O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), criticou hoje (8) a falta de coragem do procurador-chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, para comparecer ao Congresso Nacional a fim de explicar os diálogos criminosos entre ele e o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. As conversas foram feitas pelo aplicativo Telegram, cujo conteúdo tem sido vazado pelo site The Intercept Brasil, do jornalista Glenn Greenwald, e outros órgãos da imprensa. “Tão corajoso no twitter e nas conversas do Telegram, Dallagnol é na verdade um fujão”, disse o líder.
Segundo Pimenta, a negativa de Dallagnol de comparecer ao Parlamento mostra “mais uma vez” que ele e Moro “são uma fraude” e fogem da verdade. “Enquanto Moro, o chefe, foge para os Estados Unidos, com pedido de afastamento que ninguém ainda sabe por quê, Dallagnol se esconde em resposta patética, porque não sabe o que dizer”, comentou Pimenta. Para o líder petista, Dallagnol “sabe o que mais vai aparecer, a verdade vai vir à tona” e ele “vai ser responsabilizado pelos crimes que cometeu.”
Conduta inadequada
O procurador seria ouvido nesta terça-feira (9), às 14 horas, pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHM), juntamente com o representante da coordenação-executiva da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), juiz Marcelo Semer. No ofício encaminhado à CDHM, o procurador cita a Constituição e diz que seu trabalho tem “natureza técnica perante o Judiciário”, mas Pimenta ironizou a resposta de Dallagnol.
O líder do PT observou que as revelações do Intercept mostram o contrário, uma conduta “totalmente inadequada” de Dallagnol e Moro, que agiram “em conluio, transformando investigação judicial em projeto de poder de maneira perversa para perseguir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ignorando a Constituição”.
Aha, uhu
O líder lembrou que Dallagnol, numa das conversas, disse “aha, uhu, o Fachin é nosso”, referindo-se ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. “Isso é conversa técnica?”, perguntou o parlamentar.
Segundo Pimenta, a atuação política e ideológica da dupla de Curitiba resultou na eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, pois seu principal oponente, o ex-presidente Lula, foi condenado sem provas, num processo fraudulento, e também na nomeação de Moro como ministro, como “recompensa pelos serviços prestados”.
Paulo Pimenta recordou também que o conteúdo das conversas de Dallagnol com seus colegas e com Moro, reveladas pelo Intercept, não têm nada de técnico. “Ou é técnico suar expressões como ‘o Russo’, quando se dirige ao juiz da 13ª Vara Federal? Ou quando fala sobre necessidade tornar públicos episódios que envolvem Venezuela, violando sigilo decretado pelo STF?”.
Conspiração contra a Venezuela
O líder do PT disse ser extremamente grave o fato de Dallagnol ter ignorado o alerta de colega procurador de que a divulgação de fatos sigilosos sobre a Venezuela, revelados pela delação da empreiteira Odebrecht, poderia agravar a crise no país vizinho, provocando mortes.
Nas conversas, publicadas no domingo pelo Intercept e pelo jornal Folha de S. Paulo, Dallagnol respondeu que caberia aos venezuelanos decidir e se insurgir. “É papel de procurador e de juiz de primeira instância se envolver em assuntos das relações internacionais do Brasil, fazendo a opção política de abastecer a oposição com fatos que pudessem levar à queda de um governo?”, questionou Pimenta.
Assista o vídeo em que Pimenta comenta o caso:
https://www.youtube.com/watch?v=hsQh4uLDnsQ
PT na Câmara