PT ficará em obstrução enquanto pedido de afastamento de Cunha não for julgado pelo STF

PauloPimenta Salu

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), um dos vice-líderes do PT na Câmara, usou a tribuna nesta terça-feira (26) para informar que a bancada petista entrou em obstrução e permanecerá nesta situação até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o pedido de afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Casa. O afastamento foi solicitado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no dia 16 de dezembro do ano passado, e até o momento o STF não deu qualquer sinal de que julgará o pedido. Também entraram em obstrução o PCdoB, o PSol e a Rede.

Pimenta afirmou que o Brasil não vive um momento de normalidade democrática, mas sim uma afronta à Constituição Federal. “Trezentos e sessenta e sete colegas, de maneira constrangedora, de maneira patética, querem usurpar a legitimidade do voto de mais de 54 milhões de brasileiros e de brasileiras. Querem, através de um golpe, transformar Temer em presidente da República e transformar Eduardo Cunha em vice-presidente da República”, denunciou o parlamentar gaúcho.

Menos de dez parlamentares, lembrou Pimenta, foram à tribuna para fazer referência às razões da denúncia ou mesmo ao relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO). “O Brasil e o mundo assistiram perplexos a Parlamentares se revezarem naquele microfone e dizerem em alto e bom som que eram a favor do impeachment para homenagear uma filha que ia nascer, para homenagear a tia que o criou, para homenagear a sua cidade natal, para homenagear o criador da sua igreja. Isso foi a revelação ao vivo para o Brasil daquilo que nós já vínhamos denunciando: não há crime de responsabilidade”, disse Pimenta, que chamou de “vergonha para o Brasil e para o Parlamento” o fato de a Câmara ser presidida por Cunha.

O petista lembrou ainda que, em novembro do ano passado, os líderes da oposição de direita pediram o afastamento de Eduardo Cunha e chegaram a entrar em obstrução, mas saíram da mesma tão logo o presidente da Câmara acatou o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. “Vieram a esta tribuna os líderes do PSDB, do PPS e do DEM e anunciaram ao Brasil que entravam em obstrução, porque Eduardo Cunha não reunia condições política, éticas, morais e jurídicas para presidir esta Casa. Cinco dias depois, quando Eduardo Cunha percebe que não tinha os votos necessários no Conselho de Ética para ser absolvido para se safar do processo, abre o processo de impeachment e os partidos de oposição, naquele momento corajosos, naquele momento fazendo o discurso pela ética, venderam a sua conduta, venderam as suas histórias em troca do impeachment”, recordou.

Pimenta também expôs o “acordão” costurado para salvar o mandato de Cunha. “O preço cobrado por Eduardo Cunha e pago pela oposição é salvar o seu mandato. Essa foi a moeda de troca para que nesta Casa fosse aberto o processo ilegal, inconstitucional, porque não há crime de responsabilidade sem previsão na Constituição, para afastar uma Presidenta democraticamente eleita”, apontou.

Rogério Tomaz Jr.

Foto: Salu Parente / PT na Câmara

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