O deputado federal João Daniel (PT) denunciou, na Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara, a situação relativa à diminuição do valor pago pelo litro do leite em várias regiões do País, inclusive em Sergipe, na região do Alto Sertão, maior bacia leiteira do Estado e das maiores da região Nordeste. Ele entende que é preciso uma política de Estado para defender a produção leiteira que, segundo denúncias, vem sendo atacada pela importação do leite em pó para o beneficiamento nos laticínios brasileiros e também leite importado de países vizinhos.
No dia 12, o deputado e uma comissão de parlamentares federais do PT participaram de reunião com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, provocada pela Bancada do Partido dos Trabalhadores, quando colocaram essa questão, pois entendem que a solução depende de uma posição política. “É preciso de um mínimo de respeito com a nossa produção nacional e o produtor de leite”, completou João Daniel, ao exigir políticas públicas a exemplo do que fazia a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), nos governos Lula e Dilma Rousseff. Entre os deputados que estiveram presentes à reunião, Marcon (RS), Bohn Gass (RS) e Pedro Uczai (SC).
“O que está ocorrendo é que é mais fácil trazer leite em pó da Nova Zelândia e da Europa para transformar aqui no Brasil o que eles comercializam e os derivados de leite”, detalhou. No caso de Sergipe, disse João Daniel, embora o Estado tenha uma bacia leiteira produtiva, com produção de aproximadamente um milhão de litros de leite/dia, numa região formada por apenas seis municípios, o preço do litro do leite que já foi de R$ 1,60, hoje é de apenas R$ 0,90. “Muitos produtores já jogaram ou têm jogado sua produção fora porque não têm para quem vender. As três grandes indústrias de laticínios que temos fazem o acordo de mercado, combinam preços, importam e controlam a região”, lamentou.
João Daniel acrescentou que sempre defendeu, através da Secretaria de Estado da Agricultura e do Meio Ambiente e dos Territórios dos movimentos da região, as pequenas indústrias e fabriquetas de queijo, pois são elas que dão o mínimo de estabilidade ao preço do litro do leite na região. “Precisamos defender uma política de Estado para o leite. Já enfrentamos isso em períodos anteriores, mas tinham o governo federal que chegava e atuava, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e da Conab, que intervinham para comprar parte da produção e destinava para famílias carentes ou à alimentação escolar. Mas hoje a Conab não tem recursos e o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), acabou”, declarou.
Na comissão de Agricultura, durante reunião de quarta-feira (12), vários deputados se manifestaram sobre essa situação, que tem afetado vários estados. Para João Daniel, defender uma política de Estado para o leite e defender a soberania alimentar. “Sabemos que a produção de leite, em especial no Nordeste e no Sul do país, é feita, na maioria absoluta, por pequenos produtores. Precisamos defender esses produtores e que o Estado tenha uma política”, disse João Daniel, ao parabenizar todos os movimentos da Via Campesina, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), que têm projetos e propostas para que através de uma política de estado possa haver intervenção quando os especuladores e o mercado usam essa situação de crise para enfraquecer, desvalorizar e baixar o preço da produção nacional.
Durante a reunião, o ministro da Agricultura informou que, apesar dos poucos dias que restam a este governo, faria um esforço na área internacional, buscando criar barreiras para a importação, além de provocar uma reunião com a nova ministra [Teresa Cristina]. Também sugeriu que os deputados articulassem, através da Câmara, mais recursos ao Orçamento para 2019.
Assessoria de Comunicação Mandato João Daniel