Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara, nesta quinta-feira (31), para rechaçar a notícia que Jair Bolsonaro deve participar hoje, da marcha em comemoração aos 58 anos do Golpe Militar de 64, comemorado pelos defensores da ditadura militar nesta data. Desde que assumiu a Presidência da República, Bolsonaro tem incitado a celebração da data que deixou marca atroz na história brasileira.
“Infelizmente temos um Presidente da República que fala que vai participar de atos comemorativos da data em que o regime militar se instituiu, através de um golpe no Brasil. Vai participar de marchas em favor da ditadura militar”, criticou o deputado Rogério Correia (PT-MG), que discursou em nome da Liderança do PT.
Um exemplo de fascínio de Bolsonaro pela censura foi lembrada por Rogério Correia. Segundo o deputado, no último fim de semana, Bolsonaro tentou calar os artistas, via o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que participaram do festival Lollapalooza. No evento, diversos artistas revelaram seus descontentamentos com o atual presidente, e ovacionaram o ex-presidente Lula, melhor presidente da história do País.
“É óbvio, rejeitaram um governo de tamanha monta ditatorial, tamanhas arbitrariedades, que, durante todo esse período, foram tentativas de golpe e de recrudescimento do sistema democrático brasileiro, com ataque às instituições como o Parlamento, o Supremo Tribunal Federal, a Justiça, etc”, criticou Rogério Correia.
Em seu discurso, a deputada Natália Bonavides (PT-RN) disse que essa data marca mais um ano de algo trágico para o nosso País: o aniversário do golpe de 64. Essa data, segunda ela, é importante para que nunca se deixe de lembrar dos crimes terríveis que foram cometidos em nome do Estado brasileiro.
“Sob o Governo Bolsonaro, essa data ganhou um significado diferente, não só porque Bolsonaro ordena que as Forças Armadas comemorem o golpe de 64, que emitam nota de louvor a um período que trouxe tanta desgraça para o nosso País, mas também pelas práticas autoritárias e criminosas do Governo Bolsonaro, tantas delas remontam exatamente a esse período da ditadura militar”, destacou Natália.
A deputada informou pela sua conta do Twitter que apresentou na Câmara, o projeto de lei (PL2301/19) para proibir homenagens a agentes públicos responsáveis por graves violações de direitos humanos e para vedar a utilização de bens públicos para a exaltação dos atos da repressão do Estado ou ao Golpe Militar de 1964.
Ela informou ainda, que em 2020 acionou a justiça brasileira para que “o governo Bolsonaro retirasse do ar nota exaltando a ditadura sanguinária, e em 2021 protocolamos na Comissão e na Corte Interamericana de Direitos Humanos petições contra o governo por usar órgãos públicos para celebrar a ditadura”.
Desfaçatez
O ex-presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minoria (CDH), deputado Helder Salomão (PT-ES) se mostrou abismado com a desfaçatez dos parlamentares bolsonaristas que utilizaram a tribuna da Casa para defender o golpe militar.
“É impressionante. Eu creio que eles imaginam que vão conseguir mudar uma narrativa que mundialmente é reconhecida como uma narrativa que tenta mudar o verdadeiro sentido da história no nosso País. O regime militar foi responsável por muitas atrocidades: por tortura, por desaparecimento de pessoas que lutavam pela justiça, pela liberdade, que tiveram a liberdade de expressão cassada”, afirmou.
Mais parlamentares petistas também se manifestaram pelas suas contas no Twitter:
Paulo Pimenta (RS): A nota canalha assinada por Braga Neto e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica celebrando o golpe de 1964 é um crime. Apologia à ditadura militar é crime!
Nilto Tatto (SP): Mais uma vez, o governo Bolsonaro exalta o golpe de 1964, que hoje completa 58 anos. É constrangedor que um regime de arbitrariedades, prisões, violência, torturas e mortes seja celebrado. É inacreditável que parcela das Forças Armadas embarque nessa celebração.
Henrique Fontana (RS): No dia em que o golpe militar completa 58 anos, o Ministério da Defesa lança nota delirante onde coloca 64 como um marco de paz e democracia. Convenientemente, esquecem de citar o fechamento do Congresso, a censura à imprensa, as torturas e os assassinatos.
José Guimarães (CE): É preciso lembrar deste triste episódio de golpe militar para que o Brasil evite e combata todas as tentativas antidemocráticas. A ditadura deixou uma marca perversa de assassinatos e repressão contra as liberdades.
Airton Faleiro (PA): Há 58 anos o Brasil sofreu um golpe militar que instaurou uma ditadura que silenciou seus opositores por mais de 20 anos. Milhares de vítimas da ditadura foram presas, torturadas, desaparecidas e exiladas por se oporem ao regime.
Zeca Dirceu (PR): É lastimável que, após 58 anos do golpe militar de 1964, ainda existam pessoas defendendo uma ditadura que mergulhou o Brasil na violência, na censura e nas trevas.
Luizianne Lins (CE): Se com o Golpe de 64, um dos instrumentos de intimidação e perseguição era a tortura, na atualidade, é a caneta que assume esse papel. Bolsonaro não esconde seu apreço e faz apologia descarada à ditadura militar.
Patrus Ananias (MG): Não vamos esquecer e muito menos tolerar ataque semelhante à nossa democracia e aos direitos fundamentais do nosso povo!
Waldenor Pereira (BA): Neste 31 de março lembramos os 58 anos do golpe militar no Brasil, um dos capítulos mais tristes da nossa história. Com Bolsonaro no poder são constantes os ataques à democracia e a gente precisa repetir o óbvio: Foi golpe! Foi ditadura! Houve tortura!
Rui Falcão (SP): Não há o que comemorar. Temos ódio e nojo à ditadura!
Odair Cunha (MG): É preciso manter vivo na memória um dos períodos mais sombrios da nossa história justamente para que ele não se repita, independente dos desejos de certo presidente. Censura, tortura e ataques à democracia não serão tolerados. Temos ódio e nojo à ditadura!
Alexandre Padilha (SP): Hoje é dia de lembrar as vítimas daqueles que impuseram o momento de silêncio e violência ao povo brasileiro. Dia de lembrarmos os mortos que lutaram pela democracia brasileira. Eu fui pessoalmente atingido pela ditadura. Meu pai foi duramente perseguido e teve de se exilar para fugir da morte. Minha mãe criou-me totalmente sozinha, devido à violência da ditadura. A ditadura tirou de mim, durante muito tempo, algo extremamente valoroso: minha família.
Zé Carlos (MA): Para que não se esqueça: A ditadura precisa ser lembrada como um movimento que marcou a nossa história política de maneira extremamente negativa, com uma única intenção, a de nunca mais voltar a acontecer. A democracia é o bem mais valioso que temos!
Marcon (RS): Ditadura nunca mais. 58 anos do golpe militar de 64, que perseguiu, censurou, torturou e matou brasileiros que resistiram ao autoritarismo imposto pela ditadura. 58 anos das linhas mais tristes, vergonhosas e sangrentas da história do nosso país.
Carlos Zarattini (SP): Não podemos esquecer de um momento tão cruel de nossa história. Milhares de pessoas foram torturadas e mortas por defenderem a democracia. Ainda hoje, precisamos estar atentos aos ataques à nossa liberdade. Não nos calaremos diante do autoritarismo.
João Daniel (SE): A verdade! O horror foi implantado no país, com perseguição à cultura, às manifestações democráticas, efetivação da tortura como regra e a morte de muitos companheiros e companheiras, grande parte de jovens que sonhavam com um país livre, democrático, inclusivo e igualitário.
Professora Rosa Neide (MT): Quem ama o Brasil sente ódio e nojo da ditadura empresarial militar que se apropriou do nosso país em 1964. A ditadura deixou um rastro de sangue e silêncio. E é com tristeza que relembramos esse cruel momento da nossa história para que ele nunca mais se repita.
Benildes Rodrigues