um terreno de disputa ideológica”, criticou Fontana.

Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara

O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) lembrou ainda que o Brasil teve tempo para se preparar para enfrentar a pandemia, que somente chegou ao Brasil cerca de um mês e meio após se alastrar pelo mundo. Porém, ele lamentou que Bolsonaro tenha minimizado o problema.

“Bolsonaro desde lá manteve-se totalmente distante de sua responsabilidade no combate à pandemia. Ele fez aglomeração, ele estimulou manifestações antidemocráticas, ele criou o gabinete do ódio, pagando funcionários com dinheiro público, ele estimulou a disseminação de fake news”, explicou.

Joseildo também recordou que Bolsonaro chamou a covid-19 de “gripezinha”, demitiu dois ministros da Saúde em menos de dois meses durante a pandemia, e que colocou um general paraquedista para comandar a pasta da Saúde, sem nenhuma experiência na área. O parlamentar baiano lembrou também que Bolsonaro nomeou vários militares para o Ministério da Saúde, e que entregou a direção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para um contra-almirante da Marinha, e ainda indicou um tenente-coronel reformado do Exército como diretor da agência.

Foto: Gustavo Bezerra

Vacina pode trazer normalidade

Diante do agravamento da pandemia, o deputado Bohn Gass (PT-RS) cobrou de Jair Bolsonaro mais responsabilidade e agilidade na aquisição de vacinas. Ele lembrou que alguns países já iniciaram o processo de vacinação, prometem começar ainda este ano ou, no máximo, no início do ano que vem. “E o Brasil, Bolsonaro? Não, não tente usar a desculpa de que falta dinheiro. O Congresso — nós, deputados — já aprovou e vai aprovar tudo que for necessário se o objetivo for imunizar o povo brasileiro”, avisou.

Segundo Bohn Gass, até mesmo o setor produtivo destaca que somente a vacina poderá salvar a economia. Ele lembrou que o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul disse que “a economia só retoma o crescimento com a chegada da vacina”.

“Então, mexa-se, Bolsonaro! Compre todas as vacinas que estiverem disponíveis. Agilize as liberações. Qualifique, remunere, amplie a Anvisa se for preciso, mas faça acontecer. Quanto mais tu demorares mais difícil vai ficar. Os laboratórios já estão comprometendo suas capacidades de produção de vacinas com as encomendas de outros países”, alertou Bohn Gass.

Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara

O deputado Marcon (PT-RS) ressaltou em seu pronunciamento que o País está apavorado com o crescimento da pandemia, principalmente com o possível colapso do sistema de saúde. “As UTIs não têm mais espaço para paciente, nem para médico, muito menos para o cidadão. Ontem, o Rio Grande do Sul passou um número muito ruim, que havia 60 pacientes precisando de UTI e não havia vaga”, observou.

De acordo com o parlamentar, agora é o momento de o governo federal auxiliar os estados na abertura de mais leitos de UTI. “Nós precisamos, em primeiro lugar, que o governo federal coloque recurso para abrir mais UTIs em nosso Estado, e, com certeza, no Brasil inteiro, porque nós precisamos salvar vidas”, destacou Marcon.

Foto: Gustavo Bezerra

Aquisição de vacinas e calendário

Durante seu pronunciamento, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) disse que o parlamento precisa cobrar do presidente da República “uma ação objetiva, efetiva para a imunização do povo brasileiro”. O deputado mineiro defendeu que o parlamento dê dez dias para que o governo federal apresente os acordos firmados para aquisição de vacinas e um calendário de vacinação para todos os brasileiros.

“Este Parlamento tem que falar alto, tem que representar de fato o povo brasileiro, tem que cobrar desse presidente e da sua equipe, um governo irresponsável, um governo de improviso, um planejamento imediato. Eu acho que não pode passar de 10 dias, caso contrário, o Parlamento brasileiro deveria pedir o seu impeachment, o seu afastamento. Não dá mais para o Brasil conviver com esse governo irresponsável. Já foram 180 mil vidas”, lamentou Reginaldo Lopes.

Por sua vez, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) defendeu a adoção imediata da medida defendida pelos governadores dos Estados de que as vacinas que já passaram por todas as fases de testes, e foram aprovadas em seus respectivos países, possam ser compradas pelo Brasil. “E a Anvisa, com maior celeridade e sem politização e ideologismo barato, trate de proteger a vida das pessoas”, afirmou.

A parlamentar lembrou que devido ao agravamento da crise causa pela pandemia, o genocídio causado pela incompetência do governo Bolsonaro causa não apenas mortes por conta da Covid-19, mas também por conta do aumento da miséria no País. “São já 40 milhões de pessoas sem condição de levar um salário no final do mês para a casa, e 14 milhões dessas estão completamente desempregadas. As crises se avolumam”, apontou Maria do Rosário.

Negacionismo de Bolsonaro

Diante dessa quadro desolador, a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que se o Brasil depender do interesse demonstrado até o momento pelo presidente Bolsonaro em resolver o problema da pandemia, o Brasil pode se preparar para ter uma das piores comemorações de Natal de sua história.

“Eu penso que o Bolsonaro prepara um dos piores Natais que o Brasil já vivenciou. Nós caminhamos rapidamente para 180 mil mortes. E o Presidente da República, enquanto isso, inaugura uma galeria ou uma exposição ou uma vitrine com os seus trajes e os da sua esposa durante a solenidade de posse, dizendo que isso é um fato histórico”, criticou.

E como alternativa para minimizar a tragédia social causada pela Covid-19, que aumentou a miséria e o desemprego no País, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu a continuidade do pagamento do auxílio emergencial, previsto para acabar no final deste ano.

“É preciso que, neste momento, tenhamos a consciência de que aumenta o número de morte por Covid, aumenta o número de desempregados, aumenta o número de miseráveis, aumenta o número de desabrigados. O governo não pode, de forma alguma, dizer que vai retirar agora o auxílio emergencial”, disse.

Héber Carvalho

 

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