Parlamentares da Bancada do PT usaram a tribuna da Câmara nesta quinta-feira (9) para manifestar preocupação com o bloqueio das estradas brasileiras, promovido por caminhoneiros bolsonaristas que atacam a democracia e defendem o fechamento do Supremo Tribunal Federal. O deputado Rogério Correia (PT-MG) avaliou que esta paralisação estava programada para dar sequência ao golpe que Bolsonaro preparou para o 7 de setembro. “Mas quero dizer ao povo brasileiro que a quartelada bolsonarista ou o golpe militar com Bolsonaro no poder ‘flopou’, fracassou. Era isso que desejava e articulou o presidente Bolsonaro”, afirmou.
Rogério Correia explicou que estava programado para depois desse caos que pretendia Bolsonaro, no dia 8, a convocação do Conselho da República, como Bolsonaro chegou a anunciar. “Para quê? Para anunciar o estado de sítio, o fechamento do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e assim por diante. Era a ditadura bolsonarista que deveria prosseguir através de lockout. Bolsonaristas de ultradireita, de setores do agronegócio golpistas, de empresas transportadoras fariam o lockout pelo País afora”, revelou.
Na avaliação do deputado, os resquícios do lockout ainda estarão nas estradas até que seja preso o “fugitivo Zé Trovão, que já está com medo”. Ele se refere ao caminhoneiro bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, que segue foragido, cinco dias após a expedição do mandado de prisão solicitada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Hoje ele (Zé Trovão) apareceu em vídeo publicado nas redes sociais incitando outros caminhoneiros a bloquearem rodovias.
Para Rogério Correia, Zé Trovão, que é acusado de promover a incitação de atos de caráter golpista, “serviu de bucha de canhão e será, assim que for preso, abandonado por Bolsonaro, como foram o deputado Daniel Silveira, a Sara Winter, o Roberto Jefferson, ‘heróis’ bolsonaristas que estão presos por pregar golpe”.
Pauta preocupante
Os deputados Célio Moura (PT-TO) e João Daniel (PT-SE) também falaram dos bloqueios nas estradas brasileiras. “O que nos preocupa é a pauta desses caminhoneiros, que deveria ser a da categoria, que deseja a redução do preço dos combustíveis e dos pedágios, melhores fretes e melhores condições de trabalho. Mas, infelizmente, esses que estão trancando as nossas estradas estão defendendo é a pauta golpista de Bolsonaro de fechamento do Supremo Tribunal Federal, do voto impresso”, lamentou Célio Moura, ao acrescentar que “Bolsonaro enlouqueceu e quer enlouquecer também o País”.
João Daniel, ao manifestar sua preocupação com a pauta dos caminhoneiros, afirmou que eles estão a serviço das grandes empresas que ainda apoiam Bolsonaro. “Por isso, eles colocam as suas carretas, seus caminhões bloqueando as estradas para provocar o caos, gerar a crise que Bolsonaro quer para dar o golpe na democracia”, alertou.
Bolsonaro ilude os caminhoneiros
O deputado Zé Neto (PT-BA), além de destacar às atitudes absurdas e incoerentes do presidente Bolsonaro, também falou da ação dos caminhoneiros. “Hoje pela manhã, todos nós pelo Brasil inteiro vimos a situação das estradas e dos caminhoneiros parados. Vem à cabeça: por que os caminhoneiros estão parados a apoiar o presidente Bolsonaro? O presidente que deixou o preço do óleo, o preço dos combustíveis chegasse à situação a que chegou?”, indagou.
Na avaliação do deputado do PT baiano, Bolsonaro consegue iludir uma categoria tão importante para o País, dizendo que o preço do óleo chegou ao preço atual por culpa dos governadores. “Isso é um absurdo! O ICMS aqui na Bahia, por exemplo, em 20 anos, teve um reajuste de 1%. Não é o ICMS o culpado, nunca foi e não será pelo preço exorbitante dos combustíveis. Não são os governadores nem os estados. É essa política de entrega de, infelizmente, colocar o preço dos combustíveis com a dolarização, com a ociosidade improdutiva”, denunciou.
Zé Neto afirmou que mentira repetida, como no nazismo, acaba se tornando verdade. “Essa é a verdade que eles acreditam, uma verdade construída na base dos factoides, dos dados equivocados”.
O deputado baiano informou que hoje pela manhã, já se pode ver em muitas cidades grandes no Brasil, o problema de abastecimento. “Inclusive a cadeia do frango, neste momento, em todo o País, sofre problemas graves por conta desse processo de não entrega de matéria prima para que possamos ter nossa produção seguindo de forma normal. Portanto, esta é mais uma dessas situações que precisam ser revistas e enfrentadas: a mentira repetida, como no nazismo, tornando-se verdade e enganando as pessoas de bem. Chega! Fora, Bolsonaro!”, defendeu.
Situação inusitada
O deputado Padre João (PT-MG) afirmou que o Brasil está vivendo uma situação inusitada. “Não dá para entender ou para acreditar que os caminhoneiros que estão paralisando várias BRs, rodovias estejam fazendo isso por vontade própria, porque, como trabalhadores, eles estão sabendo do custo de vida. É uma operação que cabe aprofundar e investigar”, observou.
Tudo indica, na avaliação do parlamentar, que é o dinheiro dos grandes empresários que está por trás disso, donos de grandes frotas, como também os grandes ruralistas. “Então, é lamentável que, com o combustível do preço que está, eles parem rodovias não para pedir a redução do combustível, mas para defender o genocida corrupto que está a serviço da família dele, que está a serviço de uma panelinha, a serviço de milicianos”, protestou.
Para o deputado Padre João é um escândalo usar os trabalhadores. “Eu tenho colegas caminhoneiros que, com certeza, estão contra a vontade. Uns estão por medo, outros porque, de fato, grandes empresários estão pressionando. É um absurdo! Estão mergulhando o Brasil num caos. É um jogo covarde do presidente Bolsonaro. Há 600 mil mortos, a fome, a miséria, o desemprego”, desabafou.
Hipocrisia
O deputado Padre João observou ainda que existe muita hipocrisia na Câmara. “Há parlamentares que vêm à tribuna dizer que estão em nome de Deus, em nome da família, com milhões de desempregados e famintos. Aqui também, além dos fariseus hipócritas, dos hipócritas doutores da lei, há o pilatos, o presidente [Arthur] Lira está lavando as mãos, está se acovardando. Covarde, paute o impeachment! O Brasil não suporta, não aguenta mais um presidente corrupto, genocida e irresponsável, inconsequente, que deveria cuidar povo, e só pensa em golpe. É uma vergonha o que se passa neste País”, protestou.
Vânia Rodrigues