PF indicia Bolsonaro e petistas questionam quando o ex-presidente vai ser preso

Foto: Agência Brasil

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) reafirmou na tribuna da Câmara nesta terça-feira (19/3) que Bolsonaro vai ser preso. “Isso todo mundo sabe, a questão é quando ele vai ser preso?”, indaga o parlamentar. Ele informa que hoje o ex-presidente foi indiciado. “Hoje houve mais um indiciamento. Foi indiciado pela Polícia Federal no caso da fraude do cartão de vacina, que está ligado à tentativa de golpe. Percebam bem que aquela fraude aconteceu no final de dezembro, porque ele queria fugir. Foi para a Disney. Aquilo era um álibi”, denuncia.

Deputado Lindbergh Farias. Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Lindbergh afirma que Bolsonaro “queria, sabia e organizou” a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro. “Mas ele queria estar fora, porque o roteiro sabemos qual era. Eles queriam que o presidente Lula errasse, decretasse a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e aí entrariam os militares para tentar desestabilizar o governo eleito”, argumenta.

O parlamentar destaca que o indiciamento de Bolsonaro veio depois dos depoimentos dos comandantes do Exército, general Gomes Freire, e da Aeronáutica, Batista Júnior. “E não é uma delação do tenente-coronel Mauro Cid, mas da Alta Cúpula das Forças Armadas, que denunciou e confirmou a minuta do golpe, que falou na prisão do Alexandre Moraes (ministro do STF), na anulação das eleições…”.

Lindbergh disse que leu a peça do ministro Alexandre de Moraes. “Eles tinham uma primeira data organizada para prendê-lo. Era no dia 18 de dezembro, na casa dele em São Paulo. A diplomação ia ser no dia 19. E aí a diplomação foi antecipada, porque o Moraes deve ter tido alguma informação”, sugere.

Prisão preventiva

O deputado cita ainda uma fala do jurista Walter Maierovitch, “um homem muito equilibrado”, que afirma que é necessário, na visão dele, prisão preventiva de Jair Bolsonaro. “Eu quero ler um trecho da fala de Maierovitch, porque ele diz que uma pessoa é presa preventivamente quando perturba a ordem pública, quando tenta fugir, quando atrapalha as investigações. O que diz o Walter Maierovitch? Diz o seguinte: ‘Eu estou vendo só o aspecto jurídico. Acho que ele continua a tentar esse golpe. Ele não parou. Talvez o que o Moraes fez, ao mostrar tudo isso, foi que o Bolsonaro continua atentando, agitando, perturbando, tirando a tranquilidade, não só do Governo, mas também de todos nós. Veja o que ele fez na Paulista. Veja como continua nas redes sociais”.

Lindbergh avalia que o que Bolsonaro tenta fazer é para intimidar o Supremo Tribunal Federal, é para atrapalhar uma investigação em curso. “É muito grave! Agora, o roteiro é este: ele vai ser preso e isso vai ser fundamental, para que atentados contra a democracia não voltem a acontecer no País!”, defende.

Cerco está fechando

Também da tribuna, o deputado Padre João (PT-MG) afirma que o cerco está fechando para Bolsonaro. “A PF indiciou Bolsonaro por dois crimes: inserção de dados falsos em sistema de informações e associação criminosa. Isso é gravíssimo porque foi praticado por um chefe de Estado”. O deputado explicou que o indiciamento significa que a PF entendeu que há elementos para apontar responsáveis por um crime. “Por isso espero que o caso tenha prosseguimento, que não seja arquivado e que Bolsonaro possa ser punido”, observou.

Deputado Padre João. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Padre João disse que ao falsificar o seu comprovante de vacina, Bolsonaro colocou em risco não só os brasileiros. “Ele colocou em risco outros chefes de Estados de países que exigia a vacinação. O inquérito tem que avançar, Bolsonaro tem que ser responsabilizado pelos crimes. O seu ex-ajudante de ordem afirmou que foi Bolsonaro que exigiu a falsificação e que ele entregou, em mãos, o cartão a Bolsonaro. Ele tem que ser condenado e preso”, reitera.

Sem Anistia

E o deputado Tadeu Veneri (PT-PR) provoca: “Por que este silêncio dos deputados bolsonaristas? Será que é por que Bolsonaro está em vias de ir para a cadeia? Porque ele vai ser preso! Vocês que andaram esse tempo todo aí batendo palmas para as motociatas, batendo palmas para todo tipo de coisa numa operação marginal, preparem-se para visitar Bolsonaro na cadeia!”.

Deputado Tadeu Veneri. Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

O deputado disse ainda que durante 4 anos os bolsonaristas ficaram tramando o golpe.  “Perderam a eleição e tramaram o golpe! Em 8 de janeiro, tentaram o golpe! Aí vão para a Papuda, vão para a Colmeia e choramingam… O que vão fazer agora? Vão colocar os seus ‘generais de pijama’ novamente… Certamente não vão para Papuda, mas vão para onde? Porque, na cara de pau, vão tentar sugerir anistia. Anistia é coisa alguma! É cadeia para golpista!”

O deputado Bohn Gass (PT-RS), também da tribuna, reforçou que Bolsonaro vai ser preso. “Ele falsificou documento. Se a área da saúde faz a política pública a partir dos dados e das informações — a partir daí é que surge a política! —, ele falsificou dados. Isso é criminoso. Por isso mesmo, ele tem de ser indiciado e vai responder na cadeia, sim”.

Deputado Bohn Gass. Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

Os deputados Flávio Nogueira (PT-PI), Helder Salomão (PT-ES) e Reimont (PT-RJ) também usaram a tribuna para defender a democracia e afirmar que para golpistas não pode ter anistia.

Crimes que a PF atribui a Bolsonaro

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela suposta prática de dois crimes relacionados a um esquema de falsificação de cartões de vacinação. De acordo com a PF, um grupo de pessoas ligadas a Bolsonaro incluiu informações falsas em plataformas do SUS (Sistema Único de Saúde) e adulterações em cartões de vacinação para beneficiar o ex-presidente, parentes e auxiliares dele. Além de Bolsonaro, outras 16 pessoas foram indiciadas no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19.

Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro teria incorrido nos seguintes crimes: associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações.

O crime de associação criminosa prevê pena de 1 a 3 anos de prisão; o de inserção de dados falsos em sistema de informações, de 2 a 12 anos.

 

Vânia Rodrigues

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