Petistas repudiam agressões de Bolsonaro a repórter, após pergunta sobre casos de corrupção ligados a sua família

A pergunta que dominou as redes sociais na tarde deste domingo (23) foi sobre os depósitos que somam R$ 89 mil, feitos pelo policial militar aposentado e ex-assessor Fabrício Queiroz na conta bancária da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O questionamento é o mesmo que foi feita por um jornalista ao presidente Jair Bolsonaro, hoje, em frente à Catedral de Brasília, e que teve como resposta do presidente: “A minha vontade é encher tua boca com uma porrada, tá”.

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), afirmou que a atitude de Bolsonaro é mais um exemplo da aversão e do desrespeito do presidente pela democracia. “Perguntado sobre as dezenas de cheques depositados por Queiroz, na conta de sua esposa, Michelle, respondeu que gostaria de socar o jornalista”, criticou. O líder ainda desabafou: “Não era uma escolha muito difícil. Eu nunca vi o Fernando Haddad ameaçando bater em jornalista”, se referindo ao candidato que disputou o segundo turno das eleições com Bolsonaro em 2018.

Indignado, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), em live na sua rede social, sugeriu que todos os seus seguidores repetissem a pergunta do repórter que foi ameaçado por Bolsonaro. “O Brasil tem o direito de saber! Você tem obrigação de responder!”, afirmou o deputado, que também é jornalista. E a deputada Luizianne Lins (PT-CE), reforçou: “Jair Bolsonaro exerce um cargo público e, portanto, tem obrigação de responder os cidadãos sobre atividades que interfiram em sua atividade de presidente, a exemplo do mau uso do dinheiro público pelo filho”.

A deputada Natália Bonavides (PT-RN) destacou que “mais uma vez, a resposta de Bolsonaro a perguntas sobre os casos de corrupção ligados a ele e à sua família é o ataque à imprensa. Hoje ele falou que queria encher a boca de um jornalista de porrada. Não podemos esperar pelo que ele pode fazer amanhã!”, alertou.

Liberdade de imprensa

Ao se manifestar sobre a atitude de Bolsonaro na sua conta no Twitter, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), disse que o presidente perdeu as estribeiras e ameaçou jornalista quando foi indagado sobre depósitos de Queiroz pra primeira-dama Michelle. “Esse é o presidente do Brasil, não suporta a democracia e a liberdade de imprensa e é agressivo quando confrontado com a verdade”.

O deputado José Guimarães (PT-CE), líder da Minoria na Câmara, disse que a resposta de Bolsonaro ao jornalista fica marcada na história como “a tirania” de quem nos governa. “Bolsonaro não mudou. Continua autoritário e vai continuar se irritando quando o assunto é Queiroz. Ele sabe que sua família deve explicações”, enfatizou.

Opinião semelhante tem o líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Ele frisou que a resposta mostra “quem é o Bolsonaro de verdade”. E a deputada Erika Kokay (PT-DF) completou: “a resposta é o desejo de violência e reflete o mais absoluto desespero do presidente miliciano”.

Para o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP), essas não são palavras de um presidente da República. “É a ira de mafioso, chefe de milícia, exposto perante o País cujo processo eleitoral ele fraudou para chegar ao posto que ocupa, mas para o qual não tem a mínima dignidade”, afirmou.

A atitude não pode ser tolerada

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) considerou gravíssima a atitude de Bolsonaro. “Ele repete agressividade do general Newton Cruz durante a ditadura. Na democracia, tal atitude não pode ser tolerada. Chega deste tensionamento diário. Fora Bolsonaro!”, pediu.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) enfatizou que o “Caso Queiroz” sempre tira Bolsonaro do sério. Ele também pediu Fora, Bolsonaro, e enfatizou que intimidar o repórter com ameaça de agressão é mais um crime passível de impeachment.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) manifestou o seu repúdio à atitude do presidente e lembrou que a liberdade de imprensa é um princípio fundamental de uma democracia. “O presidente da República ameaçar um repórter não pode ser visto como normal. Repudio veementemente os ataques feitos à imprensa e aos jornalistas por Bolsonaro e seus apoiadores”, afirmou.

Não respeita nem a igreja

E o deputado Rubens Otoni (PT-GO) observou que Bolsonaro não respeita nem o ambiente da Catedral de Brasília. “Nem a igreja consegue fazer o presidente Bolsonaro ser sereno. Ele agrediu verbalmente um repórter de jornal e o que é mais grave: ameaçou agressão física. Isso é inadmissível em uma democracia e ainda mais vindo do presidente”, protestou.

Na avaliação do deputado Carlos Veras (PT-PE), Bolsonaro não respeita a imprensa e fere a nossa democracia. E para a deputada Rosa Neide (P-MT), o presidente ameaça com agressão e violência “porque não conseguiu desenvolver o intelecto de uma pessoa com modos”, e acrescentou: “Queremos repostas! Por qual motivo Queiroz repassou R$ 89 mil para Michele?”.

Os parlamentares petistas Afonso Florence (BA), Bohn Gass (RS), Henrique Fontana (RS), José Ricardo (AM), Helder Salomão (ES), Jorge Solla (BA), Margarida Salomão (MG), Nilto Tatto (SP), Reginaldo Lopes (MG) e Paulo Teixeira (SP) também criticaram o comportamento do presidente Bolsonaro e reproduziram a pergunta do jornalista em suas contas no Twitter.

Veja o momento da agressão:

Vânia Rodrigues

 

 

 

 

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