A base do governo Bolsonaro na Câmara não conseguiu se organizar nesta quinta-feira (14) para garantir sequer a aprovação dos quatro acordos internacionais que estavam na pauta. Diante dos ataques ao PT, por parte principalmente de deputados do PSL, a bancado petista decidiu obstruir as votações. “Estamos em obstrução política. É preciso que haja civilidade. É preciso que nós respeitemos esta Casa e a vontade do povo, que elegeu os parlamentares que aqui estão. Nós não podemos ter aqui este verdadeiro teatro macabro”, afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF).
O Parlamento, ensinou a deputada, é um poder plural. “Alguns acham que a campanha ainda não terminou. Alguns acham – esses que saíram das mãos sujas de sangue da ditadura militar – que os adversários têm que ser eliminados, que o outro só pode existir se for o seu espelho, se tiver a sua família, se tiver a sua forma de ser e o seu pensamento político. Esses estão transformando este Parlamento em um palanque”, criticou.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) afirmou que o PT tem enorme responsabilidade com este País e destacou que a bancada petista pensa muito diferente da bancada do PSL. “Mas, alguns discursos de agressão pura, de ódio, de intolerância dão a ideia de que alguns são os escolhidos, os verdadeiros patriotas e de que outros não estão preocupados e de que não são responsáveis pelo futuro do País por pensarem diferente. A isso nós não nos curvaremos, neste plenário”, enfatizou.
Respeite a oposição!
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) considerou como “destempero” o que tem acontecido no plenário. “Esta Casa de Lei é de respeito, é de ideias, das quais nós fazemos Oposição. Eu não sei se esquerda é xingamento ou elogio. Nós devemos discutir a matéria que está em pauta. É comunista para lá, é comunista para cá… Não sei, mas deve ser uma coisa muito boa, porque eles falam contra. Tudo o que eles falarem contra é porque é uma coisa muito boa”, ironizou.
Benedita pediu respeito à Oposição e explicou: “obstrução, para quem não sabe, faz parte da estratégia política de plenário nesta Casa e está garantida no Regimento. Não é uma manobra pura e simplesmente da esquerda, porque, se me lembro, eles [a direita] fizeram muitas obstruções até inviabilizar o governo e proclamar o impeachment da presidenta Dilma”.
Faltou competência
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) destacou que o Parlamento é um espaço para o diálogo, do confronto de ideias e de opiniões. “E nós vamos a todos em todos os momentos debater, conversar e nos posicionar. Se vocês, do governo, não conseguiram aprovar hoje sequer um PDC, com uma grande maioria que vocês dizem que têm, sabe o que está faltando? Competência. Sabe o que está faltando? Capacidade. Sabe o que está faltando? Conhecimento e respeito nesta Casa”, ironizou.
Falando em nome da Bancada do PT, Alencar disse que os deputados petistas querem debater projetos, querem saber o que pensa o presidente Bolsonaro, “que disse que vai metralhar os petralhas, que quer a oposição no lixo. O que ele pensa para o País?”, indagou.
“Os senhores bateram palmas para um Presidente que não tem coragem sequer de ir a um debate, o fujão, o covarde. Ele tem um filho vereador que manda mais do que os parlamentares da sua da base; tem um primo oculto no Palácio tomando decisão; tem um ministro, ex-presidente do PSL, que pegou dinheiro público do orçamento eleitoral partidário, das eleições, para plantar um monte de candidaturas laranjas. Cadê o presidente do PSL, que não se manifesta desta tribuna? Cadê?”, provocou.
Interesse do Brasil
O deputado Alencar ainda desafiou a base do governo: “Se os senhores, em algum momento, tiverem a capacidade de debater um projeto de interesse do Brasil, podem ter certeza de que nós estaremos aqui. Qualquer um do PT fará isso, qualquer um, de primeiro mandato ou de mandato mais antigo”. Para o deputado, quem tem medo do debate que fique em casa. “Quem tem medo do confronto de ideias faz igual ao Presidente, pega um atestado médico e não vai lá naquele momento. Nós vamos! Podem ter certeza de que nós iremos!”.
Enquanto houver injustiça neste País, assegurou Alencar, existirá o PT. “Enquanto houver injustiça neste País, além do PT, existirão outros partidos de esquerda e nós vamos lutar porque, assim como nós provamos que é possível, na época do presidente Lula, nós vamos dar saltos mais altos ainda. Nós vamos transformar este País. E este será um País para todos e para todas, não de uma pequena elite”, concluiu.
Vânia Rodrigues