PL do Aborto: “Não podemos transformar vítimas em criminosas”, afirma Benedita

Deputada Benedita da Silva. Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Coordenadora da Bancada Feminina na Câmara pede debate cuidadoso sobre o PL 1904.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ), coordenadora da Secretaria da Mulher e da Bancada Feminina da Câmara, apresentou em plenário, nesta terça-feira (18/6), resultados de pesquisas que revelam o aumento da violência sexual no País, para contribuir com o debate do projeto de lei (PL 1904/24), que equipara a realização de aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio. “É fundamental que o debate seja mais profundo do que o que está sendo colocado, com todas as camadas que envolvem um assunto tão delicado e, principalmente, mantendo um olhar cuidadoso pela vida e a saúde das meninas e mulheres vitimadas pela violência. Não podemos transformar vítimas em criminosas”, defendeu.

Depois de muita pressão e mobilização popular, o projeto não será mais votado neste semestre. A partir de agosto será criada uma comissão formada por parlamentares de todos os partidos para debater a proposição.

Benedita explicou que a Secretaria da Mulher detém esses números e a pesquisa e os traz para que sejam debatidos. “Não é um posicionamento de uma ou outra deputada, porque não há um consenso na bancada, mas é uma contribuição de tudo que nós, na Secretaria, já temos para este debate”, explicou.

A deputada reconhece que o tema é delicado e, relembrou que desde a Constituinte — ela foi deputada constituinte —, vem sendo discutido no Congresso Nacional. “Considerando a função institucional e regimental da Secretaria da Mulher, mesmo reconhecendo as divergências entre nós, são necessárias algumas ponderações para enriquecer o debate. A primeira é que o Código Penal é de 1940 e que já prevê uma punição para a prática do aborto, excetuando os casos onde não houver outro meio de salvar a vida da gestante ou se a gravidez resultar de estupro — art. 128”.

A deputada destacou que, mais recentemente, o aborto também passou a ser admitido nos casos de fetos com anencefalia. Nos outros casos em que não há previsão legal, a pena prevista é de 1 a 3 anos de detenção para as mulheres que interrompem a gravidez, 4 anos para quem realiza o procedimento com o consentimento da gestante e 10 anos quando não há o consentimento.

O PL 1904 altera a legislação que está em vigor desde o século passado e aumenta para 6 a 20 anos de prisão a pena de interrupção da gravidez com mais de 22 semanas. Atualmente, o Código Penal não prevê uma data limite para que o procedimento seja realizado nos casos em que há excludente risco de morte materna, estupro e anencefalia.

“O projeto vem causando muito debate na sociedade, pois, além de retrocesso na legislação vigente, atinge principalmente meninas menores de 14 anos que engravidam, o que é considerado estupro de vulnerável. Dará para as meninas e mulheres uma pena de até 20 anos, o que é muito maior do que a dada aos estupradores, de 6 a 10 anos”, protestou.

Mapa da violência

Benedita da Silva apresentou dados do Mapa Nacional da Violência de Gênero do Senado Federal que indicam que, em 2022, 47.857 meninas e mulheres notificaram uma violência sexual no País. No ano anterior, foram 38.153 casos, o que indica um aumento de 25,43% no número de agressões sexuais registradas. Deste total, 27.655 eram mulheres negras, pretas ou pardas e 32.534 tinham até 17 anos.

De acordo com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), estima-se que ocorram 822 mil casos de estupro no País por ano. Deste total, apenas 8,5% chegam ao conhecimento da polícia e 4,2% são identificados pelo sistema de saúde, conforme estudo elucidando a prevalência de estupro no Brasil a partir de diferentes bases de dados, realizada pela Diretoria de Estudos e Políticas do Estado (DIEST/Ipea). Isso equivale a quase dois estupros por minuto.

Conforme os registros de estupros no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, de 2009 a 2019 ocorreram 63.309 estupros em crianças de 0 a 10 anos e 98.221 estupros na faixa etária dos 11 a 20 anos. Além disso, apenas 8,5% dos estupros estão sendo identificados pelo sistema policial e 4,2% pelo sistema de saúde. E, quando a maioria das crianças e adolescentes percebem que estão grávidas ou quando conseguem informar para a família, a gravidez já está em estágio avançado.

Direito à saúde, à vida das meninas

Para Benedita da Silva, o debate fundamental que se deve fazer para dar respostas aos problemas da violência sexual e estupros, em especial contra crianças, é o direito à saúde, à vida das meninas e mulheres vítimas deste crime. “Precisamos fazer um debate sob o prisma da saúde. Precisamos também considerar a promoção de medidas e políticas de prevenção de gravidez na adolescência, de políticas de planejamento familiar e de combate ao abuso sexual e estupro”, defendeu.

Em relação à prevenção de gravidez na adolescência, cuja maioria dos casos não é planejada nem desejada, a coordenadora da Secretaria da Mulher ressaltou que A Câmara aprovou a Lei 13.811/2019, que proíbe o casamento infantil, e a Lei 13.798/2019, que institui a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente, na semana em que inclui o dia 1º de fevereiro.

Violência sexual

“Não esqueçamos que a maioria das situações de gravidez em meninas com menos de 15 anos está ligada à violência, ao abuso sexual, aos casamentos informais ou uniões precoces forçadas, de acordo com o Fundo de População das Nações Unidas”, enfatizou Benedita. Ela ainda acrescentou que a gravidez na adolescência pode trazer consequências emocionais, sociais e econômicas para a saúde da mãe e da criança.

A urgência para a tramitação do PL 1904/24 foi aprovada na última quarta-feira (12/6) em votação simbólica, que durou apenas alguns segundos, no plenário da Câmara. Após a aprovação da urgência, o projeto recebeu várias críticas e ocorreram protestos em diversas cidades do País.

 

Vânia Rodrigues

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex

https://smoke.pl/wp-includes/depo10/

Depo 10 Bonus 10

Slot Bet 100

Depo 10 Bonus 10

Garansi Kekalahan 100