Petistas defendem investigação sobre corrupção no MEC e cobram instalação de CPI das propinas a pastores

Arte: PT na Câmara

Parlamentares da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (29), para falar sobre a queda do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que deixou a pasta ontem, após ser acusado de favorecer religiosos suspeitos de cobrar propina em troca de verbas públicas. O deputado Rogério Correia (PT-MG), que é autor de pedido de Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) para apurar o caso, afirmou que a demissão do ministro não encerra o caso. “Os falsos profetas estão lá agora, imbuídos do espírito da corrupção dentro do MEC, a qual não acabou com a saída desse ministro”, afirmou.

Ele fez um apelo para que os parlamentares apoiem a criação da CPI, que precisa de 171 assinaturas de parlamentares para ser instalada. “Assinem, pastores, assinem, bancada evangélica, a CPI para apurar, para colocar a limpo o que aconteceu no Ministério da Educação. Se, de fato, querem ver o que aconteceu dentro do ministério e punir esses falsos pastores e profetas do enriquecimento próprio, assinem a CPI e mostrem que isso é coisa de poucos, e não de todos, como nós acreditamos. Mas essa Comissão Parlamentar de Inquérito tem que sair, porque no MEC do Bolsonaro não tem inclusão, não tem estudantes que possam se beneficiar da escola pública. Ali estão aqueles que tentaram acabar com o Fundeb”, denunciou.

Rogério Correia, que também é professor, fez uma retrospectiva do que foi o Ministério da Educação no governo Bolsonaro, que já teve quatros ministros em três anos. “O primeiro deles foi o colombiano Vélez Rodriguez, que disse que era para implantar nas escolas livros para resgatar a ditadura. Depois, veio Weintraub, aquele enfraqueceu o Enem, cometeu crimes e saiu foragido do Brasil. Depois, veio o Decotelli, o rápido, aquele que tinha currículo falso, o que foi sem nunca ter sido; agora, o ministro Milton Ribeiro, ex-ministro, o falso profeta, que disse que queria universidade para poucos, e encheu o seu ministério de pastores bolsonaristas, propineiros neofascistas, que utilizam da Bíblia e da boa-fé do povo”, criticou.

Balbúrdia da propina

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) destacou que a semana começava com Bolsonaro tendo que demitir o seu ministro da Educação, “em que tanto confiava o presidente e a primeira-dama Michelle Bolsonaro, talvez com medo de que sofresse uma queimadura de grau gravíssimo, porque disse que colocava a sua cara no fogo pelo seu ministro da Educação”.

Padilha lembrou que Ribeiro montou dentro no Ministério da Educação uma verdadeira “balbúrdia da propina”, construída certamente por falsos pastores, como eram falsos os currículos dos ex-ministros da Educação de Bolsonaro. “Pastor que troca recursos do chamado orçamento secreto por quilos de ouro nunca leu e nunca recitou o sétimo mandamento: ‘Não roubarás’. Aliás, a Bíblia desses falsos pastores não deve ter o sétimo mandamento”, ironizou.

Na avaliação do deputado do PT paulista, o Brasil recuou em 20 anos o grau de evasão escolar do ensino médio e não tem recursos para fortalecer políticas de recuperação da aprendizagem para o ensino médio. “O ministro da Educação e seus pastores, que não leem o sétimo mandamento, estão indo embora. Mas eu acredito sobretudo na juventude, que vai tirar o seu título de eleitor até o dia 4 de maio, para, em outubro, mandar Bolsonaro embora. Não roubarás, Bolsonaro! E não mais governarás o País!”, pregou.

Desastre do governo Bolsonaro

O deputado Bohn Gass (PT-RS) destacou que a semana se iniciou com dois fatos emblemáticos que mostram o desastre do Governo Bolsonaro: a queda de mais um ministro da Educação, Milton Ribeiro, e a queda do presidente da Petrobras, o general Silva e Luna. “A educação já vinha no abandono, em uma desconstituição total, problemas no Fundeb, no repasse de recursos, problema de recursos para a permanência dos nossos jovens na educação, o Ciência sem Fronteiras, o Fies virou uma ‘bancarização’, o setor financeiro ganhando em cima de um programa na área da educação, ou seja, pedagogicamente a educação já vinha sofrendo um grande desastre”, criticou.

Agora, continuou Bohn Gass, a denúncia dos prefeitos sobre a liberação de verba no Ministério da Educação. “Pasmem, pastores estavam fazendo papel de agentes políticos do Bolsonaro no ministério e para a liberação dos recursos somente com o esquema de propina, de corrupção, a liberação de ouro”.

Bohn Gass relembrou ainda que para liberar vacinas, foi assim também. “Era a liberação via dólar, com cada vacina, 1 dólar, daí passou a comprar vacina. Então, o governo está envolto em corrupção”, denunciou.

Defesa do indefensável

A deputada Erika Kokay (PT-DF) manifestou perplexidade com alguns deputados bolsonaristas que também usaram a tribuna para defender o que ela considerou indefensável. “Dizer que o ministro da Educação que saiu por denúncias de corrupção é um exemplo de moralidade. Que conceito de moralidade ele tem? Aí, eu entendo por que apoiam Jair Bolsonaro. Porque Jair Bolsonaro realmente construiu governos paralelos para estabelecer toda a sorte de negociata. Nós temos um ministro que dizia que o presidente da República o orientou para que ele atendesse as demandas de pastores que foram denunciados por inúmeros prefeitos. Esses pastores exigiam ouro, propina para poder mandar no MEC”, criticou.

Aliás, continuou Erika Kokay, este mesmo ministro colocou a sua foto na Bíblia e a distribuiu. “Mas é um outro mandamento, não apenas o ‘Não roubarás’, é também o mandamento ‘Não utilize o nome de Deus em vão’, porque foi rompido”.

Traficantes de influência

O deputado Pedro Uczai (PT-SC) destacou que a Oposição, a Bancada do PT, nos últimos 3 anos, denunciou o retrocesso histórico de não investimento na ciência brasileira, na tecnologia brasileira, na educação pública. Ele também citou que vários ministros passaram pelo Ministério da Educação, “um mais lamentável que o outro”. “Não bastasse toda essa política de retrocesso e de desmonte de uma estratégia de construir este País como Nação, assistimos agora à mistura entre religião e educação, Bíblia e propina, quilo de ouro e religião”, lamentou.

Uczai afirmou que fez 4 anos de Teologia. “Eu achava que eles não chegariam a tanto, publicar a Bíblia com a foto dos dois pastores corruptos e traficantes dentro do Ministério da Educação. Traficantes de influência. Traficantes de negócios. Este é o Ministério da Educação do governo Bolsonaro. Retrocesso. Reacionarismo”, criticou e pediu: “Deixem a religião para cada um dos fiéis defender e não transformar o ministério num antro de corrupção e de propina, utilizando-se da Bíblia, que é tão importante para o mundo cristão. Cadê os cristãos desta Casa que se silenciam? Hipócritas! Sepulcros caiados que usam da Bíblia para promover corrupção, propina e desmonte das políticas públicas da educação brasileira! É isso que vocês são capazes de fazer neste País”, acusou.

Gabinete do ouro 

O deputado Leo de Brito (PT-AC) afirmou que o governo Bolsonaro destruiu as políticas educacionais. “Está aí o exemplo do Ministério da Educação. O quarto ministro caiu. O maior retrato desse ministério é a incompetência. E agora a corrupção”, criticou. O parlamentar disse ainda que o governo Bolsonaro é o governo dos gabinetes paralelos. “Gabinete do ódio, depois gabinete do 1 dólar por vacina e agora tem o gabinete do ouro, o gabinete do tráfico de influência, o gabinete que, ao contrário dos governos anteriores em que a liberação de recursos se dava de maneira republicana, agora tem que passar pelas mãos de dois pastores, que inclusive não honram a condição de pastores”, acusou.

Marcas nefastas do governo Bolsonaro

O deputado Merlong Solano (PT-PI) fez uma analogia entre um ditado popular mexicano “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”, para falar do que ocorreu no Ministério da Educação. “Poderíamos dizer Pobre Brasil, o MEC está tão longe da educação e tão perto do multimilionário Sr. Silas Malafaia. Aliás, não só isso, temos que dizer que as marcas do governo Bolsonaro na área da educação são nefastas. Começam pela indicação de ministros incompetentes, que chegaram a falsificar currículos, continuam a reduzir o orçamento da área da educação, desde o ensino básico até a pós-graduação”.

E agora, continuou Merlong, “o caso absurdo de corrupção com pessoas que pedem barras de ouro para protocolar e acompanhar projetos no âmbito do Ministério da Educação”. O deputado disse que não é dessas marcas que o Brasil precisa. “Na área da educação e nas demais, o Brasil precisa das marcas que o governo do PT deixou, na época do Lula e da Dilma Rousseff. Marca como, por exemplo, o aumento permanente e sistemático do orçamento da educação, que permitiu uma verdadeira revolução na área educacional do nosso País, com o Piso Nacional dos Professores, com a escola de tempo integral, com a ampliação do ensino técnico e das universidades, que foram interiorizadas”, citou.

Voz dos inocentes

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que a tribuna da Câmara é um lugar onde devemos “encarnar a voz dos inocentes, dos que sofrem, dos brasileiros e das brasileiras que vivem os resultados de políticas nefastas levadas adiante pelo governo Bolsonaro”.

Ela acrescentou que, no momento atual, “uma tríade está organizada” para ferir, destruir os brasileiros e as brasileiras: o desemprego altíssimo; a inflação, sobretudo a de alimentos — o preço da comida tornou-se impagável para as famílias brasileiras; e a destruição de políticas públicas: as unidades de saúde, a assistência social, a educação pública, a segurança pública, tudo que é público vem sendo destruído pelo teto de gastos que, desde o golpe contra a presidenta Dilma, no governo Temer, só veio sendo aprofundado por este “vendilhão da Pátria”, este governo “corrupto” que é o governo Bolsonaro.

“Mas eu não vejo a tribuna ser ocupada em nome dos que têm fome pelas hordas bolsonaristas. Eu não vejo os bolsonaristas ocuparem a tribuna da Casa para explicar o preço da gasolina, do gás de cozinha, do óleo diesel, a corrupção no MEC, os bezerros de ouro, a corrupção de quem busca propina vendendo — olha o sacrilégio — bíblias em nome de um ministro e de um presidente corruptos. Isso eu não vi, eu não vejo aqui”, protestou.

Vânia Rodrigues

 

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