O deputado Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, afirmou que a Operação da Polícia Civil denominada “Fogo do Sairé”, que prendeu integrantes da ONG Brigada de Incêndio de Alter do Chão, no Pará, não passa de ação truculenta para sustentar narrativa do governo Bolsonaro, durante queimadas na região Amazônica. A declaração de Tatto foi nesta terça-feira (26), durante entrevista coletiva na Câmara dos Deputados.
“Isso mostra uma armação que está se montando, e uma narrativa para poder dar razão a um discurso feito pelo presidente [Bolsonaro] de acusar a terceiros sobre o aumento de queimadas e desmatamento na Amazônia”, denunciou Nilto Tatto.
À época, Bolsonaro sustentou que as queimadas que ocorriam na região haviam sido provocadas por indígenas e Organizações Não Governamentais (ONGs). “Ele já fez isso quando acusou as ONGs de forma genérica, quando acusou os indígenas de ter colocado fogo, fez isso quando acusou o Greenpeace pelo óleo derramado na costa litorânea do Nordeste. Produzem uma narrativa que dê base a esse discurso mentiroso e tentam passar aqui no Congresso Nacional a CPI para apurar as atuações das ONGs da Amazônia”, disse Tatto.
Participaram da coletiva o coordenador da ONG Projeto Saúde e Alegria, com sede em Santarém (PA), Caetano Scannavino e os deputados Airton Faleiro (PT-PA), Edmilson Rodrigues (PSOL-PA), e o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), deputado Helder Salomão (PT-ES).
O coordenador da ONG Projeto Saúde e Alegria, Caetano Scannavino, disse que foi surpreendido com a ação truculenta da polícia. “A Polícia Civil chegou de uma forma truculenta, armada com metralhadora no nosso escritório, sem a gente saber porque, sem a gente saber qual a acusação, sem decisão judicial e com mandado de apreensão sem definir o que, para que, sem as especificidades como o bom direito rege, e levaram tudo”, lamentou.
O ambientalista disse que desconhece os motivos pelos quais a ONG que representa está sendo acusada. Existe uma situação clara e obvia que a gente lamenta que é um ambiente nos últimos tempos, sobre tudo de tentativa de criminalizar as ONGs, a comunidade indígena, a agenda clima, o movimento ambiental. A gente lamenta porque a questão ambiental não de direita ou de esquerda”, afirmou.
Caetano Scannavino conclamou a imprensa a apurar com profundidade as denúncias que atingem as ONGs da Amazônia, porque, segundo ele, “porque é muito estranha essa acusação”.
“A gente não pode alimentar mais um ambiente de inversão de valores, em que quem denuncia crime é preso e quem comete crime é chamado de cidadão do bem porque está movimentando a economia. Eu não tenho nada contra o agronegócio, acho importante setor da economia, não tenho nada contra a exploração madeireira, eu sou contra a ilegalidade”, observou Scannavino.
O deputado Airton Faleiro lembrou que a ONG Projeto Saúde e Alegria têm mais de 30 anos de atuação no Amazonas. “Busca e apreensão nessa organização não governamental sobre acusações que eles vão ter que provar. Acusam de que quem colocou fogo lá na APA de Alter do Chão foram as ONGs e não os grileiros, os criminosos. Eles vão ter de provar”, reafirmou o parlamentar.
Veja o vídeo da entrevista coletiva:
Benildes Rodrigues