Petistas destacam desafios do ano legislativo e criticam prioridades do governo Bolsonaro, que não inclui o povo

Plenário da Câmara dos Deputados. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados-Arquivo

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna na Câmara nesta quarta-feira (2) durante a primeira sessão deliberativa do quarto ano da 56ª Legislatura para falar dos desafios do ano de 2022. “Será um ano decisivo na história do nosso País”, afirmou o deputado Henrique Fontana (PT-RS), ao frisar que será um ano de reconstrução. Fontana relembrou o discurso do presidente Bolsonaro, nos Estados Unidos, logo após vencer as eleições em 2018. “Ele afirmou que vinha para destruir o que está sendo construído no Brasil. Ele deixou claro que não tinha planos para construir nada. O seu plano era demonizar a esquerda, demonizar a luta popular, destruir políticas públicas que foram construídas por muitas gerações, inclusive por dois grandes Governos deste País liderados por Lula e Dilma”, criticou.

Esse período de destruição, na avaliação do deputado do PT gaúcho, está custando muito ao povo brasileiro. “Ele custou milhões de empregos. Ele custou a volta da fome. Ele custou uma alta escalada de intolerância e de ódio. Ele custou um ataque às políticas ambientais e um ataque aos biomas brasileiros. Ele custou a perda da esperança para milhões de brasileiros. Mas agora é hora de reconstrução”, reforçou.

Fontana anunciou ainda que “nós estamos iniciando um ano para, junto com o povo brasileiro, organizarmos um enorme movimento de extrema pluralidade em defesa do projeto nacional de Brasil, em defesa da recuperação de empregos, em defesa da recuperação do respeito às diferenças, que devem ser tratadas democraticamente. Este é o ano da recuperação do povo brasileiro, é o ano de recuperarmos a esperança, é o ano de construirmos uma grande corrente com muitas vontades para deixar para trás a triste fase do bolsonarismo, a triste fase da extrema direita, que é representada também por Sergio Moro nessa campanha”, enfatizou.

O povo não está no discurso de Bolsonaro

Deputadas e deputados criticaram também as prioridades do governo Bolsonaro, apresentada hoje no Congresso. “Um discurso que não inclui o povo”, protestou a deputada Professora Rosa Neide (PT-MT). “Nós estamos muito penalizados, como população. Uma população que, no primeiro dia das atividades parlamentares, na mensagem do Executivo, não foi citada, o povo não foi citado, o povo que passa fome, que precisa de uma frente de trabalho para ter emprego e renda. O povo não tem crédito para plantar no campo. O povo não tem crédito. O micro e pequeno não têm o crédito para revitalizar aquilo que a pandemia os fez parar. Temos um salário mínimo estagnado, a população não tem mais renda para fazer a economia girar”, afirmou.

Na avaliação da deputada Rosa Neide, “poderíamos ter ouvido neste momento que o Brasil vai investir, vai ter ações para o combate a tudo que as mulheres vêm sofrendo neste País, especialmente no momento da pandemia onde aumentou muito a violência contra as mulheres”. Ela acrescentou ainda que, como professora, esperava da mensagem presidencial uma fala sobre educação, sobre a volta às aulas, as garantias, a vacina de nossas crianças nesse período de pandemia e nova pandemia, “e o governo não diz nada”, criticou.

O ano de 2022, segundo a deputada do PT do MT, será de grandes desafios. “Já vivemos nessa nossa legislatura, que agora chega ao último ano, muitos desafios; e o principal deles, acredito que é a luta cotidiana para mantermos os valores democráticos do nosso País. E precisamos revitalizá-los a cada dia, também garantir políticas públicas que garantam vida digna à nossa população. Vamos fazer um movimento forte neste País. Vamos reconstruí-lo. Vamos ter projeto de Nação soberana para o Brasil ser realmente a grande Nação”, afirmou.

Grandeza do Parlamento

O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) disse esperar grandeza do Parlamento nesse último ano desta Legislatura. “Esperamos que este Parlamento demonstre a sua grandeza, a sua força, paute-se sempre em defesa da democracia, olhe para as necessidades e os interesses do nosso povo e tenha coragem de fazer os debates necessários das diferentes pautas que nós aqui temos, respeitando a diversidade do debate e dizendo ‘não’ às atrocidades do presidente Bolsonaro, que são recorrentes”.

Alencar Santana acrescentou ainda que o Congresso não pode ficar submisso à vontade do presidente, “que hoje aqui esteve trazendo praticamente nenhuma mensagem para a Nação. Fala em liberdade, mas é quem ataca cotidianamente, desde o primeiro dia do seu mandato, setores da imprensa, persegue jornalistas, persegue movimentos, persegue setores da oposição e usa o Estado como um aparato próprio para defender sua família e seus aliados”, criticou.

De acordo com o deputado do PT paulista, o Parlamento tem que olhar para as políticas públicas para garantir direitos e não para retirá-los, garantir ações políticas que possam mudar a realidade do povo lá na ponta, “porque o povo, e todo mundo aqui sabe — não adianta fingir que não sabe —, está passando fome, o povo está passando necessidade, o povo está desempregado, o povo está pedindo na feira, na rua, na esquina, na praça, dentro do supermercado — pelo menos àqueles que vão ao supermercado ou à feira, porque há alguns que nem chegam perto. Então que nós possamos fazer isso, porque este governo que aí está vira as costas para o povo”.

Amparo para a população

Para o deputado Frei Anastácio (PT-PB), o Congresso Nacional precisa redobrar as atenções para as matérias que trazem amparo para a população. “O Congresso também tem a obrigação de derrubar os vetos ao Orçamento deste ano, que trazem prejuízo para a Nação brasileira. Estamos diante de um cenário onde a fome, a miséria e o desemprego atingem milhões de pessoas no Brasil. Todos sabem que grande parte desse quadro triste foi agravado pela negligência intencional do governo Bolsonaro, um governo que demorou a comprar vacina e que ainda hoje atrapalha a imunização por não acreditar na ciência”, denunciou.

Frei Anastácio frisou ainda que o Parlamento tem a obrigação de “não apenas chorar os choros, mas de ajudar o povo, que elegeu cada Parlamentar desta Casa. Não há sentido nenhum ocupar uma cadeira no Congresso Nacional se não for para defender e atender às necessidades do povo brasileiro”, completou.

Na mesma linha, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou a responsabilidade que a Câmara tem nesse momento. “A responsabilidade de tratar de assuntos que são importantes para o Brasil e para os quais o governo Bolsonaro não tem qualquer atenção. Aliás, o desemprego que vive o Brasil, a inflação que voltou, a fome, a dificuldade que a agricultura familiar vive para plantar e colher em tempos de seca e de enchente os alimentos que chegam à mesa dos trabalhadores e a dificuldade que mães e pais de família têm de colocar esse alimento para os seus filhos não estão na pauta de um governo em que tudo demonstra o seu desprezo pela vida”, denunciou.

Maria do Rosário frisou ainda que trilhar esse caminho é uma responsabilidade de todos aqueles e aquelas que sabem que a prioridade deste Parlamento hoje é lutar contra o ódio e garantir que políticas públicas sejam colocadas à luz da Constituição. “Nós precisamos estar entre aqueles que defendemos a Constituição Federal e que nos colocamos contra toda a violência e contra todo o ódio. Que seja, portanto, a última vez que um presidente apontado como genocida vem representar a Presidência da República do Brasil no início de uma sessão legislativa. Que 2022 seja o ano da virada, seja o ano da educação, o ano do emprego, o ano de uma nova esperança para o Brasil, e essa esperança tem o viés e a defesa da democracia”, afirmou.

Resistência

O deputado Carlos Veras (PT-PE) afirmou que iniciava o ano legislativo de 2022 já em luta e resistência. “O ano de 2022 será um ano de muitos desafios. E é importante que esta Casa possa aprovar proposituras de lei, projetos que beneficiem a sociedade brasileira, o povo brasileiro. E tenho uma meta que nós precisamos aqui alcançar, tenho uma prioridade que é preciso que este plenário paute, que é o Piso Nacional da Enfermagem. Não dá para continuar enrolando os trabalhadores e trabalhadoras da enfermagem. Este projeto tem que ser colocado aqui neste plenário, para que, de forma democrática, cada parlamentar possa se posicionar favorável ou contra. Eu vou lutar incansavelmente para que o Piso Nacional da Enfermagem seja aprovado nesta Casa”, anunciou.

Ele acrescentou ainda que há muitas lutas em defesa do Estado Democrático de Direito, da democracia, em defesa da agricultura familiar, contra os ataques que a população do campo vem sofrendo, em defesa de um semiárido vivo, de um semiárido com povo, com gente trabalhando com dignidade. “Não tenho dúvida de que este plenário, de que esta Casa está pronta para votar e para dar passos importantes”, completou.

Cobranças

O deputado Paulo Guedes (PT-MG) enfatizou que vem à tribuna, no início do ano legislativo para fazer cobranças importantes. Ele citou que dezenas de cidades mineiras estão ilhadas. As estradas federais e as estradas estaduais estão todas em situação caótica, muitas cidades ilhadas e a população está passando por uma situação extremamente difícil. “Há duas semanas uma equipe do DER, do DNIT e de várias autoridades esteve no local prometendo providências em 20 dias. Duas semanas já se passaram, e nada ainda foi feito. São muitas promessas e nenhuma realização, inclusive com licitações frustradas”, protestou.

“Eu quero fazer um apelo e pedir ao governador Romeu Zema e ao presidente Bolsonaro: não dá mais para ficar só no discurso. Vocês já estão no quarto ano de seus mandatos. O DER e o DNIT são órgãos que foram praticamente sucateados, com poucos recursos nessas duas administrações, tanto em nível federal quanto em nível estadual. Chega de blá-blá-blá, é hora de trabalhar”, finalizou.

Vânia Rodrigues

 

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