A Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara anunciou que se opõe totalmente à redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300 conforme prevê a proposta apresentada pelo presidente Jair Bolsonaro, nesta terça-feira (1º). Os parlamentares vão lutar no parlamento para manter até o dia 31 de dezembro o valor de R$ 600 aprovado pelo Congresso Nacional, por entender que a decisão “perversa e desumana” de Bolsonaro é um duro golpe na população que mais precisa da presença do Estado brasileiro para enfrentar as consequências da pandemia de Covid-19.
“É um absurdo cortar a renda emergencial de R$ 600 para R$ 300. Isso mostra o desrespeito que Bolsonaro tem ao nosso povo, o desrespeito com os mais pobres”, afirmou o líder da Bancada do PT na Câmara, Enio Verri (PT-PR).
“Estranhamente, ele é excessivamente ágil para cortar a renda emergencial, vetar a lei Assis Carvalho que trata da agricultura familiar e ajudar banqueiros, mas é muito lento quando é para ajudar aqueles que mais necessitam”, completou Verri.
Reservas cambiais deixadas pelo PT
O líder petista sugeriu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao próprio Bolsonaro que utilizem os lucros das reservas cambiais deixadas pelos ex-presidentes Lula e Dilma em benefício do povo.
“Graças às reservas internacionais de mais de U$ 370 bilhões deixadas pelos governos Lula e Dilma, o Banco Central teve um lucro de R$ 400 bilhões. O custo da renda emergencial de R$ 600 por mês, é de R$ 50 bilhões mensais. Portanto, só o lucro das reservas cambiais deixadas por Dilma e Lula equivale a oito meses de pagamento do auxílio emergencial”, esclareceu Verri.
O líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), lembrou que Bolsonaro nunca quis pagar os R$ 600 e que o auxílio emergencial aprovado pelo Congresso Nacional foi uma grande conquista do parlamento brasileiro. Bolsonaro, inicialmente, propôs R$ 200 de auxílio emergencial, mas o Congresso Nacional – a partir de proposta do PT e outros partidos da oposição, triplicou o valor. Para Guimarães, a redução de R$ 600 para R$ 300 “representa um duro golpe para as famílias que precisam da sustentação, da proteção do Estado”.
“Em tempos de pandemia, reduzir o benefício à metade é inaceitável. Esse corte vai afetar ainda mais a vida humana, a vida das pessoas que precisam do auxílio emergencial. Nós vamos lutar até o último minuto para alterar a medida provisória e garantir os R$ 600 até o final de 2020”, avisou Guimarães.
PT apoia o povo
Ao avaliar a situação, a deputada Rejane Dias (PT-PI) disse que além de lutar pela manutenção do valor inicial da renda emergencial, vai batalhar também pela aprovação de projeto da bancada do PT que prevê a prorrogação do auxílio.
“Vamos lutar para manter os R$ 600 e aprovar o projeto da nossa bancada na Câmara que prorroga o auxílio por até um ano. Só R$ 300 é pouco. O orçamento das famílias está longe disso: aluguel, contas de água e luz. A economia vai demandar mais tempo para dar sinais de reversão, por isso precisamos garantir apoio às pessoas que mais precisam”, defendeu Rejane Dias.
A parlamentar se referiu ao projeto de lei (PL 2357/20), de autoria de José Guimarães. A proposta estabelece o pagamento do auxílio emergencial enquanto durar o estado de calamidade pública instituído pelo decreto legislativo de março de 2020.
Nas redes
Pelas redes sociais, parlamentares do PT se posicionaram contra a medida provisória editada pelo governo Bolsonaro que reduz à metade o auxílio emergencial.
“A presidenta Dilma deixou US $ 380 bilhões em reservas cambiais, poupança que deveria ser usada em emergências. Portanto, reduzir o auxílio emergencial para R$ 300 é uma opção cruel de Guedes e Bolsonaro”, lembrou a deputada Luizianne Lins (PT-CE).
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) também criticou a medida do governo. “Bolsonaro vai cortar pela metade os R$ 600 do auxílio. Não é possível que no 6º mês de pandemia o presidente continue protegendo os 42 maiores bilionários do país em detrimento dos mais pobres. Precisamos votar urgentemente o pacote tributário da oposição”, escreveu.
Governo genocida
A deputada Natália Bonavides (PT-RN) recordou que pagar o montante de R$ 600 para o auxílio emergencial nunca foi a intenção de Bolsonaro. “Agora, no momento em que o país ultrapassa 120 mil mortos e mais de 13 milhões de desempregados, ele quer reduzir o valor do auxílio. Somos contra a redução e lutaremos para manter os R$ 600”, frisou.
O deputado Helder Salomão (PT-ES) escreveu: “O governo Bolsonaro/Guedes quer a redução do valor do Auxílio Emergencial para R$ 300. Nós do PT somos contra essa proposta e vamos lutar para manter o valor de R$ 600 (que já é pouco)”.
Também pelas redes sociais o deputado Bohn Gass (PT-RS) se manifestou: “Bolsonaro corta auxílio emergencial pela metade. Agora, serão apenas R$ 300. Vou logo avisando: é insuficiente. E não esqueçam: por ele, seriam apenas R$ 200,00. Quem forçou o aumento para R$ 600 foram os partidos de oposição”, lembrou o petista.
O deputado Odair Cunha (PT-MG) lembrou-se da intenção inicial do governo federal. “Desde o início, Bolsonaro e Paulo Guedes eram contra o auxílio emergencial. Queriam apenas R$ 200. Nós, no Congresso Nacional, conseguimos aprovar o valor de R$ 600 e agora vamos lutar pela extensão desse valor até, pelo menos, dezembro”, assegurou.
Já o deputado Alencar Santana (PT-SP) escreveu: “Bolsonaro quer cortar metade do auxílio emergencial de R$ 600. Denunciei na sessão da Câmara esse absurdo e a bancada do PT na Câmara vai votar contra isso. Que Bolsonaro e Guedes cortem dos bancos”, sugeriu.
Benildes Rodrigues