A Bancada do PT na Câmara reagiu indignada ao resultado da votação da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente ilegítimo Michel Temer, ocorrida na noite desta quarta-feira (18), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Com 39 votos favoráveis e 26 contrários, a base de apoio de Temer aprovou o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que pede o arquivamento da ação. Agora o parecer deve ser votado no plenário da Câmara na próxima semana. Para o líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), os deputados que aprovaram o relatório ignoraram as provas contidas na denúncia.
“Quero manifestar nosso assombro com a decisão da CCJ, que aprovou o relatório que não reconhece a denúncia contra Temer movida pela PGR. Pode-se até contestar parte da denúncia de Janot, que valoriza em demasia as delações e criminaliza indiscriminadamente os partidos políticos, mas não se pode ignorar que existem provas, como vídeos, áudios e até malas de dinheiro – e não apenas delações – que indicam que Temer cometeu os crimes de organização criminosa e de obstrução de justiça”, disse Zarattini.
Após o resultado, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirmou que pelas manobras adotadas pelo governo Temer o resultado já era esperado. “A exemplo do que ocorreu na votação da primeira denúncia, o governo usou a troca de deputados aqui para obter maioria. A batalha agora será na semana que vem (no plenário), quando tentaremos vencer os métodos do governo de negociar cargos e liberar emendas”, destacou.
O deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) também ressaltou que já era esperada a vitória de Temer no colegiado. Porém, ele disse manter a esperança de que os deputados no plenário votem com mais consciência. “Minha expectativa é de que no plenário, onde os deputados não podem ser substituídos, possam analisar de forma séria as denúncias, e o que significa a tragédia que é manter Temer na presidência destruindo o país e retirando direitos do povo brasileiro”, analisou.
Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), o resultado da votação na CCJ não reflete a justiça que deveria ser feita aos acusados da prática de crimes citados na denúncia.
“Os deputados que votaram aqui (na CCJ) a favor de Temer defenderam a bandidagem institucionalizada do governo Temer. Hoje no (Palácio) Jaburu haverá festa, mas amigos de Temer como Eduardo Cunha, Geddel, Henrique Alves e Rocha Loures não poderão comparecer porque estão presos. Aliás, como deveriam estar muitos outros integrantes desse governo, inclusive vários que trabalham no Palácio do Planalto”, observou.
Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) também respondem à denúncia por organização criminosa junto com Michel Temer.
Também participaram do debate da denúncia na CCJ nesta quarta-feira os deputados petistas Erika kokay (DF), Henrique Fontana (RS), Jorge Solla (BA), José Mentor (SP), Luiz Couto (PB), Margarida Salomão (MG), Nelson Pellegrino (BA), Paulo Pimenta (RS), Paulo Teixeira (SP), Padre João (MG), Pedro Uczai (SC), Pepe Vargas (RS) e Ságuas Moraes (MT).
Héber Carvalho